sábado, 26 de novembro de 2011

Dona Mada foi ao futebol

Na Luz com o papá (certamente antes de o Benfica ter marcado).

Uma pérola por dia # 13

Que achas, Madalena, fico bonita, pergunto-lhe eu, exibindo a minha nova boina, acabada de comprar. Claro mamã, responde-me, ficas a parecer uma cozinheira.

(Perante uma resposta tão honesta, se calhar o melhor é desistir da boina...)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

As fotografias de Dona Floripes

Havia muitas fotografias a deslizar no rio em que se tornou a nossa rua no fim de semana, mas ainda resgatámos algumas. Numa a Dona Floripes estava de fato de banho, na praia, com uma amiga. Noutra aparecia na Avenida da Liberdade, com um dos seus cães, numa Avenida da Liberdade de há muitos anos, ainda sem a multidão de carros que hoje tem e com as copas das árvores a meia haste, longe das alturas que agora atingem. Mas havia muitas outras, a maioria de animais, que sempre foram os melhores amigos da dona Floripes.
Além das fotos, havia livros. Romances de cordel, o livro da quarta classe, mais livros de escola, listas telefónicas. E roupas. E o crochet que nunca foi terminado, ainda com a agulha espetada no novelo de linha. E a velha poltrona.
As coisas que não escorriam no rio de água da rua estavam enfiadas no contentor que o novo dono do prédio requisitou para o lixo. Eram os restos da vida da Dona Floripes, que ainda não morreu, mas que foi despejada da casa onde viveu a vida toda, primeiro com a mãe e depois com pombos, gatos e cães, tantos que até ela lhes há-de ter perdido a conta.
Pensámos em lhe devolver as fotografias, mas depois desistimos da ideia. Dona Floripes, vive agora num rés-do-chão, o que lhe facilita a ida à rua, mas há-de sentir falta do seu 4º andar sem elevador com uma vista deslumbrante sobre a cidade e os seus amigos pombos que a visitavam todos os dias.
E também há-de sentir falta das suas coisas, que não pôde levar porque a casa agora é muito mais pequena.
Com oitenta anos, Dona Floripes já não precisa de saber que as suas fotografias andam a navegar pelo bairro. Há coisas em que somos muito mais felizes na ignorância.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Domingo à tarde

Domingo chuvoso, em casa e sem televisão. Que melhor forma de ocupar o tempo senão fazendo biscoitos? E foi assim que nós os três lançámos mãos à obra, enquanto o pai dormia tranquilo no sofá, provavelmente ainda a sonhar com sacos de supermercado cheios de iogurtes e comida de gato.

Escolhemos uma bela receita de biscoitos de azeite, colocámos os aventais, os bancos de cozinha devidamente preparados para os pasteleiros mais pequenos alcançarem a bancada e lá fomos nós. Pedrinho experimentou comer um bocadinho e depois, há que admiti-lo, não achou assim grande graça, preferindo retirar-se para o quarto dos brinquedos.

Mamã e dona princesa regalaram-se e fizeram biscoitos com as letras da família todas, uma operação comandada por sua magestade, naturalmente. Este que está aqui na foto, como se pode constatar, é o biscoito destinado ao Rui, mas há muitos mais. Ficaram talvez um bocadito duros, resultado de uns minutinhos em excesso no forno, mas para principiantes não nos saímos nada mal.

Aqui fica a receita, para o caso de quererem experimentar:

Biscoitos de Azeite
250 gr de farinha sem fermento
100 gr de açucar
1 dl de azeite
4 colheres de sopa de leite
raspa de limão

Juntar tudo até se conseguir uma bola que dê para moldar, com uma consistência próxima da da plasticina, e depois é dar asas à imaginação e ignorar eventuais bocadinhos de cuspo que possam seguir juntos. Dez minutos no forno, ou menos, se forem pequeninos, e já está. Bom apetite.

Como se não bastasse sermos auto-excluídos...

... agora somos também tele-excluídos. Por outras palavras, além de andarmos a pé, que o carro continua na oficina - os senhores alemães da WW que estão a fabricar a peça que falta devem achar que com a nossa crónica falta de produtividade, mais semana menos semana, é igual -, agora também não temos televisão. Ou melhor, ter até temos, e com uma bela imagem. O que lhe falta é o som. Não se ouve nada. Um zumbidozinho sequer. Nada.

Auto-excluídos e tele-excluídos, a família, ainda assim, safa-se muito bem. Fomos de táxi à piscina, e voltámos de autocarro, uma grande aventura para dona princesa, que quis logo telefonar à avó Gracinha a contar a novidade.

