quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pedrinho fez três anos

O meu bebé está um crescido, mas continua o meu bebé. O meu filho lindo e maravilhoso. Que abre os braços e corre para mim pelo corredor quando entro em casa ou o vou buscar à escola. Que se senta comigo no sofá, mantinha nos joelhos, a ver bonecos na televisão de mão dada. O meu bebé que me diz "O Pedo tosta da mamã", ao mesmo tempo que me faz festinhas na cara. Que nunca me deixa vir embora da escola sem me chamar para mais um abracinho. O meu filho que já sabe contar até dez e que sabe muito mais coisas do que nós imaginamos porque fala lá à sua maneira e por isso às vezes não o percebemos. O meu Pedrinho fez três anos e é uma das minhas luzes. E é um amor tão grande, tão grande, que não o consigo enfiar em palavras. Parabéns, meu filho lindo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Três telefonemas

1º, logo pela manhã:

Está? Bom dia, olhe, temos aqui um gato, o Calvin, deve estar perdido. Entrou na loja e agora não o conseguimos mandar embora. É aqui no Fórum Tivoli, na Fashion Clinic. Atendi, um bocado distraída e mesmo no final de uma entrevista que tinha estado a fazer, e só me deu para rir, porque se há coisa que este gato sabe é escolher bem os sítios onde vai. Nada mau, na Fashion Clinic, respondi à rapariga. Pois, tem um gato muito chique, riu-se. Pedi-lhe que o encaminhasse para casa, que ele sabe ir sozinho, mas ela deve ter achado que eu não passava de uma dona desnaturada que abandona animais e desligou com muito maus modos.

2º telefonema, por volta da hora do almoço. Ao fundo ouvia-se música espanhola bastante alta.

Oh minha senhora, fala aqui do Andorra, está cá o seu gatinho, pode vir buscá-lo. Andorra? Não estou a ver onde é, desculpe lá. Então, o Andorra, aqui nas Portas de Santo Antão, não conhece? Ele está cá já há  um bocado e já lhe demos de comer. Não faça isso, senão ele nunca mais se vai embora para casa, peço eu ao diligente e preocupado empregado de mesa. Pois, não fomos nós, foram os turistas, sabe como é, um peitinho de frango aqui, uma sardinha e uma perninha ali... Sei como é sei...

3º telefonema, por volta da hora do lanche.

Um senhor aos gritos, para se fazer ouvir sobre o barulho de fundo, informa que o nosso gato está "guardado na despensa". É mais um restaurante, desta vez o Santiago, já perto do Rossio, e também já lhe tinham dado comida. Que o fossemos buscar até à meia-noite e se não pudéssemos não fazia mal, que ele passava lá a noite.

Fomos buscá-lo e agora dorme serenamente o dono dos gatos justos, ele que, mais uma vez, teve um dia cheio de aventuras e entretanto está já a ver como é que amanhã de manhã se há-de escapulir de novo para a rua.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Noites de Inverno pedem camas quentinhas

Dona Helena, 80 anos, nossa querida vizinha do andar de cima, dormia tranquilamente na sua caminha quando foi acordada por um ruído. A porta do quarto, que estava apenas encostada, abriu devagarinho e, de repente, há um vulto que salta para cima da cama. Dona Helena, que sempre viveu sozinha e não é senhora para se deixar assustar com facilidade, desta vez tremeu um bocado. Tão rápido quanto lhe permitiram os seus 80 anos, precipitou-se para acender a luz e enfrentar o intruso olhos nos olhos. E ele lá estava, já instalado e enroscado aos pés da cama, precisamente no sítio da botija de água quente que aquecia os pés da dona da casa. Ainda olhou para ela, soltou um sonoro bocejo, e preparou-se para um santo e regalado sono no sítio mais quentinho da casa. Desta vez não teve muita sorte. Dona Helena gosta mais de dormir sozinha e, sobretudo, não gosta que lhe entrem em causa sem a sua expressa autorização, por isso abriu-lhe educadamente a porta da rua e mandou-o para as escadas do prédio. Eram quatro da manhã e Calvin não teve outro remédio senão dormir no tapete da entrada.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O meu primeiro beijo

"Hoje conheci um menino novo na escola. Ele não é de lá, mas estava lá, e quando nos sentámos no tapete, correu para se sentar ao meu lado. Depois disse que me queria dar um beijinho. E deu, aqui, na cara. E disse que era meu namorado. E depois sentámos-nos em frente aos computadores e eu, faz de conta, escrevi que este menino é meu namorado. Ele disse que tem quatro anos, mas não tem. E não sei o nome dele, não me lembro assim tanto. Não contei às amigas, mas contei à Inna e à mamã. Conta tu ao papá, está bem?"

