sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cem anos, como a avó Graça

Acordou a rir a meio da noite, um sonho com grandes gargalhadas, e chamou. "Mãe, vem cá". E eu lá fui, tonta de sono, aconchegar-lhe os cobertores e ouvi-lo dizer "quero miminhos" e "as tuas mãos estão muito quentinhas" para logo voltar a dormir. De manhã, saltou da cama antes de toda a gente e passou por mim para ir à casa de banho, com cara de mau e aquele sorriso-de-quem-não-quer-sorrir, igualzinho ao do avô Manel, porque hoje faz cinco anos e portanto toda a gente tem de lhe dar beijinhos e prendas. E gostou de tudo, mesmo da roupa que, enfim, já se sabe, não é prenda. Saiu para a escola de farpela nova, óculos azuis espelhados (prenda da mana) e um bocadinho triste por não poder levar também o novo equipamento do Benfica (ai,ai, tio Rui...). Estava filosófico. No caminho perguntou-me "qual é a coisa mais 'impotatante' do mundo", uma questão difícil, já se sabe, com tanta resposta possível, e que para mim não tem dúvida nenhuma que não é uma, são duas, um menino e uma menina. "A coisa mais importante do mundo é não ficarmos doentes e sermos felizes, Pedrinho". E a Madalena ajudou: "Não ficar doente e não morrer. A Avó Graça está a conseguir as duas e já vai fazer 100 anos".
É o que te desejo, meu querido: 100 anos, como os da avó Graça.