Depois fomos a pé ao supermercado, desta vez uma grande aventura para o papá que teve de carregar os sacos de volta para casa.

Vimos as notícias na net e passámos muito bem sem os telejornais. Também não houve doses maciças de nodis, winxs e hóquei em patins na benfica tv, desta vez com uma belíssima desculpa. E à noite, depois de deitados os rebentos, vimos um grande filme no computador, cortesia da querida Catarina que nos abasteceu de DVD.

Em suma, não estamos assim tão mal e o único desgosto foi não termos podido ir ao Alentejo no fim-de-semana.

domingo, 13 de novembro de 2011

Porque as verdades são para serem ditas...

... é com alguma dificuldade que reconheço que o meu filho diz papá. Só papá. Eu digo-lhe que diga "mamã" e ele responde-me com um sonoro e cantado "papá". Que repete até à exaustão. Tirando isso, recusa-se a pronunciar qualquer outra palavra.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

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Hoje, o pai e a mãe vão ao cinema. É um grande dia, algo que já não acontecia desde há uns bons meses. Obrigada avó, mais uma vez.

domingo, 6 de novembro de 2011

Fim-de-semana de sonho

Tudo começou com uma pintura de cabelo caseira, para poupar tempo e não só, que o país está em crise. O homem cá de casa comprou a tinta no supermercado e eu apliquei enquanto preparava as malas para o nosso fim-de-semana anual de comemoração. Meia hora depois, quase desmaiei de susto, perante a cabeleira vermelha reflectida no espelho, resultado de um engano na embalagem, que dizia uma coisa, mas lá dentro tinha outra. A menina do atendimento ao cliente lá teve de me aturar, coitada, mas além de prometer que me iam reembolsar o dinheiro da compra, a verdade é que a pobre nada mais podia fazer.

E foi assim que parti para Quiaios de cabelo vermelho. Quiaios é um sitio que ninguém sabe muito bem onde fica (nem nós), mas onde há um hotel muito agradável, coladinho ao mar, com uma piscina aquecida e um parque infantil interior que o Pedro e a Madalena adoraram.

Só não tem é lojas decentes que vendam tinta para o cabelo na cor que eu uso, o que nos obrigou a algumas excursões aos supermercados das redondezas. Também não tem restaurantes, o que nos levou à Figueira para o jantar, bela cidade em tempos governada por Santana Lopes, onde a nossa viatura decidiu avariar por volta das onze da noite.

Coisita pouca: a chave recusou-se pura e simplesmente a entrar na ignição. Muitas tentativas depois, rendemo-nos à evidência e telefonámos para o seguro. Antes, verificámos que não tinhamos connosco a carta verde. E que também não conseguiamos encontrar o documento do carro. Enfim, nada que não tenhamos conseguido ultrapassar.

Passada uma hora, o senhor Guilherme lá chegou, com o seu reboque, e teve a amabilidade de não nos pedir nenhum dos documentos. Chamou também um táxi de um amigo para nos levar ao hotel e lá voltámos para Quiaios, ao som de música cigana, com um senhor no rádio a gemer "lili, gosto tanto de ti, ai, ai, ai, ai, ai, ai".

Compreensivelmente, a meio do caminho, o nosso taxista parou o carro, foi buscar qualquer coisa ao porta-bagagens e anunciou que ia ali e já vinha, desaparecendo depois pelo pinhal a dentro, deixando-nos a mim e ao Sérgio a braços com um incontrolável ataque de riso. Voltou visivelmente aliviado e sem nenhuma caçadeira de canos cerrados na mão, como chegámos a temer.

O fim-de-semana, esse continuou animadissimo. Os senhores da seguradora deram-nos um carro de aluguer, mas tivemos de comprar uma cadeirinha para a Madalena porque a dela custava muito a sair do nosso carro.

Também conseguimos comprar a tinta para o cabelo com a cor adequada, mas não serviu de nada, apesar de eu a ter aplicado imediatamente.

Em contrapartida, demos belos passeios à beira-mar. E visitámos a serra da Boa Viagem. E a Figueira. E dormimos a sesta na marginal da Figueira. E nadámos juntos numa piscina quentinha. E vimos episódios das winx. E o pôr-do-sol no mar. E brincámos muito, coladinhos uns aos outros durante quatro dias. Foi muito bom.

Já eu, continuo com o cabelo vermelho.