quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

É Natal, é Natal

 Madalena, do que gostaste mais do Natal? E ela, já estoirada de tanta animação, com a boca cheia de espuma da pasta de dentes: gostei mais do Pai Natal com a voz igual à do avô Manel. Que engraçado, não reparei... mas achas que o Pai Natal é o avô Manel? Não, não, mas tinha a voz igual. E pronto, era um pormenor. Um de vários, porque não houve nada que lhe escapasse. Como é que o presente que ela fez para a avó foi parar ao saco do Pai Natal? e como é que as tias souberam que ela queria uma Nancy se o pedido tinha sido feito ao próprio do Pai Natal que, por sua vez, não cumpriu o que lhe tinha sido solicitado na carta dos presentes?
Pormenores à Parte, o Pai Natal foi novamente um sucesso, apesar de, mais uma vez, ter tido um tal ataque de riso que por longos momentos não conseguiu articular uma palavrinha que fosse. Na noite de Natal a tarefa do Advento foi preparar um lanchinho de Bolo Rei e vinho do Porto para o senhor das barbas brancas e do saco de prendas que, coitadinho, tinha tanto trabalho pela frente.
Quando ouviu a campainha e foi abrir a porta com a avó, Pedrinho até respirou fundo e bateu palminhas, tal era a excitação. Também ele não tem dúvidas em dizer que o melhor do Natal foi o Pai Natal. Bem, quase ao mesmo nível do camião do Faísca, prenda de Pedro, o grande, e que já se tornou na nova paixão do nosso homenzinho.
Na noite da consoada as três raparigas da casa do Alentejo foram à missa do Galo, para grande comoção e orgulho da avó Fátinha. Madalena não desgostou, mas achou a homilia um pouco aborrecida. O que é que ele está a dizer, mamã, que não consigo perceber nada? Fui salva pelo início de mais um cântico de Natal, porque  eu própria já tinha desligado ligeiramente o cérebro.
Foram dois dias tão intensos que Pedrinho e, por arrastamento, a sua a mamã, ainda não recuperaram o sono tranquilo durante a noite. De vez em quando ainda há um acordar sobressaltado e resmungão, com palavras aqui e ali, quase sempre "carro" e "faísca" pelo meio.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Tarefas e mais tarefas

Desenhos e pinturas, prendas para a família, histórias especiais, canções de Natal, desenhos animados na televisão até altas horas (sempre que estavam sozinhos com o papá) e doces quase todos os dias. O Advento teve de tudo, mesmo quando os pais chegavam a casa já muito tarde e era preciso inventar uma tarefa à pressão. Para o ano teremos de programar um pouco melhor a coisa, mas o calendário do Advento há-de ser uma tradição a manter. Nem que seja pela expectativa deles a ir buscar os envelopes (ela nos dias ímpares  ele nos dias pares) e pelas muitas alegrias nestes dias.
Na nossa porta de entrada escrevemos Feliz Natal para os vizinhos. E o "z" ao contrário foi obra da mãe - um súbito ataque de dislexia por estar a escrever com o papel de cabeça para baixo - e não da filha, que ela pediu ajuda e as verdades são para ficarem registadas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ups...

Eu, a tentar divertir-me à custa do papá, que a seguir ao jantar aterrou no sofá com cara de só-um-guindaste-é-que-me-tira-daqui:
- Madalena, qual é o sítio da casa que o papá mais gosta?
E ela. muito rápida na resposta: - É de estar sentado no sofá.
- Então e a mamã?
- É de andar a arrumar coisas.
- E tu?
- Eu também gosto do sofá e de ver televisão.
Conclusão: está a parecer-me que se calhar tenho de rever alguns comportamentos lá em casa. Meus, naturalmente.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Obrigada, senhores dos Correios

Mada, que sabe o que é a internet e o que são emails, é também uma entusiasta dos senhores dos CTT, que este ano, mais uma vez, nos trouxeram uma prenda directamente dos Algarves. E a urgência foi tanta, que tivemos de abrir a encomenda logo ali, nas escadas. Obrigada, Carla, Ana e Ricardo. Gostámos muito.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Dia de circo...

... no calendário do Advento.
Este ano, pela primeira vez, Pedrinho deliciou-se com o que viu. E do que gostaste mais? Dos tigres, claro. Cinco tigres grandes, grandes, com uma pele tão bonita que só apetecia ir lá abaixo fazer festinhas. Já a Dona Madalena gostou sobretudo "das senhoras a fazer ginástica", umas malucas, penduradas por uma mão, a não sei quantos metros de altura, sem rede e a fazer umas incríveis cambalhotas. E os pais, gostaram? Bom, quer dizer, sim, mais ou menos, aliás, nem por isso. Foram mais de duas horas, sentados nuns bancos pavorosos, com meninos a discutir porque queriam os brinquedos um do outro e com medo que eles caíssem pelos buracos entre os assentos. Claro que, para o ano, lá estaremos novamente, que o circo é uma inevitabilidade no Natal. Mesmo que os senhores tenham a lata de cobrar cinco euros por uma volta de pónei que durou exactamente 20 segundos. Ah, e se quiséssemos com fotografia eram dez e tomem lá que os profissionais do espectáculo têm de fazer pela vidinha.
No fim, o melhor do circo: fomos almoçar a casa da Laurinha e do Vicente, que desta vez foram connosco. Para o ano há mais.



sábado, 15 de dezembro de 2012

Sininho

Correria pela cidade, a fintar o pessoal que andava nas compras e as famílias que trouxeram os rebentos a ver as (poucas) iluminações de Natal da Avenida. O destino era o El Corte Inglés, único sítio onde ainda conseguiríamos uma sessão a horas decentes. E tinha de ser, porque a ida ao cinema, para ver o último filme da Sininho, era a tarefa do dia do calendário do Advento e nestas coisas não se pode falhar. Papá estacionou às três pancadas, esqueceu-se de fechar a porta do carro, corremos até às bilheteiras, comprámos umas pipocas gigantes que depois não conseguimos comer, e estava mesmo a começar o filme quando finalmente nos instalámos nos nossos lugares.
A aventura merece registo também porque foi a primeira vez que Pedrinho foi ao cinema e passou com distinção o teste da sala-com-uma-televisão-gigante-que-de-repente-fica-às-escuras. Agarrou-se à mamã com muita força, mas não houve lágrimas nem protestos e o filme foi visto tim-tim por tim-tim do princípio até ao fim. Depois, já à saída, o habitual espírito do contra: Gostaste, Pedrinho? Não!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Querido afilhado:

Quero agradecer-te pela lembrança. Tanto os humanos como os felinos lá de casa apreciaram bastante. E a Madalena, muito pragmática, concluiu de imediato que era óptimo porque assim já não tínhamos de ir ao Pingo Doce no fim-de-semana. A tua carta, que acompanhou esta magnífica oferta, deixou-me com uma lagriminha no canto do olho. Porque sim, tens tanta razão, quando falas nas muitas coisas que aconteceram nestes seis anos. E todas elas, digo eu também, "com um surpreendente final feliz". Devo admitir que tenho algum peso na consciência por não ter dado, a ti e à tua família, a atenção que vocês merecem, mas, sabes, lá em casa há dois meninos que requerem toda a atenção do mundo e quando não estou com eles o tempo não me dá para nada. Pode soar a desculpa de amigo da onça, mas acredita que me lembro muitas vezes de vocês e que, frequentemente também, chego a pegar no telefone para vos ligar, só que entretanto lembro-me que é a "hora da meditação" e que provavelmente me responderá apenas o atendedor de chamadas. Desculpa, mas é quando estou a ir para o metro, ao fim do dia, que consigo pôr em dia as conversas com os amigos.
Mas olha, vem aí um novo ano e estou cheia de boas intenções. Até lá, obrigada, obrigada, mais uma vez, pela maravilhosa lembrança. Fiquei fã do Pede Salsa.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

E assim vai o nosso Advento

 O calendário do Advento prossegue em grande animação. Entretanto foi preciso estabelecer regras e agora a Madalena vai buscar os envelopes nos dias ímpares e o Pedro nos dias pares. Apesar de algumas discussões e choros, tal é a excitação, já nos conseguimos organizar.
Tem sido tanta a trabalheira que chegamos os três à caminha já a cair para o lado (principalmente eu, há que admiti-lo), com grande prejuízo para o blogue, que não tem sido actualizado.
Faça-se, portanto, o balanço: houve fabrico de pulseiras, com o alto patrocínio do Rui e formação personalizada prestada pela tia Xanda; houve um circo de fantoches do qual não houve registo fotográfico; noutro dia fizemos trabalhos manuais que, por razões que mais tarde revelaremos, agora não podem aqui ser expostos.
Ontem a tarefa, muito especial, consistiu em decorar uma estrelinha de cartão para o Pedro levar para a escola. E saiu esta estrela-pai-natal, com sininho no barrete e barbas de algodão que ele hoje entregou orgulhosamente à Tina. antes, aproveitámos para besuntar as janelas com um spray adquirido nos senhores chineses por sugestão da Rita. Obrigada Rita, eles gostaram muito, a Inna nem por isso, mas não há-de ser nada.

