segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Lágrimas na escola

Hoje de manhã deixei a minha filha na escola e vi-me a mim própria, no recreio da Escola de Cima, a chorar compulsivamente, quero a minha mamã, quero a minha mamã. Acho que ainda me consigo lembrar das lágrimas na cara, do peito a subir e a descer com os soluços, da sensação de abandono, porque a minha mãe me tinha lá deixado. Eu tinha seis anos, estava na escola pela primeira vez. Nunca fui ao infantário, que em Castro Verde, no início dos anos 70, ainda não havia essas modernices, e a entrada na primária foi um choque. A escola era a mesma que é hoje, mas o jardim que lá está agora era, então, um descampado cheio de ervas no Inverno e pastos no Verão. O recreio, minúsculo, parecia-me enorme, enorme, e só há uns anos, quando lá voltei, lhe tirei as medidas reais. A escola foi um sofrimento que depois se tornou numa alegria, mas a lembrança daquele choro nunca mais me largou. E hoje voltou, de repente, quando a Lena me tirou do colo uma Madalena a soluçar quero a minha mamã, quero a minha mamã. Saí de lá com o coração nas mãos como há-de ter acontecido há trinta anos com a minha mãe. Mais tarde disseram-me da escola que ela estava óptima, mas hoje não descanso enquanto não a abraçar novamente.

2 comentários:

Fátima Lança disse...

É assim que os filhos dão valor ao que os pais sofreram,tu para mim ainda és a minha pequenina.Beijinhos.

carlamariamateus40 disse...

È uma dor terrivel,não é??Mesmo sabendo que depois ficam bem...aconteceu com a Ana e agora acontece com o Ricardo,são dias:):)
Beijinhos ás duas!

Carla