A Manuela e o Carlos cristalizaram algures na minha memória
no dia do seu casamento. Foi o primeiro casamento a que fui e lembro-me
perfeitamente dela, vestida de noiva, com um vestido branco tão bonito. E da
cerimónia na igreja, do copo de água no monte dos pais dela e da romaria de
convidados à casa onde os noivos iriam morar, toda a gente a entrar no quarto e
a deixar notas em cima da cama de colcha cor-se-rosa. Eram presentes, mas era também para dar sorte e um futuro onde
nunca faltasse o dinheiro. E lembro-me de nós os três na igreja, do meu
vestido aos quadrados rosa salmão provavelmente feito pela mãe, das meias de renda até ao joelho feitas pela avó Teresa. E do Rui com o nariz
partido – andava sempre com o nariz partido, o meu irmão pequeno –, da Zézinha
de repente grande de mais, porque naquele ano tinha crescido tanto, tanto e
estava muito mais alta do que eu.
No fim-de-semana encontrei-os no Alentejo. A Manuela e o
Carlos, ambos de cabelos brancos, as minhas memórias a quebrarem-se em mil
bocadinhos e eu sem ser capaz de fazer as contas aos anos que passaram entretanto.
1 comentário:
Há trinta e sete anos,que saudades eu tenho de quando os meus filhotes eram pequenos.O tempo passa as recordações ficam.
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