Hoje o calendário do Advento fica entregue à avó Gracinha, que a mãe e o pai vão ao cinema. Será uma grande aventura (para nós, entenda-se).

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Carta ao Pai Natal

Hoje foi dia de carta ao Pai Natal, a tarefa do 5º dia do Advento. Dona Madalena dirigiu as operações e eu escrevi. Insistiu em colocar também os pedidos dos pais, tudo da lavra dela. Não foi muito exigente, há que admiti-lo. Mas não esqueceu a Nancy, que só conhece dos anúncios de meia hora no canal Panda, mas da qual já anda a falar há que tempos. Pedrinho, esse, como se pode constatar, foi muito variado na escolha: tudo vai dar ao carro Faisca, a sua paixão do momento.
No final explicámos que lá por se escrever a carta nada fica garantido e que o Pai Natal ainda vai ver se tem aquelas coisas no seu armazém e, sobretudo, se os meninos se portaram bem. E como é que ele sabe essas coisas, perguntou a Madalena muito desconfiada e talvez a lembrar-se que no ano passado o Pai Natal era estranhamente parecido com o avô Manel. Ele é professor, é? Pois, bem, quer dizer, professor se calhar não, mas lá que sabe tudo, isso sabe. Pedrinho, esse borrifou-se para as explicações. O sonho dele ter todas as porcarias que tenham a ver com o Faísca e ponto final.

Quanto ao quarto-dia do Advento, digamos que não ficou para a história. Atrasei-me tanto a vir para casa e estava tão cansada que a tarefa do dia consistiu em enfiarmo-nos na cama e ler um livro escolhido por eles. A coisa não entusiasmou por aí além e as birras provocadas pelo cansaço não ajudaram. Aliás, nem os chocolates que enfiei no envelope os conseguiram animar.



Isto foi o

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Escatologias, parte dois

E temos mais uma palavra capaz de fazer rebentar gargalhadas: Chulé. E o que é isso, perguntamos nós. É pó das fadas para os pés, revela, muito entendida dona Madalena. E cheira mal? Claro, mamã! E vá de rir, ela e ele, deliciados com a nova gracinha.

E ao 3º dia...

... fizemos um lindo São José sem nariz para o presépio da escola da Madalena, a tarefa prevista no calendário do Advento. Também comemos bombons e aprendemos uma canção de Natal nova. Como o Pedro não gostou muito, a Madalena inventou uma sobre carros, só para ele, e ficaram os dois acordados imenso tempo a berrar "pi-pi-pi", que era o refrão da cantiga.
A única coisa que correu mal foi o horário de ir dormir, que descambou escandalosamente. Enfim, nada de novo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Calendário do Advento

Foi a outra tarefa do fim-de-semana: fazer e inaugurar o calendário do Advento. Pintámos molas de madeira, fizemos e decorámos 25 envelopes e o calendário já lá está, pendurado na parede da sala, a prometer 25 surpresas até ao dia de Natal. No sábado houve prendas e rebuçados e ontem houve teatro (fomos ver "A Flauta Mágica") e pizzas em casa da Raquel.
Falta agora inventar mais 23 tarefas e coisas boas para deixar nos envelopes, misturadas com histórias e canções de Natal. E falta arranjar maneira de chegar a casa a horas decentes, para dar tempo de abrir os envelopes e pôr as tarefas em prática.

(Tivemos a ajuda preciosa da Joana e do Gabriel, há que registar também esse pormenor. Se calhar vamos convidá-los também para participar de algumas das tarefas adventícias)

Presépio

O nosso presépio, explica o Pedrinho, tem o "Ius", a mamã e o papá. E tem três reis magos que agora, provisoriamente, são apenas dois, porque o Belchior, coitado, de tanto ser mudado de sítio, teve um acidente que o deixou decapitado. Também temos burro e vaca e tudo aquilo a que tem direito qualquer presépio que se preze, o sr. Papa que me perdoe. E cá em casa há um menino tão entusiasmado, tão entusiasmado, que não quer brincar com outra coisa. 
Hoje foi dia de presépio. E de árvore de Natal. A nossa árvore minúscula, enfeitada pela Mada e pela mamã e pelo Pedrinho. Desta vez a árvore tem pequenos sinos de chocolate, como quando eu era miuda e, com o meu mano, comíamos os chocolates dos pais-natais e deixávamos lá as pratas, para a mãe não descobrir. 
O Natal sempre conseguiu deixar-me feliz, mas agora, com o Pedro e com a Madalena, tudo tem um sabor diferente. Muito melhor.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Escatologias

1. Não há nada que divirta mais os meus filhos do que as palavras cocó e xixi. Riem, riem, riem, fazem barulhinhos, imitam puns e se for preciso ficam naquilo tempos infinitos. É que nem há outra coisa que os consiga distrair tanto, ao ponto de, admito, já ter utilizado as palavrinhas mágicas para parar uma birra, desligar a televisão ou convencê-los a ir para a mesa. Espero que seja uma fase, por isso nem dou muita importância à coisa. E, no entanto, é impossível não ficar deliciada com aquelas gargalhadas.

2. Pedrinho, para que conste, há quase um mês que, durante o dia, já não usa fralda. À noite ainda não há segurança para tanto, mas também acorda de vez em quando a pedir para ir à casa de banho. Faz cocó e depois lá fica, a espreitar para a sanita enquanto puxamos o autoclismo. A curiosidade é tanta que um dia destes se debruçou um pouco mais do que devia e pimba, chucha lá para dentro. Mamã, chamada de urgência, lá fez o que tinha de fazer e resgatou a "tu" que foi direitinha para a chaleira onde ficou a ferver durante bastante tempo (mandá-la simplesmente para o lixo era impensável). Entretanto, teve de consolar o infeliz proprietário que a partir daí, apesar de continuar a despedir-se entusiasticamente do seu cocó, nunca o faz sem antes agarrar fortemente a chucha.

sábado, 24 de novembro de 2012

E a grande noticia da semana é...

... que a Ana está grávida. A nossa Ana do Alentejo, como é conhecida cá em casa, tem um bebé na barriga, que há-de vir conhecer-nos lá para a primavera do ano que vem. Esta família está cheia de sorte e já gostamos muito dele. Ou dela, pois claro, que a mim palpita-me que vai ser uma rapariga. Beijinhos, querida Ana

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Era uma vez uma máquina de lavar roupa

Durante muito tempo foi assim: à sexta feira a mãe enchia os alguidares de água e detergente e, durante toda a manhã, lavava a roupa da semana. As mães dos outros meninos faziam o mesmo. Vivíamos no Alentejo, o 25 de Abril tinha acontecido havia poucos anos, o FMI estava quase a chegar e pouca gente tinha dinheiro para luxos. Depois o meu pai fez uma surpresa à minha mãe e apareceu lá em casa uma máquina de lavar roupa novinha em folha que nos deixou todos orgulhosos e mais ainda à minha mãe, com certeza, que lavar a roupa da família toda à mão não havia de ser nenhuma pêra doce.
Hoje em dia não nos passa pela cabeça não ter uma máquina de lavar roupa. Ou aquecer a água do banho no fogão porque não há esquentador. Temos a vaga noção de que haverá casos desses, mas na verdade estão sempre muito longe de nós. Preocupam-nos, mas esquecemo-los logo a seguir, no meio dos ritmos alucinados das nossas vidas onde não falta (quase) nenhum electrodoméstico.
Neste caso, a realidade não me deixou esquecer tão facilmente. Era preciso arranjar uma máquina de lavar roupa para a mãe das gémeas, porque é inverno, porque há muita roupa que se suja e, sobretudo, porque as técnicas da Segurança Social acham que uma máquina de lavar roupa numa casa é essencial para que uma família de risco não ultrapasse ainda mais as fronteiras do risco.
E a máquina de lavar roupa lá está, já em casa. Um post no Facebook fez milagres. Apareceu uma em segunda mão em Odivelas, outra em vila Franca de Xira, outra ainda em Lisboa. E houve até quem telefonasse a oferecer-se para dar uma nova, comprada de propósito para as gémeas. Não foi preciso, que o problema já estava resolvido. Mas valeu a pena. Porque há quem se preocupe e isso é sinal de que nem tudo está perdido. Que, quando é preciso, ainda temos capacidade de desligar dos nossos dias.