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carnaval, finalmente



E foi assim, no Carnaval. Dona Mada participou num desfile à séria, com outras escolas da junta de freguesia, e fez furor no seu traje de pepino. Pedrinho foi só até ao jardim ver os patos e teve um tal ataque de mamãzite que foi preciso dar-lhe a mão durante todo o tempo. Nada que me chateasse muito. De folga, já a pensar nos desfiles, foi um dia dedicado aos meus pequenos legumes que, há que admiti-lo, estão cada vez mais maravilhosos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sonhos são coisas que temos no nosso coração

Madalena, à hora do jantar, conta à mamã que sonhou com a Ritinha e com o Tiago. Estávamos a jogar à bola e estava lá eu própria e só quem jogava era o Tiago, diz ela. Porque é que eu sonhei com eles, mamã? Se calhar porque já não os vês há muito tempo e estás com saudades. E tu, Pedrinho, sabes o que são sonhos, pergunto eu. Pedrinho diz que sim, mas claro que não sabe, por isso Madalena explica-lhe: Os sonhos vêm quando estamos a dormir e são coisas que temos no nosso coração. E pronto.

Uma história de pinturas

Dona Madalena gosta muito de saber o que vai sendo escrito por aqui desde que, há uns tempos, o pai fez uma sessão de leitura do blog, principalmente de posts de quando ela era bebé. Hoje decidiu ser ela a ditar uma história à mamã. Cá está, tal qual ela a foi contando:


[é uma história que tem meninas à séria]
Era uma vez uma escola que tinha muitos meninos. Que tinha vinte e cinco. E nós tínhamos uma actividade de pinturas, que gostávamos muito. Era só duas meninas que chamavam-se Madalena e Beatriz  e nós gostávamos tanto da aula de pinturas que todos os dias tínhamos sempre aulas de pinturas. Um dia, a Beatriz disse à colega Madalena:  hoje temos aula de pinturas. E eu disse que temos de despachar-nos, temos mesmo de despachar-nos. A Beatriz concordou. E chegou a professora da aula de pinturas. Quando chegaram à sala de pinturas, começaram a pintar as caras. E as duas gostaram tanto da pintura, elas pintaram Stella e Bloom. E até tinham vestidos. Quando acabaram de pintar, elas queriam tanto água que a professora das aulas de pinturas disse às meninas: Madalena  e Beatriz  vão lá acima. A Mara dá-vos água. Está bem, professora de pinturas. Quando chegou a hora de irmos para a cama dormir a sesta, nós só pensávamos na aula de pinturas. E quando chegou mais uma aula de pinturas, elas ficaram preocupadas porque elas não acabaram o seu trabalho e disseram à professora: professora, professora, vamos fazer pinturas, vamos, vamos, vamos. A Beatriz pintou primeiro, a Madalena pintou a seguir e ficaram tão felizes por pintarem as suas caras.
E FIM.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Regresso a casa

Cada vez me convenço mais que o nosso gato tem um vida dupla que me escapa completamente. De vez em quando chegam-nos alguns episódios e, desculpem lá os ilustres leitores que não se interessam por essas coisas, tenho de os registar aqui, porque como o Calvin há-de haver poucos.
No fim-de-semana continuávamos sem saber dele e já nos preparávamos para ligar à senhora estrangeira que dias antes lhe tinha dado abrigo quando recebemos novo telefonema. Que estava na rua tal, número tal, e que não nos preocupássemos que estava bem. Lá fui com a Madalena. Era uma casa pequenina de um jovem casal de namorados que também tinha uma gata. A gata estava furibunda  escondida atrás do sofá a fazer fuuu a tudo o que se mexesse. Quanto ao senhor Calvin, estava calmamente instalado no quarto de dormir, com o seu ar mais seráfico, a apanhar sol à janela. Já tinha comido e estava certamente a fazer a digestão, de tal forma satisfeito que nem refilou quando o enfiámos na caixa.
Os donos da casa despediram-se dele emocionados, ai que é um gatinho tão simpático e tão carinhoso, e bla, bla e bla, bla, e adeus e volta sempre. Há-de voltar, há-de, que o Calvin tem boa memória e sabe sempre bem onde lhe dão comida.