segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma pérola por dia # 1

[Abre-se aqui uma nova rubrica neste blogue, uma espécie de baú de lembranças para dona princesa e senhor Pedro]

Estamos a ver anúncios na televisão, um dos passatempos preferidos da Madalena. Um deles, da Chicco, é de um cavalinho de baloiço. "Gosto de cavalinhos", anuncia ela. "Avó Fatinha vai dar um".

(Vem isto a propósito de uma promessa telefónica feita pela avó vai para mais de três meses e da qual dona princesa, naturalmente, ainda não se esqueceu. Assim sendo, avó, mais palavras para quê?)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Efeméride

Dona bebé faz hoje dois anos e meio. Ontem, a antecipar a comemoração e porque a mãe fez greve e ficou em casa, foi ao cabeleireiro cortar a franja que já lhe tapava os olhos. Lá ficou, a olhar-se no espelho, seguindo atentamente a operação, vaidosa que se farta, ao ponto de, pacientemente, deixar que lhe cortassem o cabelo e, ainda, que lho esticassem até desaparecerem os caracóis. Depois rumámos à Baixa, a assistir ao concerto dos grevistas e comer castanhas assadas, programa só de mãe e filha, como ela gosta. Temos grandes conversas as duas e, mesmo sabendo muito bem que não é assim e que um dia ela há-de ir à sua vida, gosto de pensar que com ela ao meu lado nunca mais na vida me hei-de sentir sozinha.

Do contra

Sabem aquelas teorias de que os anti-estamínicos dão sono? Eu estava mesmo muito esperançada, mas com senhor Pedro, nem isso funcionou. A alergia passou, a conjuntivite e a constipação também passaram, mas o que não lhe passou foi aquela energia toda que o faz achar que dormir é uma verdadeira perda de tempo. Continua a acordar-e eu também- várias vezes durante a noite, das quais pelo menos duas são para beber leite.
O que é que se faz? Espera-se que passe, que não estou a ver mais nenhuma alternativa.
Aquelas teorias de deixar a criança chorar até desfalecer e não lhe dar comida não são para mim. Sei muito bem que ele não tem fome, que está é mal habituado, que já tem mais do que idade para que o estômago aguente pelo menos seis ou sete horas sem reforços, mas a verdade é que não sou capaz de o deixar aos berros. Até porque se o deixo acordar a mana estou ainda mais tramada. Assim sendo, salto que nem uma mola mal o ouço a acordar, saco do biberão que fica sempre previamente preparado e enfio-lho pela boca. Depois adormecemos os dois, ele e eu, ele no meu colo, eu encostada à parede. E são assim as minhas noites. Encho-o de beijinhos, mergulho o meu nariz no pescoço dele e aproveito para o abraçar até não mais poder, enquanto ele não cresce e decide que não está para aturar os mimos da mãe.

domingo, 21 de novembro de 2010

Pedrinho o sedutor

Ficou a olhar para a médica pelo canto do olho, como se não fosse nada com ele, assim meio a esconder a cara, para logo depois a presentear com um belo sorriso, ainda cheio de lágrimas do berreiro de há dois minutos atrás. Um verdadeiro atiranço, foi o que foi. Ela não lhe resistiu e lá ficaram os dois, descaradamente, numa animada troca de sorrisinhos. É um sedutor, este rapaz, tenha cuidado com ele, que com 18 anos as raparigas não lhe largam a porta, disse-me a doutora à laia de despedida, estendendo-me a receita com o anti-estamínico e o colírio para os olhos. Quanto ao senhor Pedro, milagrosamente, já não chorava e continuou, corredor fora, a distribuir sorrisos à esquerda e à direita.
É certo que o rapaz tinha tudo menos ar de doente, mas eu, à cautela, resolvi levá-lo à Estefânia, porque na hora do banho tinha a pele que parecia carne viva, tamanha era a borbulhagem. Além disso a coisa estava claramente a incomodá-lo e a perspectiva de mais uma noite sem dormir não me animava nada. Foi da manga que lhe dei a provar e que lhe fez a primeira alergia dos seus nove meses, diz a médica com 90% de certezas. A conjuntivite veio com a constipação e também teve direito a tratamento, que espero que faça rapidamente efeito porque descolar-lhe os olhos de manhã é um tormento.
E pronto, mais uma vez o balanço da ida à Estefânia (a segunda do Pedrocas) foi bastante positivo. A espera não chegou sequer a uma hora e até teria sido divertido se não fosse haver lá miúdos mesmo doentes, coisa que me deixa sempre com o coração muito apertadinho.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Homem pequenino é bom dançarino