sábado, 27 de outubro de 2012

Mau feitio

Tudo começou com um apetitoso croissant a espreitar da caixa do pão mesmo antes de irmos jantar. Pedrinho viu e pediu, mamã recusou e começou aí uma das maiores birras de que há memória, com o meu bebé lindo e maravilhoso transformado num monstrinho furioso a quem nem o novo carrinho da avó Gracinha -com a sua música pavorosa, mas que já tem feito milagres - conseguiu acalmar. A coisa foi de tal ordem que senhor Pedro levantou a mão e pimba, bofetada na mamã. Seguiram-se dois segundos de silêncio, durante os quais se evitou o pior, ou seja, uma palmada na mão do Pedro. Em contrapartida, ficou de castigo, sem chucha e sem acesso ao carro da avo Gracinha até parar com a choradeira e pedir desculpa à mamã. Demorou bastante, mas lá se decidiu, já com a Madalena a anunciar que não aguentava mais tamanha gritaria e que ia contar tudo ao papá. Como lá em casa não gostamos de queixinhas, combinámos que seria o próprio Pedro a contar, coisa que ele fez, alegremente, no dia seguinte. Também disse que nunca mais se portava mal, promessa que entretanto já tratou de quebrar. E se isto é assim com dois anos, temo o pior quando tiver em casa um adolescente de voz fininha e barba a despontar, na idade do armário e teimoso que nem uma mula.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Na Floresta da Preguiça


É um livrinho maravilhoso, sobre uma floresta atacada por máquinas que tudo derrubam e levam pela frente, onde mora uma preguiça que dorme, dorme, dorme... Todos os dias o lemos. Primeiro eu, depois Madalena, que já sabe de cor o texto. Pedrinho vai passando as páginas.
E "tudo é verde, tudo é vida, na Floresta da Preguiça".
Obrigada, Ana.

sábado, 13 de outubro de 2012

Bruno

Quando conheci o Bruno ele ainda não era um actor famoso, não aparecia nas novelas da TVI nem se deixava fotografar à noite, no Bairro, com miúdas fãs dos Morangos com Açúcar. Foi há mais de dez anos e vivíamos numa casa que mais parecia um chalé, ali para os lados da Morais Soares. As reuniões de condóminos eram de chorar, às vezes a rir, às vezes nem por isso. Cada um com a sua pancada, cada um a puxar para seu lado, o Bruno sempre calmo e divertido e simpático para toda a gente, a aturar sem se queixar as maluquices das velhotas do prédio. Eu vivia no primeiro direito, ele no segundo. Um dia convidou-me para ir à estreia de uma das suas peças. Não fui, já não me lembro porquê, se calhar porque nessa noite estava a fechar. Ou era Outubro e havia orçamento do Estado. Ou andava tão cansada por fazer milhentas coisas ao mesmo tempo, que pura e simplesmente só me apetecia dormir. Quantas coisas boas já deixei de fazer por isso. Quantas horas não estive com os meus filhos porque me atrasei a escrever um texto e cheguei a casa muito tarde. Quantas vezes me deprimi porque não consegui uma notícia, porque uma outra não me saiu como eu queria, porque o tempo não me chega para tudo, porque me chateei com uma merda qualquer sem a menor importância. Quanto stress, quanta correria.
Ontem, num dia de particular stress - ou não estivéssemos nós em Outubro -, fiquei a saber que o Bruno morreu. Deu-lhe um fanico, o coração falhou-lhe e morreu. Ainda há dias falei com ele. Tem o mesmo nome de um colega meu e liguei-lhe por engano a pedir o contacto de um deputado qualquer. Ainda nos rimos um bocado com isso.
Às vezes penso que me pode acontecer o mesmo. Acho que todos pensamos. Antes punha-me a pensar que era uma chatice se acontecesse e não tivesse as minhas coisas todas organizadas. Agora já não sou só eu mais as minhas coisas desorganizadas e penso é que não posso deixar que uma coisa dessas me aconteça. E que obrigar-me a ter mais alguma qualidade de vida é meio caminho andado para o evitar.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

E quando é que Outubro chega ao fim?

Desde há uns bons anos, praticamente desde que começei a trabalhar e decidi mergulhar nesse maravilhoso mundo que é o jornalismo de economia, que Outubro é um dos meses mais complicados. E a razão, está-se mesmo a ver, tem a ver com o Orçamento do Estado, que é apresentado lá para dia15, dividindo o mês em antes do OE e depois do OE. São semanas muito sofridas, primeiro a antecipar o que ai vem, olhando todos os dias para a concorrência a ver o que descobriu que a nós nos passou ao lado, depois a esmifrar o projecto-lei, a descobrir o que muda, o que fica, e o que está nas entrelinhas. É um sofrimento, mas, ao mesmo tempo, uma excitação e uma animação. Ou seja, vendo a coisa do ponto de vista profissional não é necessariamente uma coisa má, pelo contrário. E no entanto, quando o mês chega ao fim, só apetece ir de férias ou, em alternativa, dormir vários dias seguidos.
Posto isto, eis-nos em pleno mês de Outubro. Ainda estamos na segunda semana e já ando com insónias, a ver as primeiras páginas do dia seguinte no jornal da meia-noite e, o pior de tudo, a chegar a casa a horas vergonhosas, ou seja, nunca antes das nove da noite. Miúdos já jantados, colados à televisão, cheios de birras porque ambos qurem os mimos e a atenção da mãe. Resta uma hora de brincadeira antes de, cheia de pesos na consciência, os enfiar na cama, no meio de muitos choros e protestos, e de os conseguir pôr a dormir, vencidos pelo cansaço.
Afinal, quando é que Outubro chega ao fim?

sábado, 6 de outubro de 2012

Pedrinho foi ao Benfica


Pedrinho lá foi ao Benfica. Cachecol, boné, a artilharia completa. Até a chucha, se bem que essa, mal saiu do carro, foi rapidamente entregue à mamã. Afinal, como lhe tínhamos explicado, meninos bebés não podiam entrar e só os bebés é que usam chucha. Ainda assim, foi preciso pregar uma mentirinha ao senhor da entrada, quando este lhe perguntou se já tinha três anos. Uma mentirinha que, aliás, a Madalena já previa - com ela aconteceu exactamente o mesmo - e que a preocupou durante toda a tarde. Ultrapassado o primeiro percalço, tudo correu sobre rodas. Até o Benfica fez o favor de ganhar, coisa que se impunha, uma vez que era o primeiro jogo de senhor Pedro no estádio. Ainda assim, tivemos uma primeira parte difícil, em que a equipa da casa sofreu um golo logo nos primeiros minutos e, depois, se viu às aranhas para dar a volta ao resultado. Lá se safaram, entre muitos assobios e palavrões, que aqueles adeptos não são para brincadeiras. Pedrinho e Madalena assistiram, impávidos e serenos, mamã a torcer para que não estivessem a juntar palavras novas ao seu vocabulário. No final, à saída do estádio e já de regresso a casa, ainda tivemos um encontro com um tal Ola John, que eu não fazia ideia, mas é uma das novas aquisições do Benfica e - isto é que interessa realmente - tem um Bentley descapotável quase tão giro como o próprio. Parou no trânsito mesmo ao nosso lado e, reconhecendo em nós entusiastas adeptos, baixou o vidro e cumprimentou-nos. E é que o raio do carro era mesmo giro...

