domingo, 17 de agosto de 2014

"Mãe, porque é que os 'senhores do vento' nunca mais chegam?"

E no primeiro dia de férias, auto-estrada do Sul, já no Alentejo, e pimpa, um furo. Assim, sem mais nem menos, um barulho que parecia um helicóptero a sobrevoar a viatura, toca de encostar à berma, e lá estava o pneu em baixo.
Vá de tirar toda a gente do carro e subir para o talude - coisa que, até esse dia, eu nem sabia que existia -, Pedrinho em choro, porque ia a dormir descansado da vida e o obrigaram a sair da sua cadeira, e nós os quatro ali, enquanto os carros passavam a 200 à hora e faziam estremecer tudo.
Para ajudar à festa, foi preciso chamar os senhores do seguro, porque faltava uma coisa simpática chamada porca de segurança, essencial para mudar o pneu e que os senhores da última garagem onde fomos resolveram guardar para si, vá-se lá saber porquê. Enquanto esperávamos pelo reboque, resolvemos chamar também os senhores da Brisa, para nos virem sinalizar o carro, benditos telemóveis com internet que nos dão estas informações todas.
E foi assim que assistimos ao pôr-do-sol na auto-estrada do Sul, sentados numa valeta, embrulhados nas toalhas de praia que era o que havia ali mais à mão para enganar o frio da bela noite de Agosto. E entretanto, nada de aparecer ninguém.
Madalena contou estrelas, quis saber qual era a do Zorbas e as das outras pessoas da família já transformadas em estrelinhas. Pedrinho choramingou e comeu bolachas. Mamã e papá, silenciosamente, chamaram vários nomes aos senhores da garagem onde fomos no ano passado, aos senhores do reboque que demoraram uma hora a vir e aos "senhores do vento", como dizia a Mada, que também demoraram mais de meia hora a dar o ar da sua graça.
O resto da viagem fez-se no reboque, o carro atrás e nós à frente, meninos no colo dos pais - "podem esperar por um táxi, mas ficamos aqui todos mais uma hora", avisou o moço do reboque, natural de Grândola -, com cintos de segurança que teimavam em não funcionar - "não vale a pena, que nós já vamos à multa de qualquer maneira" - e com um condutor que segurava o volante com os cotovelos enquanto ligava para meio mundo através dos seus dois telemóveis. Nunca ultrapassou os 80 quilómetros, vá lá, e, de castigo, ouviu o Pedro cantar o repertório completo da "Galinha Pintadinha". Comigo a ajudar.

2 comentários:

graça anibal disse...

E com direito a fotografia, sim senhor.

Pergunta:senhores do vento? Mada explica esta à avó que sozinha não chega lá

graça anibal disse...

Ah, deixa lá Madalena, já descobri.Magnífica tradução!