Confirma-se. O nosso homem pequenino cá de casa descobriu a Lagarta Flora e põe-na a tocar sozinho, ao mesmo tempo que, sentado nobumbo, vai abanando os ombros a marcar o ritmo. Todo satisfeito consigo próprio, brinda-nos com belos e orgulhosos sorrisos, arriscando-se a terríveis ataques de beijinhos.
Está maravilhoso. E hiper activo, agora que descobriu que pode gatinhar e partir à conquista do mundo. Desconfio que até sonha que anda pela casa, porque acorda várias vezes durante a noite e obriga-nos todos os dias a madrugar, como que a dizer que há coisas muito mais interessantes do que ficar com o rabinho na cama. Espero que lhe passe rapidamente esta fase de excitação, que isto de acordar de três em três horas está a deixar-me de rastos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dom Pedro, o Explorador

Deixei sua magestade no tapete dele na sala, entretido com o comando da televisão - mais um achar que o comando é dele - e fui espreitar a máquina de lavar roupa nova que vieram entregar hoje, confiante que o rapaz nem se atreveria a descer o degrau para me seguir. Acontece que ele não foi da mesma opinião. Desceu mesmo e quando démos por ele, eu e a Madalena, estava atrás de nós, com um sorriso vitorioso, pronto a meter a mão na comida dos gatos. Foi apenas a primeira expedição da noite. Trouxe-o de volta à sala, armei-me de máquina de filmar e deixei-o ir à descoberta da casa. Andou por todo o lado, quase sempre atrás da mana, e finalmente decidiu ficar no quarto dos brinquedos, para grande transtorno de dona Madalena, que tratou de trasladar metade dos seus pertences para a cozinha, numa tentativa de os pôr a salvo do mano. Está tudo registado em vídeo, até o meu sorriso de mãe babada, que estava tão grande e rasgado que também tinha de ficar para a posteridade. Quanto a dom Pedro, de pijama encardido nos joelhos, caiu na cama que nem uma pedrinha mas ainda com o sorriso feliz e vitorioso da noite.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

500 palavras? ná...

Papá a tomar o pequeno almoço e com preguiça de ir buscar mais um copo para a filha, que resolveu pedir suminho. Bebemos os dois por este, é o nosso copo, diz-lhe, a ver se a convence. Nã quéio, papá beber tudo e para mim nada, responde ela muito indignada. E lá foi o pai, muito caladinho, buscar um copo para a princesa.

Ora bem, os especialistas dizem que nesta idade o vocabulário ronda as 500 palavras. Eu por mim nunca contei, mas tenho a certezinha absoluta que a rapariga, além de umas boas centenas de palavrinhas, bem mais que meio milhar, conhece também a gramática inteirinha. Ai que orgulho.

Madalena GPS

Chuvinha lá fora, papá de folga e toca de nos armarmos em finos e, muito airosos, levar dona princesa de carro para a escola. Ao fim de três minutos de percurso, o primeiro desvio, por causa de umas obras quaisquer. Madalena topou imediatamente e tratou de avisar que não senhora, que não queria ir para a piscina, que queria era ir para a escola. Lá lhe explicámos que sim, que iamos a caminho da escola, mas que desta vez tinhamos de ir por uma rua diferente e que por acaso era o mesmo caminho da piscina. Um pouco mais à frente, trânsito parado. Dez minutos depois, a passo de caracol, mais obras e um novo desvio a obrigar-nos a andar no sentido oposto ao que precisávamos. Do banco de tras nova reclamação: mamã, quero ir para a escola! Nessa altura resolvemos pôr o CD da "música da Madalena", a ver se a distraíamos. Entretanto eu já estava atrasada para uma entrevista, o pai estava atrasado para uma reunião e Madalena berrava lá atrás que não queria ir para casa, que queria era ir para a escola. Estava coberta de razão, aliás, porque meia hora depois de termos saído de casa, a porcaria dos desvios tinha-nos conduzido exactamente ao ponto de partida, ou seja, à nossa rua. Quarenta minutos passados, lá chegámos à escola e Mada estava tão farta daquilo tudo que ficou sem um queixume que fosse e com um ar aliviadissimo.