P.S.: Para que fique para a história, o Benfica ganhou por 2-1 ao Beira Mar.

domingo, 30 de setembro de 2012

Férias de Verão - o fim da chucha

Faltava só registar aqui um dos grandes acontecimentos do Verão de 2012: a Madalena despediu-se de vez da sua muito amada chuchinha. Ela própria a arrumou na mala, antes de partirmos, mas depois, chegados ao Algarve, deu-se o sumiço da dita, um mistério que não vou aqui desvendar porque não vale a pena. Principalmente porque dona Princesa de safou lindamente, sem dramas, nem choros, nem nada. Conformou-se com a ausência, apesar de, durante uns dias ainda suspirar bastante e se perguntar a si própria o que teria acontecido, "porque eu arrumei-a na mochila, mamã..." Quando regressámos a casa, outro mistério: todo o stock de chuchas se havia também evaporado. E assim foi. Quando o dentista, daqui a uns anos, me apresentar a factura por lhe endireitar os dentes, bem me vou arrepender de não ter feito isto mais cedo.

Férias de Verão - banda sonora


E foi isto que ouvimos durante boa parte das viagens de automóvel deste Verão. Primeiro porque nos esquecíamos de renovar o stock musical e depois porque dona Princesa e senhor Pedro se apaixonaram por esta música e chegavam a fazer birras para a ouvir. Nós, já um bocadinho enjoados, não os contrariávamos muito, até pelo prazer de os ouvir a cantarolar acompanhando a música. Ele com o nã-nã-nã habitual, ela num (quase) perfeito castelhano.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pedro e o Lobo ou os avanços linguisticos de Pedrinho


Fim-de-semana cultural, com concerto na Gulbenkian. Foi o primeiro concerto deles - se excluirmos o espectáculo das Winx no Coliseu - e estiveram em grande. Ouviram com muita atenção, dançaram e até cantarolaram e no fim toda a gente teve direito a gelado na relva. Eram os 50 anos da Fundação e a orquestra da Gubenkian presenteou a cidade com um concerto grátis de "O Pedro e o Lobo", que encheu o grande auditório. Mada gostou, mas já me confidenciou que até agora o concerto das Winx foi mesmo o que mais lhe encheu as medidas. Pedrinho gostou muito, ainda mais por o heroi da história ter o seu nome, e saiu de lá a trautear a música e com o nome de todas as personagens na ponta da lingua. Aqui ficam elas, segundo enumeração do próprio:
Pê (Pedro)
Vô (avô)
Lô (lobo)
Quá-quá (pato)
Mnhau (gato)
Piu piu (passarinho)
Faltaram os caçadores, mas isso também já era pedir de mais. Afinal, como o próprio explica quando lhe dá jeito, Pê bebé.

sábado, 8 de setembro de 2012

Férias grandes - os primos

A Ana e o Ricardo, a Ana e a Catarina, o Diogo, a Ritinha e o Tiago, a Lara, a Joaninha, o Pedro Grande. Os primos. Estas foram umas férias cheias de primos, e o Pedro e a Madalena deliraram com as aventuras e brincadeiras. Primeiro em Portimão, depois em Cabanas e no meio da serra algarvia e, finalmente, no Alentejo.






sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Férias grandes - amigos novos

Há muito tempo que não me acontecia  isto de fazer amigos na praia. Na verdade nunca aconteceu muito, que ao contrário do que possam pensar, sempre fui uma rapariga tímida. Ainda assim, tenho umas boas lembranças dos meus tempos de adolescente problemática, em que ia de férias com os meus pais para a Praia Verde e regressava apaixonadíssima pelo vizinho da tenda do lado e com várias moradas de amigas novas a quem escrevia durante algumas semanas e que logo caiam no esquecimento, à falta dos facebooks, gmails e afins dos tempos modernos. Mas eram grandes amizades, mesmo que tivessem a exacta duração das férias.
Este ano voltaram os amigos de Verão, graças à Madalena e ao Pedro, que conheceram imensos meninos na praia e na piscina e por isso, quando dávamos por nós, lá estávamos à conversa com os respectivos pais, também a combinar idas à praia e à piscina e, no fim, a trocar telefones e emails que, é certo, ainda não voltámos a usar nem provavelmente o voltaremos a fazer.
Na praia acontecem destas coisas e de repente, parece que não há nada mais natural do que falar sobre os filhos com perfeitos desconhecidos, trocar experiências e gracinhas, ele já fala muito? ah, que bom, pois, o meu ainda não diz grande coisa, mas compreende tudo, lá isso compreende. Ou discutir o restaurante novo, ou o melhor caminho para os barcos, ou a política do Passos Coelho e o Rendimento Social de Inserção (apanha-se cada teoria, valha-nos Deus...), tudo isto entre uma bola de Berlim e um mergulho.
E pronto, foi assim que conhecemos vários pais, com destaque para os da Beatriz, a Luísa e o Paulo, alentejanos de Odemira e vizinhos de aldeamento. Dona Princesa encantada com sua amiga, não queria outra coisa senão estar com ela, e Pedrinho, que lhe chamava Kiki, desconfio que se apaixonou pela primeira vez. Para o ano voltaremos a vê-los. Ou talvez não.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O dia em que as gémeas vieram de visita

Uma tarde em beleza, com muitas brincadeiras a quatro e sem uma única lágrima ou discussão. Pedrinho e Madalena, muito protectores das duas bebés, ele às vezes um bocadinho antipático quando elas se aventuravam mais nos seus brinquedos preferidos, mas sempre sem grandes stresses. E o que elas gostaram de ver o Panda. Tanto, tanto, que por várias vezes a televisão quase foi derrubada, porque insistiam em fazer festas nos bonecos. Senhor Calvin refugiou-se no quarto do fundo, aborrecido de tanta barulheira, e nós deixámo-los correr à vontade pela casa e desarrumar o que lhes apeteceu. Sofia e Solange têm de vir mais vezes.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Viagem a Santo António dos Cavaleiros

Desta vez o telefonema foi para o homem lá de casa:
- Estou aqui com um gato, perdido, cheio de fome...
- É o meu gato, o Calvin, diz o Sérgio, ou, melhor, tenta dizer, porque, do lado de lá, a pessoa que ligou nem o ouve. E prossegue, cada vez mais zangado:
- Vocês deviam ter vergonha, vão de férias, abandonam os animais, e agora anda aqui o pobre do gato...
Sérgio respira fundo, já um bocado irritado, a tentar não se chatear a sério com o homem que até se tinha dado ao trabalho de telefonar:
- Mas onde é que ele está?
- Está aqui ao pé do talho do Luis, não sabe onde é? Ao lado da churrasqueira da Flamenga.
E o Sérgio dem perceber nada daquilo:
- Não estou a ver onde é que é...
- Então não sabe? É aqui em Santo António dos Cavaleiros, gritou ele, cada vez mais furioso.
Bom, abreviando, o nosso gato viajou de Lisboa até Santo António dos Cavaleiros, nunca saberemos como, e lá tivemos de o ir buscar. O senhor do talho do Luis acabou por descobrir que não eramos perigosos meliantes e que até nos preocupávamos com o gato e chamou a senhora do cabeleireiro, mais o vizinho da esquina e de repente já estávamos a falar com uma data de gente e todos tinham visto o Calvin. Finalmente lá o encontrámos, a passear tranquilamente no jardim, e trouxemo-lo para casa. Durante uma semana não saiu, mas entretanto já retomou os seus passeios, porque assim é que ele é feliz.

Matemática e medicina

Desculpem lá estar a puxar dos galões, mas de vez em quando mesmo a mais modesta das mães (que não é o meu caso) não consegue resistir. Então é assim: Dona Princesa, do alto dos seus quatro anos e três meses conta lindamente até cem e, descobrimos ontem, conta, com toda a segurança, de dez para zero. Ao contrário, portanto. Ah, e também decidiu que quer ser médica. Parece ser uma decisão bastante firme, já que se mantém há pelo menos três dias.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Histórias de dona princesa

Madalena conta uma história às bonecas enquanto eu levanto a mesa do jantar. A meio caminho da cozinha, apanho apenas uma frase, mas, seguramente, a melhor: "Ele não gostava de cocó, por isso não comia, para não ter de ir à casa de banho".

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Rrrrrrrrrrrr...

