terça-feira, 24 de setembro de 2013

Madalena, menina corajosa

Doma Madalena lá foi, sozinha, corredor fora, a mochila numa mão, a gatinha apertada na outra. Abriu a porta da sala, ainda olhou orgulhosa para o papá e depois entrou. Sem choros. O pai foi-se embora, coração apertado com a valentia da sua menina. Daqui para a frente, espera-se, acabaram-se os medos de ir sozinha para a sala e não haverá mais lágrimas quando a deixarmos à entrada da escola, às nove da manhã.
Esperemos que seja mesmo assim, porque me fico de rastos quando a deixo infeliz, mesmo sabendo muito bem que daí a poucos minutos estará a brincar com as novas amigas, já esquecida da tristeza matinal. "Gosto muito da escola nova, mãe. Temos leite com chocolate e vamos três vezes por dia ao recreio, é muito bom."

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quem tem filhos tem cadilhos, ai tem, tem

Se ela não tivesse cinco anos e ele três, eu dizia que tinham combinado tudo. Mada foi a primeira a falar comigo ao telefone: estamos aqui no escorrega, mãe, gostava muito que estivesses aqui. Depois veio o Pedrinho e, muito telegráfico, declarou: eu quero a mãe aqui. A Inna riu e jurou que estavam óptimos e felizes, mas eram cinco e meia da tarde e à minha frente uma página inteira esperava por mim para ser preenchida.





segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Setembro que grande mês *

 "Se te sentires muito infeliz, voltamos para casa mais cedo." Foi com esta promessa que a convenci a sair de casa para o primeiro dia na escola nova. Estava uma pilha de nervos e durante algum tempo não se lhe viu um sorriso. Eu e o pai ficámos com ela toda a manhã em que durou a apresentação, juntos assistimos a uma peça de teatro organizada pelos meninos mais crescidos, fizemos jogos no recreio, explorámos a sala nova, elogiámos os desenhos e a plasticina e dona Princesa, quando deu por ela, já sorria e brincava. Ainda lhe perguntei se estava muito infeliz, mas não, não estava, anunciou, e por isso não se falou sequer em voltar para casa mais cedo. Depois fomos as duas às compras, coisa de raparigas, com direito a almoço no Mc. Donald's antes de regressarmos a casa, e o primeiro dia de escola acabou por se passar sem grandes dramas. Até porque entretanto descobrimos que a Maimuna e a Teresa, da escola antiga, estão na mesma sala, o que lhe aquietou os medos de estar num sitio onde não conhecia ninguém e não tinha amigas para brincar.
Quanto a nós, os pais, tivemos o primeiro embate com a escola pública. Muito mais impessoal que o antigo infantário - é verdade que estamos ainda no princípio - mas, pelo menos para já, com competência, boa vontade, e gente simpática e interessada.

Para Pedrinho, os tempos também são de novidade. No primeiro dia depois das férias subiu a escada da escola a correr para ver a sala nova e os colegas novos e mostrar os brinquedos que levava. Ficou feliz, sem uma lágrima, mas agora, passada a novidade, descobriu de repente que a mana já não está na mesma escola e chora baba e ranho quando o deixamos de manhã. Só hoje percebemos o que se passava, porque estava com um ar tão triste que lhe perguntei se estava infeliz e me explicou que sim, e que queria a mana. Foi um choro tão grande que quase agarrámos nele e fomos todos para casa fingir que ainda estávamos de férias.


* Título roubado a um livro da Odette de Saint Maurice que li quando era miúda. Nesse tempo Setembro ainda era de férias, a antecipar o regresso às aulas, e o que eu sonhei com aqueles livros e com as férias da família Macedo.