Moral da história:
1. mais vale levar a miúda a pé, mesmo com chuva;
2. andar de carro em Lisboa é uma seca (como andamos sempre a pé, às vezes esquecemo-nos);
3. dona Mada veio com um GPS incorporado e conhece as ruas de Lisboa (as do nosso bairro, pelo menos) tão bem como a palma da mão.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Privilégios

Já não sei porquê, Mada e o pai estão a falar da vizinha do primeiro andar, uma senhora já velhota e muito simpática. O pai pergunta-lhe: gostas da dona Helena? Um segundo de silêncio e responde: gosto da mãe. E logo a seguir: gosto do Pedrinho. Gosto do pai. E gosto da gatinha.
Eu, que estou no meu quarto, às escuras, a dar a maminha da noite ao Pedro, só me apetece abraçá-la imediatamente. Abraçá-los aos dois com muita, muita força. E sinto-me a mãe mais privilegiada do mundo. Porque ser mãe destes miudos é um privilégio muito grande. E, mais, é um privilégio a dobrar acompanhar o crescimento deles, aprender com eles como a vida pode ser, e é, uma coisa tão bela e fantástica em que vale a pena aproveitar cada segundo. São lindos, os meus filhos.

Mais uma data memorável

Além de lhe termos descoberto mais um dente, que o anda a chatear à brava, Pedrinho presenteou-nos ontem com uma bela exibição da sua mais recente mobilidade. Começou por se retirar graciosamente do Bumbo para cima do tapete - se bateu com a cabeça no chão, coisa que me parece muito provável, não se queixou nem nós nos démos conta. Depois, dirigiu-se calmamente para onde a mana estava sentada, a fazer o seu puzzle do Noddy, a mais recente aquisição. Uma vez aí chegado, apropriou-se de várias peças que examinou atentamente e tratou de encher de baba, para grande irritação da Madalena, chateada, não só com a apropriação indevida, mas também com o facto de aquilo estar tudo encharcado. Como a mana não lhe deu grande conversa, decidiu ir explorar os vários cantos à sala. E lá foi, a arrastar-se pelo chão frio, mais do que propriamente a gatinhar e com os dois pais babadissimos a seguir-lhe cada movimento de máquina de filmar em punho.
Assim foi, portanto. Senhor Pedro já gatinha. Muito à sua maneira, é certo, mas o pontapé de saída está dado. E o nosso já mísero sossego está a chegar ao fim.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Orgulho a quanto obrigas

Na semana passada levei-a à escola e aproveitei para me actualizar sobre como se tem andado a portar. Muito bem, muito faladora, canta, dança, brinca com todos sem problemas, dorme bem, já anda o dia todo sem fralda (e sem acidentes), como bem e... bom, como não há bela sem senão, a Susana lá me informou que dona princesa come tudo, sim senhora, mas nunca pela sua mão. Senta-se à frente do pratinho e, basicamente, espera que a sirvam e lhe levem a colher à boca. Isto quando praticamente todos os meninos da sala comem sem qualquer ajuda. Eu tive de reconhecer que em casa ainda lhe dou a comida, porque são dois e tenho de me despachar, senão saímos da mesa lá para as dez da noite, mas vim-me embora com o compromisso de a incentivar a ser mais autónoma na hora das refeições.
Insisti um bocado, é certo, mas também lhe contei a conversa com a professora. Só tu e a Carolina é que não comem sozinhas, disse-lhe. E tu não percebo porquê, porque sabes muito bem como se faz. Ficou a matutar na coisa e disse-me: Susana muito zangada. Pois claro que sim, respondi-lhe.
Hoje, fui buscá-la à escola e nas informações diárias que colocam na parede, lá estava o habitual "comeu bem", seguido de duas palavrinhas: "sem ajuda". Dona princesa, essa não cabia em si de orgulho.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Comemoração

Este ano fomos para Tomar e para o Hotel dos Templários. No ano passado foi no Porto, ainda com o Pedro na barriga e em 2008 no Crato, pela primeira vez com a princesa. Em 2007 estivémos em Borba e em 2006 tinhamos viajado de combóio até Madrid. Em 2005, o primeiro ano do resto das nossas vidas e ainda tão longe daquilo que temos hoje, estávamos no Vietname, em Hoi-Han. Era o dia 30 de Outubro, véspera da chegada do furacão Kai-Tak.

Gostava de poder viajar sempre para qualquer sitio diferente no dia da nossa-comemoração-pirosa, porque foi, afinal, com uma viagem, que tudo isto começou. Antes a dois e daqui para a frente sempre a quatro.