- Pedrinho, como é que faz o papá quando ressona?
- Rrrrrrrrr...
- Boa! Então agora diz lá: Rrrrrrrui
- Rrrrrrui!!!
E foi assim que o nosso homem pequenino aprendeu mais uma palavra, que depois repetiu, orgulhosamente, ao longo do dia. Quem lhe ensinou foi a Madalena, porque lhe tínhamos contado que assim é que ela própria tinha aprendido, dando uma utilidade prática ao ressonar (raro, rarissimo...) do homem cá de casa.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Um passeio de autocarro


- Estou? Daqui fala o motorista da carreira 74 da Carris.
Momento de silêncio do lado de cá. Que raio me queria o motorista da carreira 74 da Carris, eu que há anos não ando de autocarro?
- Tenho aqui um gato...
E o pano a levantar-se.
- ... tenho aqui um gato perdido que tem o seu número de telefone.
- Pois, é meu. Deve ser o Calvin.
- Anda aqui no terminal, a esconder-se debaixo dos carros. Está assustado. Tem de o vir buscar.
Sabia eu perfeitamente que o senhor Calvin não estava nada assustado, que podia voltar para casa se lhe apetecesse, mas que o que queria mesmo era que lhe dessem comida. Este telefonema insólito aconteceu nas nossas férias e foi apenas mais um de vários outros que nos foram mantendo a par dos percursos turísticos do nosso gato que, mais uma vez, andava desaparecido.
- Vou ver se consigo pedir a alguém que aí vá, que eu não estou em Lisboa, mas se calhar vai demorar um bocadinho.
- Não faz mal. Eu agora levo-o comigo, a fazer a volta do autocarro, e daqui a uma hora, mais ou menos, estou aqui novamente.
E foi assim que o gato lá de casa, que em regra anda pela zona do Marquês, deu uma bela volta pela cidade, com passagens pela Madragoa, Cais do Sodré, Campo de Ourique e Bica. De regresso à Gomes Freire foi resgatado pelo Rui e pudemos finalmente ter umas férias descansadas, sem telefonemas de senhoras aflitas com um gatinho perdido encontrado na rua.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Post um bocadinho escatológico

Ficam já avisados os estimados cinco leitores deste blog que o post que se segue pode ferir as mentes mais sensíveis, já que tem por tema as necessidades fisiológicas do Pedrinho. Simplificando a coisa, o objectivo é registar aqui que o meu homem pequenino já vai ao bacio fazer chichi. Aliás, não só vai, como vai sozinho, baixa a sua bela boxer, faz o que tem a fazer, despeja na sanita (quase) sem sujar o chão e puxa orgulhosamente o autoclismo. Com dois anos e cinco meses, faz estas coisas todas e só ainda se esquece de avisar quando tem vontade, o que, enfim, é compreensível, dado que a habilidade ainda é recente. Já fazer cocó no penico é que é mais complicado. Da única vez que aconteceu chorou tanto, tanto quando contemplou a sua obra, que tratámos de a fazer desaparecer rapidamente, o que só agravou ainda mais o choro. Problemas de habituação, digo eu e diz o tio Brazelton. Estou confiante que quando o verão chegar ao fim temos o rapaz desfraldado.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Prémio Mãe Blogger

Não, não ganhámos, mas entre mais de 150 blogues concorrentes conseguimos um honroso 34º lugar. Obrigadinha por se terem dado ao trabalho de ir lá clicar.
Os vencedores estão aqui. O meu preferido não ganhou, mas teve direito a menção honrosa: panados e arroz de tomate

domingo, 22 de julho de 2012

Balanço do fim-de-semana

Então foi assim: no primeiro dia, baptizado do Miguel de manhã, levantar cedo, preparar para sair, medir a temperatura ao mais novo que passou a noite anterior com febre e não me neixou dormir. Igreja, depois festa de baptizado, depois regresso a casa com fila na ponte e Pedro novamente com febre.
 Segundo dia: miúdo sem febre, mas depois de uma noite a acordar de duas em duas horas por causa do nariz entupido, família ruma a Odivelas para tratar de assunto inadiavel e com elevados níveis de adrenalina envolvidos - para mim, que com os restantes elementos estava tudo tranquilo. Problema resolvido, fomos celebrar a três para o McDonald's, pois o pai esteve de serviço nos dois dias. Regresso a casa, uma hora de descanso antes de ir preparar o jantar, porque a seguir havia festa de anos da Matilde nos insufláveis de Monsanto. Sobre esta parte, é fácil imaginar os pormenores, por isso adiante. Regresso a casa, banhos, jantar, aerossol, história, xixi-cama e, de repente, são quase onze da noite.
Se não estivesse já a antecipar mais uma semana complicadinha pela frente, quase que era caso para dizer "que venha a segunda-feira para conseguir descansar deste fim-de-semana..."

Os barqueiros também têm cortes salariais

[Restos das férias em Cabanas. Porque a mamã não escreve sempre sobre coisas chatas]
A ria Formosa há muito que deixou de ter segredos para ele. Já a cruzou tantas vezes que se fosse preciso era capaz de o fazer de olhos fechados. Custódio Guerreiro, 68 anos, nasceu ali ao lado, em Cabanas de Tavira, e fez da ria a sua casa. Fez-se pescador, fez-se ao mar alto, foi trabalhar para Marrocos quando foi preciso ganhar mais dinheiro, mas foi sempre ali, na ria Formosa, que se sentiu em casa. Vai para oito anos que, nos meses de Verão transporta os turistas do aldeamento das Pedras da Rainha entre as duas margens. A viagem dura pouco mais de um minuto. Se for preciso, faz-se apenas em 47 segundos, o pequeno barco em alta velocidade, a rasgar o azul da ria. 

Apesar da beleza da paisagem, não se pense que é um trabalho fácil. A praia de Cabanas é um dos últimos tesouros do litoral algarvio, procurado todos os anos por muitos turistas. Cada vez mais, aliás, obrigando também a um crescente número de travessias, para transportar toda a gente para o areal do lado de lá e, depois, para trazer novamente os banhistas para a aldeia. O senhor Custódio trabalha apenas uma parte do ano, normalmente a partir de Abril ou Maio, às vezes antes, dependendo do calendário da Páscoa, que costuma ser o tiro de partida para o turismo algarvio. 

Este ano, o aldeamento das Pedras da Rainha, dono do pequeno barco, voltou a chamá-lo, para o seu habitual emprego de Verão, mas apresentou-lhe uma novidade: o salário ia ter de baixar, que os tempos são de crise e não se sabe como vai correr o Verão. Em vez dos mil euros que tinham pago nos últimos anos, desta vez o ordenado não poderia ir além dos 750 euros. Um corte de 25%, mas era pegar ou largar, que certamente muita gente haveria para contratar. E o velho mestre aceitou. 

Custódio Rodrigues é filho de pescador e dedicou toda a sua vida ao mar. Começou na faina aos 12 anos e aos 60 tratou da reforma, que já era tempo de se pôr em descanso. Contas feitas, trazia para casa pouco mais de 400 euros, mesmo assim, mais do que muitos dos seus colegas que nunca saíram da pesca artesanal e que vivem agora com pensões que andam pelos 300 e picos. O emprego sazonal nas Pedras da Rainha veio mesmo a calhar, até porque, sendo tudo legal e com os devidos descontos para a Segurança Social, a reforma tem vindo também a aumentar um bocadinho todos os anos. Assim sendo, nem pensar fazer finca-pé e recusar o corte salarial, que 750 euros sempre são muito melhor do que nada.

O dia de trabalho começa às oito da manhã e termina às sete da tarde, com uma hora de intervalo para o almoço. Às vezes, porque se reveza com outro colega, também antigo pescador, pega às nove e sai às oito. Num caso ou no outro, são dez horas de trabalho que se vêem na pele marcada pelo sol do velho pescador. E se o dinheiro dá jeito, trabalhar com os turistas também não é mau. "Não tenho nada a dizer deles", diz. "Tenho-me dado muito bem, no aldeamento gostam de mim, já os conheço há muito tempo, somos quase como família". 

Ao dia de folga, normalmente à sexta-feira, o mestre barqueiro, que agora vive ali a poucos quilómetros, em Tavira, pega na sua bicicleta e vem mais uma vez para Cabanas. Tem uma pequena barraca de madeira no extremo da marina, no mesmo sítio onde os pescadores guardam os barcos e o material para a faina, e aí passa o seu dia livre. "A matar saudades" dos velhos tempos. Às vezes ainda sai para o mar, no último barco que lhe restou, mas na maior parte das vezes fica por ali, a fazer redes de pesca, uma arte que aprendeu com o pai e que lhe rende mais algum dinheiro. O trabalho é minucioso, uma agulha de madeira a desenhar pequenos quadrados de corda onde os peixes ficarão presos. "São redes para besugos, na costa aqui à frente", explica. Por cada uma que faz cobra dez euros, fora o material, e a média são duas por dia. É um complemento, mais pelo prazer de estar entretido, ali mesmo, ao pé da ria. 

