quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Escatologias

1. Não há nada que divirta mais os meus filhos do que as palavras cocó e xixi. Riem, riem, riem, fazem barulhinhos, imitam puns e se for preciso ficam naquilo tempos infinitos. É que nem há outra coisa que os consiga distrair tanto, ao ponto de, admito, já ter utilizado as palavrinhas mágicas para parar uma birra, desligar a televisão ou convencê-los a ir para a mesa. Espero que seja uma fase, por isso nem dou muita importância à coisa. E, no entanto, é impossível não ficar deliciada com aquelas gargalhadas.

2. Pedrinho, para que conste, há quase um mês que, durante o dia, já não usa fralda. À noite ainda não há segurança para tanto, mas também acorda de vez em quando a pedir para ir à casa de banho. Faz cocó e depois lá fica, a espreitar para a sanita enquanto puxamos o autoclismo. A curiosidade é tanta que um dia destes se debruçou um pouco mais do que devia e pimba, chucha lá para dentro. Mamã, chamada de urgência, lá fez o que tinha de fazer e resgatou a "tu" que foi direitinha para a chaleira onde ficou a ferver durante bastante tempo (mandá-la simplesmente para o lixo era impensável). Entretanto, teve de consolar o infeliz proprietário que a partir daí, apesar de continuar a despedir-se entusiasticamente do seu cocó, nunca o faz sem antes agarrar fortemente a chucha.

sábado, 24 de novembro de 2012

E a grande noticia da semana é...

... que a Ana está grávida. A nossa Ana do Alentejo, como é conhecida cá em casa, tem um bebé na barriga, que há-de vir conhecer-nos lá para a primavera do ano que vem. Esta família está cheia de sorte e já gostamos muito dele. Ou dela, pois claro, que a mim palpita-me que vai ser uma rapariga. Beijinhos, querida Ana

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Era uma vez uma máquina de lavar roupa

Durante muito tempo foi assim: à sexta feira a mãe enchia os alguidares de água e detergente e, durante toda a manhã, lavava a roupa da semana. As mães dos outros meninos faziam o mesmo. Vivíamos no Alentejo, o 25 de Abril tinha acontecido havia poucos anos, o FMI estava quase a chegar e pouca gente tinha dinheiro para luxos. Depois o meu pai fez uma surpresa à minha mãe e apareceu lá em casa uma máquina de lavar roupa novinha em folha que nos deixou todos orgulhosos e mais ainda à minha mãe, com certeza, que lavar a roupa da família toda à mão não havia de ser nenhuma pêra doce.
Hoje em dia não nos passa pela cabeça não ter uma máquina de lavar roupa. Ou aquecer a água do banho no fogão porque não há esquentador. Temos a vaga noção de que haverá casos desses, mas na verdade estão sempre muito longe de nós. Preocupam-nos, mas esquecemo-los logo a seguir, no meio dos ritmos alucinados das nossas vidas onde não falta (quase) nenhum electrodoméstico.
Neste caso, a realidade não me deixou esquecer tão facilmente. Era preciso arranjar uma máquina de lavar roupa para a mãe das gémeas, porque é inverno, porque há muita roupa que se suja e, sobretudo, porque as técnicas da Segurança Social acham que uma máquina de lavar roupa numa casa é essencial para que uma família de risco não ultrapasse ainda mais as fronteiras do risco.
E a máquina de lavar roupa lá está, já em casa. Um post no Facebook fez milagres. Apareceu uma em segunda mão em Odivelas, outra em vila Franca de Xira, outra ainda em Lisboa. E houve até quem telefonasse a oferecer-se para dar uma nova, comprada de propósito para as gémeas. Não foi preciso, que o problema já estava resolvido. Mas valeu a pena. Porque há quem se preocupe e isso é sinal de que nem tudo está perdido. Que, quando é preciso, ainda temos capacidade de desligar dos nossos dias.