domingo, 11 de setembro de 2011

2001

Há dez anos, Pedro e Madalena, vocês eram ainda apenas projectos. Projectos de futuro, mas de um futuro incerto, que eu não sabia quando aconteceria. Nesse tempo eu viajava, várias vezes por ano, sempre que o trabalho o exigia, saía de casa dois dias ou duas semanas e para trás ficavam apenas os gatos. E aquela era só mais uma viagem ao Brasil, uma semana no Rio de Janeiro a acompanhar os novos investimentos de uma empresa qualquer da qual já me esqueci o nome. Saí de Lisboa no último avião que levantou voo antes de fecharem o espaço aéreo, ainda sem saber que nos Estados Unidos o céu estava a cair em cima da cabeça de toda a gente. Ainda nas salas de espera do aeroporto, vira um pequeno avião a embater contra uma torre e achei que era um daqueles que transportam executivos sem tempo ou sem pachorra para estar nas filas de trânsito. Já no autocarro, em direcção à pista, um amigo telefonou-me a contar que qualquer coisa se passava, mas nessa altura ninguém sabia ainda o que era. Depois, entrei num voo de sete ou oito horas onde só as caras de choro das hospedeiras deixavam antever que alguma coisa de grave se tinha passado. À chegada ao Rio, a aterrar no cockpit, o piloto apontou para um Boeing estacionado na pista e falou-me dos aviões caídos, mas já  só no hotel, de nariz colado à CNN, percebi a dimensão da coisa. E disparei para o telefone, a ligar à minha mãe, que do lado de cá do Atlântico me atendeu num enorme choro de alívio.
Dez anos depois, não se pode dizer que muita coisa tenha mudado no mundo, mas o meu mundo, esse é novo.  Já não viajo como dantes, nem pouco mais ou menos, e vocês são agora os meus principais projectos. Sem vocês nada faria sentido e percebo agora plenamente o choro da minha mãe quando naquele dia 11 de Setembro lhe liguei do Rio de Janeiro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Há dez anos ainda não tínhamos ido ao Vietname, era o que tu querias dizer. Ai que saudadinhas... :)

mena disse...

era isso, mais ou menos :)
ai o que eu gostava de lá voltar...

carlamariamateus40 disse...

E depois de sermos mães tudo muda para sempre:):)