O senhor Custódio casou aos 18 anos, teve nove filhos, entre netos e bisnetos já conta mais 32 descendentes, mas até hoje nenhum lhe seguiu as pisadas. Tem um filho pedreiro, outro motorista de longo curso, outros ainda que trabalham no turismo, mas nenhum que quisesse ser pescador e, muito menos, aprender a fazer redes de pesca. "Os tempos são outros. E eu comecei aqui, com o meu pai, e foi a vida toda. E será até morrer."


[Publicado aqui]

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Ora bolas!


 
Ora bolas!
[para destacar ao início] A partir de Julho, que é quando os turistas chegam em força, vendem-se, em média, 4.000 por dia. Em Agosto, o número dispara para as 7.000. Juntando os restantes meses do Verão, são 465.000 bolas por ano, mais coisa menos coisa. O que dará um simpático volume de facturação na ordem dos 550 mil euros.
Há 40 anos um jovem casal de uma aldeia piscatória da costa algarvia, onde ainda mal começavam a chegar os turistas, fundou um pequeno e inovador negócio de bolas de berlim. Com creme e sem creme, que nessa altura a ASAE ainda não palmilhava ainda os areais. O negócio foi crescendo, ao mesmo ritmo a que todos os anos iam chegando os banhistas, e as bolas de berlim, que começaram por povoar o sotavento algarvio, estenderam-se ao barlavento e depois ao resto do país e acabaram por se tornar num símbolo dos verões portugueses.
Quanto ao jovem casal, lá foi fazendo as suas bolas, de Abril a Outubro e, adaptando-se às novas formalidades legais, garantiu a concessão para três extensos areais.
Tiveram dois filhos, um rapaz e uma rapariga, e trataram de lhes ensinar a sua arte. Depois vieram os netos, que apesar de ainda jovens, se juntaram também já ao negócio.
A receita é simples. Ovos, farinha, manteiga, açúcar (muito), óleo para fritar. E todos os dias, a partir das duas da manhã, lá está a família a preparar as bolas que, na manhã seguinte, serão distribuídas pelos turistas. Distribuídas, é como quem diz, que este ano cada uma custa 1,20 euros. 
São mais 20 cêntimos que no ano passado, mas isso não desencoraja os banhistas. As contas são simples e têm muitos dígitos: A partir de Julho, que é quando os turistas chegam em força, vendem-se, em média, 4.000 por dia. Em Agosto, o número dispara para as 7.000. Juntando os restantes meses do Verão, são 465.000 bolas por ano, mais coisa menos coisa. O que dará um simpático volume de facturação na ordem dos 550 mil euros. 
O avô e a avó já não trabalham, mas ainda supervisionam as bolas. Quanto ao resto da família, passa agradáveis e amenos Invernos, que o trabalho de Verão é duro. Duro, mas rentável.
Há 40 anos um jovem casal de uma aldeia piscatória da costa algarvia, onde ainda mal começavam a chegar os turistas, fundou um pequeno e inovador negócio de bolas de berlim. Com creme e sem creme, que nessa altura a ASAE não palmilhava ainda os areais. 

O negócio foi crescendo, ao mesmo ritmo a que todos os anos iam chegando os banhistas, e as bolas de berlim, que começaram por povoar o sotavento algarvio, estenderam-se ao barlavento e depois ao resto do país e acabaram por se tornar num símbolo dos Verões portugueses.

Quanto ao jovem casal, lá foi fazendo as suas bolas, de Abril a Outubro e, adaptando-se às novas formalidades legais, garantiu a concessão para três extensos areais.Tiveram dois filhos, um rapaz e uma rapariga, e trataram de lhes ensinar a sua arte. Depois vieram os netos, que apesar de ainda jovens, se juntaram também já ao negócio.

A receita é simples. Ovos, farinha, manteiga, açúcar (muito), óleo para fritar. E todos os dias, a partir das duas da manhã, lá está a família a preparar as bolas que, na manhã seguinte, serão distribuídas pelos turistas. Distribuídas, é como quem diz, que este ano cada uma custa 1,20 euros. São mais 20 cêntimos que no ano passado, mas isso não desencoraja os banhistas.

As contas também são simples e têm muitos dígitos: A partir de Julho, que é quando os turistas chegam em força, vendem-se, em média, 4.000 por dia. Em Agosto, o número dispara para as 7.000. Juntando os restantes meses do Verão, são 465.000 bolas por ano, mais coisa menos coisa. O que dará um simpático volume de facturação na ordem dos 550 mil euros. O avô e a avó já não trabalham, mas ainda supervisionam as bolas. Quanto ao resto da família, passa agradáveis e amenos Invernos, que o trabalho de Verão é duro. Duro, mas rentável.

(Texto publicado aqui)

sábado, 14 de julho de 2012

Last day in Cabanas

Madalena vê as Winx no iPhone, Pedro e Sérgio brincam com os carrinhos na relva, são quase oito da noite e estão uns trinta graus de temperatura, mais coisa menos coisa. Há imensa gente dentro da piscina, outros tantos cá fora, e ninguém tem vontade de arredar pé. Muito menos nós, que amanhã rumamos a lisboa depois de uma semana preciosa de sol, banhos, comida saudável (descontando as bolas de berlim e os gelados diários) e bastante exercício, sobretudo para os pais, desabituados que estão de correr o dia todo atrás de dois seres cheios, cheios de energia. Chegamos à noite e só pensamos em ir para a cama, mas é um cansaço bom, daquele que tira as olheiras ao pai e acaba com os stresses da mãe. Em Agosto estamos de volta, prometemos hoje ao senhor do barco, que nos trouxe só a nós quando regressámos da praia e em vez de carregar no acelerador, como de costume, veio muito devagarinho pela ria. Em Agosto voltamos.

Pedrinho, o falador

Uma semana de férias foi suficiente para destravar a lingua ao senhor Pedro, que dentro de pouco tempo estará certamente apto a discursar. Façamos então um balanço do recém adquirido vocabulário: Ma - Madalena Pê - Pedro Vô - avô Vó - avó Cau - água, mas também pode ser carro ou mesmo Calvin, dependendo da ocasião Tu - chucha Titi - Ritinha Tá - Tiago I....na - Inna E pronto, assim de repente é isto. Ah, e também canta muito bem a caminho da praia. E vem chamar a mãe quando a mana faz cocó e precisa de ajuda: mamã, Ma, cocó. Uma frase inteira, portanto.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Férias

Os senhores juizes do Tribunal Constitucional decidiram hoje, num acórdão salomónico, que a partir do ano que vem vamos todos perder os subsídios de férias e de Natal. Não foi bem isso que eles escreveram, mas o resultado é exactamente esse. Ou é para todos, ou entao nada feito, agora essa de serem só os funcionários públicos (caso dos próprios dos juízes) e os pensionistas a pagar a crise, isso é que não pode ser. Não têm duvidas que os cortes são inconstitucionais, mas além de abrirem uma excepção para este ano, não se lembraram de fundamentar a decisão dizendo por exemplo que os subsídios são direitos adquiridos. Ou que já se está a pedir mais do que a conta aos portugueses com esta história da austeridade. Nada disso. Resolveram tramar a vida a toda a gente e pronto. Assim sendo, e uma vez que para o ano é certinho como o sol nascer todos os dias que não há subsídio de férias, então vamos lá aproveitar e, sem medos, Algarve, aí vamos nós. E é já no sábado, de manhãzinha, com passagem prévia pelo Alentejo e banho de piscina marcado para o fim do dia. Para o ano logo se vê.

sábado, 30 de junho de 2012

Pai, tu consegues

Pai e filhos sentados no sofá a jogar angry birds. Melhor dizendo, papá a jogar e eles a ver, um de cada lado, muito embrenhados numa jogada particularmente difícil que o pai já falhou várias vezes. Tu consegues, pai. Tu és o maior, diz-lhe ela. Tu és o maior da republica. Da republica checa, remata. O pai desmancha-se a rir e falha novamente a jogada. Isto de ser o maior da rapublica checa a jogar angry birds não é nenhuma pêra doce...

Considerações filosóficas

Dona Mada de manhã na casa de banho, depois de ter puxado o autoclismo: Ai, não gosto nada deste som! E eu: então porquê? Ora, mamã, tu às vezes também não gostas de algumas coisas, não é? E pronto, conversa encerrada.

domingo, 24 de junho de 2012

Livros para dar e vender


Adoro todos os meus livros. Talvez mesmo aqueles que nunca li e que provavelmente nunca hei-de ler, mas que, de uma forma ou de outra, vieram parar à estante cá de casa. É sempre um prazer entrar no quarto dos livros e olhar para eles, arrumados nas prateleiras, abri-los, cheirá-los, senti-los...
O problema é que o quarto dos livros transformou-se em quarto das brincadeiras e a estante é cada vez mais pequena para acolher os novos que vão chegando.
Assim sendo, alguns deles vão passar a estar à disposição de quem os queira, à procura de alguém que lhes dê uso e a quem venham a ser úteis. Alguns dados, outros a um preço baratinho, baratinho, o resultado final destinado a umas idas à FNAC para reforçar o contingente para o Verão. Para a mãe e, sobretudo, para os filhos.

(cada livro terá um link com mais informações. Estão todos em boas condições, a maioria como novos, outros apenas um pouco mais lidos, mas sem defeitos nem páginas rasgadas. Se necessário, posso enviar pelo correio).

Vão lá espreitar, vá. Nunca se sabe... Basta clicar aqui ou seguir o link lá em cima.

sábado, 23 de junho de 2012

A minha vida dava um filme

A vida dele, mais exactamente. Ora vejamos: houve aquela vez em que foi resgatado da Fundação Mário Soares. E outra em que foi parar à morgue de Santa Marta, onde foi acolhido por um simpático médico legista. Depois andou por fora durante quatro meses e, numa bela manhã regressou a casa como se nada fosse. Tem uma particular preferência por hospitais e durante uns tempos passeou-se diariamente pelo serviço de neurocirurgia dos Capuchos. Depois resolveu variar e mudou-se para Santa Marta, onde fez a delicia das enfermeiras mas de onde acabaria por ser expulso, vá-se lá saber porquê. A predilecção pelo sector da saúde leva-o também a passar belas tardes na farmácia e há relatos de que terá mesmo dormido algumas noites na cadeira da doutora farmacêutica. Menos excitante terá sido a aventura que o levou até ao lado de lá da Almirante Reis e até ao Intendente, onde o resgatámos de um quarto andar sem elevador onde, durante vários dias ficou detido por uma velhota que se perdeu de amores por ele e se recusou a deixá-lo voltar sozinho para casa. Desta vez escolheu um local bastante mais interessante e resolveu visitar a boite Sampayo, ali para os lados do Marquês. O seu dono, estranhamente, conseguiu até sair mais cedo do trabalho, ante a expectativa do salvamento, mas acabou por não passar da cozinha da conhecida casa de strip, onde o nosso querido Calvin se encontrava, já há algumas horas, fechado na casa de banho. Terminado mais um dia cheio de emoções, dorme agora, placidamente, na cama do dono, depois de ter enfiado o nariz na frigideira em cima do fogão e de ter inutilizado tudo o que lá estava. Amanha é outro dia e novas aventuras esperam por ele.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Grandes notícias

Hoje temos duas grandes novidades cá em casa: Pedrinho fez cocó no bacio e papá recebeu finalmente o seu iPad. Uma e outra motivo de celebração, embora o filho tenha sido bastante mais efusivo do que o pai. Primeiro chorou, infelicíssimo com o que lhe tinha acabado de acontecer, e depois riu a bom rir de tão feliz com os aplausos de toda a família, que foi em peso espreitar para o bacio. Daqui a pouco, rebentos na caminha, será hora de espreitar para a mais recente aquisição tecnológica cá de casa.

Leituras

O prémio da Mãe Blogger já serviu, pelo menos, para descobrir outros blogues com muita graça e que acabaram de ganhar mais uma leitora. O panados e arroz de tomate é um deles e vai já direitinho para a lista ali do lado que, por sinal, está a precisar de uma limpeza e restauro.
Quanto ao prémio, a concorrência de facto é forte, há que reconhecê-lo, e este blogue nunca teve veleidades de ter muitos leitores. Temos os que temos, são muito bons e recomendam-se. Muito agradecida pelas visitas. E pelos votos, já agora.

Espertinha

Madalena, larga o computador e vem jantar antes que a sopa arrefeça, digo-lhe eu pela enésima vez, sempre ignorada e ultrapassada por um episódio das Winx e já à beira de perder a paciência. Dona Mada, finalmente, lá se digna a responder, muito calma e sem tirar os olhos do ecran: Obrigada, mamã, eu hoje não janto, obrigada, dá o jantar ao Pedro.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Papá

Pedrinho desenhou o papá. Um papá com um grande sorriso, como fica sempre o papá quando está com os seus filhos. Desenhou o papá e depois veio mostrar a sua obra, muito satisfeito, do alto dos seus dois anos. E nós já a ver ali um Picasso na sua fase cubista, toda a estética geométrica a despontar, quem sabe a primeira obra que um dia os grandes museus do planeta hão-de disputar entre si. Ai que orgulho, que orgulho.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Este blogue vai a votos...

... e agradecia aos ilustres leitores que depositassem o seu voto aqui (página 4, por favor).
Trata-se do Prémio Mãe Bloger, promovido pelos senhores da CUF, e os vencedores ganham produtos Mustela para bebés que vinham mesmo a calhar lá em casa.
Para quem se deu ao trabalho de ir espreitar os prémios, quero desde já esclarecer que não há mais bebé nenhum a caminho e que apesar de o prémio ser uma "mala para a maternidade", o meu interesse são apenas os cremes e champôs e afins que vêm lá dentro. Isso e o gostinho de ganhar um prémio, pois claro...
A concorrência é difícil, mas desistir é um verbo que, teimosos como somos todos, não gostamos muito de conjugar lá em casa.

domingo, 10 de junho de 2012

No cinema


Fomos ao cinema, comemos pipocas e gelado, experimentámos sapatos, entrámos nas lojas todas e depois voltámos para casa de Metro, a tagarelar e a passear pela cidade. Dona Mada só se queixou já na subida para casa, que esta rua, como ela costuma dizer, "é muito cansadiça".
Suspeito que o filme que fomos ver - "Um monstro em Paris" - não estava destinado a ficar para a história, não se desse a coincidência de ter sido o primeiro filme que a Madalena viu no cinema. Mais tarde contou ao pai que as cadeiras tinham o Mickey e o Donald - palpita-me que foi o que mais a impressionou -, e resumiu rapidamente a história, explicando que havia um monstro que afinal era bonzinho e uma menina que cantava e que gostava dele, mas no fim já gostava de outro.
Tivemos um primeiro momento conturbado, quando se apagaram as luzes e lhe surgiu à frente uma televisão tão grande, tão grande, que nunca caberia na sala cá de casa.  Anunciou várias vezes que queria vir embora, mas passado o susto inicial, em que comeu pipocas furiosamente para enganar os nervos, instalou-se na cadeira que nem gente grande e papou o filme do princípio ao fim, mesmo as partes mais complicadas em que havia tantos conceitos novos que lhe era difícil acompanhar a história toda.
Já combinámos que este há-de ter sido o primeiro de muitos filmes no cinema, mamã e dona princesa num programa só de meninas.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Clarinha

A Clarinha nasceu hoje e já estamos com muita vontade de a conhecer. É a mais nova moradora lá do prédio e, segundo o orgulhoso papá, é muito parecida com o mano Gabriel. Linda e maravilhosa, portanto.

terça-feira, 5 de junho de 2012

No casamento do Carlos

Eu teria uns sete anos, o Rui dois e a Zézinha doze. Tínhamos ido ao casamento do Carlos, o primo da minha mãe, filho da tia Bárbara dos Merendeiros.Os Merendeiros era o monte da minha avó Teresa, de que agora, provavelmente já pouco mais restará do que ruínas. O Carlos casou com a Manuela, que era muito bonita, e não os vejo há muitos anos, mas é deles que me lembro sempre que vejo esta fotografia. E lembro-me de, depois da igreja, os convidados terem ido todos para o Salto, outro monte, onde foi o copo-de-água. Antes da festa, os homens foram até ao quarto onde os noivos iam passar a noite de núpcias e deixaram notas em cima da cama, como presente de casamento. Eu  fui com o meu pai, e ainda me lembro que a colcha da cama era cor-de-rosa brilhante com folhos. E que a cama era de madeira e o guarda-fatos tinha um espelho. Depois não me lembro de mais nada, a não ser que o meu irmão naquele dia tinha o nariz partido porque tinha caído, coisa que nele era muito comum, porque andava sempre a inventar novas aventuras, como saltar um muro altíssimo para casa da vizinha Amerildes e do Zé Quico.
Hoje, a Madalena olhou para esta foto e disse, muito segura de si: mamã, Rui e Zezinha. Como é que sabes isso tudo, Mada? Porque vi a cara. Pronto, está explicado.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

E a primeira frase do Pedrinho foi...

... "mamã, qué  mimi". Ou, traduzindo, "mamã, quero miminhos". Diz e depois encosta-se a mim a pedir colo e pronto, é uma carga de trabalhos para não o encher de beijinhos e não o largar.

domingo, 3 de junho de 2012

A menina dança?

E de repente, em plena Lisboa, um bailarico tal e qual os que se faziam - e fazem ainda - no meu Alentejo profundo. E não, até nem foi em nenhum bairro popular, não senhor. Foi no centro da cidade, ali para os lados de um jardim cheio de VIPs que nem devem ter achado muita graça ao barulho da música ao vivo. Mada gostou e dançou, e rodopiou, e fez sensação, a tal ponto  que uma senhora dançarina mais entusiasmada até quis dançar com ela, acabando por ser firmemente rejeitada. Pedrinho também abanou a anca, mas dado o adiantado da hora remeteu-se ao colo da mamã, e o pai deliciou-se com as habituais farturas, que ele, a bem da verdade, sempre que vai a estas coisas arranja lá os seus incentivos gastronómicos. A nossa primeira noite de santos populares, em que só faltou a sardinha, que, aliás, já me anda a apetecer há muito tempo. Nem que seja por isso, lá teremos de agendar mais uma incursão pelas festas da freguesia.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Marie: a prenda da Bia

Chama-se Marie e foi a prenda da melhor amiga, a Bia, que achou que seria "o presente ideal" para a Madalena, que "adora gatos". Eu e o Sérgio, num momento de pura insanidade, resolvemos aceitar e agora estamos os dois de cócoras no tapete da sala, a olhar para dez centímetros de gata e a discutir sobre quem é que lhe vai ensinar onde é o tabuleiro da areia.
(...) 
Fui eu, naturalmente.
Não tenho a certeza de ter sido bem sucedido, mas dona gata não poderá queixar-se de falta de informação quando, amanhã, a Inna a apanhar a fazer xixi pelos cantos.

O(s) dia(s) em que dona Princesa fez quatro anos

Foram tantos como cinco. Cinco bolos de aniversário, outras tantas velas apagadas ao som dos parabéns a você. Desconfio que tanta fartura até acabou por banalizar um bocadinho a efeméride, mas dona princesa, sempre no centro das atenções, adorou.
Primeiro foi o Rui que, logo de manhã, lhe fez a surpresa de lhe levar um queque de chocolate com uma vela e de lhe cantar os parabéns à porta da escola. Durante a tarde houve festa na sala azul, com o bolo das winx que a mamã fez e, à noite, a avó e as tias vieram jantar e trouxeram mais um, desta vez devidamente engalanado com uma Sininho.
Muita emoção, muitas prendinhas, mas a verdadeira festa foi no sábado, no parque infantil do Parque Eduardo VII. Também houve bolo, naturalmente, acabado à pressa durante a manhã, por dois pais extenuados de tanto fazer sandes e preparar outros petiscos para o piquenique. Saímos de casa já em stress, não fosse algum convidado chegar antes de nós - como de facto aconteceu - e quase tivemos um colapso quando chegámos e descobrimos que as únicas duas mesas estavam já ocupadas com outras festas de anos.
Um pequeno percalço sem importância, já que acabámos por fazer um daqueles piqueniques à séria, na relva, em cima de uma manta, mesmo ao pé dos baloiços e dos escorregas, papás sentados no chão, miúdos a correr por todo o lado, Madalena feliz, feliz, feliz, Pedrinho também, a festa de anos perfeita.
Da escola vieram Bia (a melhor amiga e a primeira a chegar), Matilde, Mohamed e mana Fátima, Maimuna e Ester. E vieram também a Laurinha e o mano Vicente, Alice e mana Sofia, Alice e mano Vasco. Mais os papás respectivos, mais o Rui, mais a tia Xanda, a Ana e a Catarina.
Um mar de gente a encher a relva e, três horas de puro prazer depois, regresso a casa, banho tomado, jantar na Rampa e um sono mais que merecido para toda a família.
O quinto bolo foi no dia seguinte, no Alentejo, juntamente com a festa de crisma da Joana e à mistura com mais uma leva de mimos e de prendas.
Amanhã,finalmente, é dia de regresso à escola e ao trabalho. Para descansar das festas de anos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ainda o vocabulário do Pedrinho

Depois de ter duplicado o seu vocabulário nas últimas férias, Pedrinho, 27 meses, está lançado e estou certa de que, mais uns tempos e ninguém o pára. Além de "papá" e "mamã" diz "vô", que tanto dá para avô como para avó, "miau", "ão, ão" e faz mais umas imitações de animais que só ele é que entende. De vez em quando também chama pelo Rui - "Gu" - e hoje, quando cheguei a casa ao fim do dia, deparei com uma Inna a rebentar de orgulho porque o Pedrinho tinha uma palavra nova: "cocoio", leia-se, Pocoyo, esse ícone dos desenhos animados para miúdos.
Tenho a mais absoluta das certezas que ele percebe tudinho o que ouve, mas prefere não dizer nada porque não se sente seguro das suas potencialidades. Quando perceber que afinal é tão fácil, solta-se-lhe a língua. A dra. Filomena, a médica dele, respondeu-me muito calmamente que "ele está a absorver informação". "Dê-lhe tempo", aconselhou, perante a minha impaciência em ouvir finalmente o meu filho a falar e saber o que vai naquela cabecinha. É esperar, portanto, que a paciência é uma virtude muito importante.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Em contagem decrescente

Primeira frase ao acordar: Mãe, é hoje que eu faço anos? Não, Madalena, é só na sexta-feira. Mas porque é que não pode ser hoje? Porquê?
Hoje entrámos na contagem decrescente para o grande dia dos quatro anos e ontem à noite estivemos a preparar os cartões de convite para os amigos da escola. Uma emoção muito grande a antecipar o grande dia dos quatro anos, uma emoção quase tão grande para mim como para ela, a minha filha que há dois dias acabou de nascer, mais uns aninhos e entra-me para a universidade. É que já não falta muito, a ter em conta o primor com que escreveu o nome dos amiguinhos em cada um dos convites, como os  ilustres leitores poderão confirmar na foto aqui do lado.

Primeiro desgosto

Mamã, mandei a música das Winx para o caixote do lixo! Madalena, de iPhone na mão estendida, à beira das lágrimas. Tantas vezes viu e reviu a pequena filmagem que fizemos no concerto com o telemóvel, que se enganou e sem querer a apagou. Um erro crasso, porque por mais que tentasse não lhe consegui recuperar o filme. E quando finalmente tive de lhe confirmar a má notícia, Dona Mada ficou tão triste, tão infeliz, que se eu pudesse tinha ido a correr assistir a outro concerto das Winx só para lhe filmar mais cinco minutos. Chorou, chorou, inconsolável, as lágrimas a correrem e sem uma única palavra, só uma tristeza muito grande, os ombros a subir e a descer ao ritmo dos soluços, que aquilo não era birra, era desgosto a sério, daqueles que sentimos perante a força de uma inevitabilidade. E eu a pensar que quem me dera poder protege-la para sempre de todas as perdas e desgostos que há-de ter pela vida fora, porque viver é isso mesmo, mas sabendo perfeitamente que muitas vezes pouco mais poderei fazer além de a abraçar assim, com muita força, e desejar que ela venha sempre ter comigo quando precisar de um ombro. Acabou por adormecer deitada no sofá, a cabeça no meu colo, agarrada à sua Gatinha. Quando acordou, nem uma palavra mais sobre o acidente, mas à noite na cama, as luzes já apagadas, ainda me disse mamã, mandei a música das Winx para o caixote do lixo...