quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Enfermeira Cristina

Ontem tive de ir ao Centro de Saúde do Coração de Jesus, para tratar das burocracias todas que implicam informar o Estado que estou grávida. Uma senhora muito simpática informou-me que tenho consulta daqui a mês e meio - felizmente antes da data prevista para o parto - e que se precisar muito posso ir um dia de manhã às urgências - o que implica estar lá às oito para ver se há vaga e marcar pessoalmente, porque por telefone não dá. Também me informaram que não tenho direito a um médico regular, o que significa ser atendida por aquele que tiver vaga quando me fizerem as marcações. E mai nada, que isto é o Serviço Nacional de Saúde e toda a gente sabe que não há médicos suficientes porque andam todos no privado, diz a simpática senhora, enquanto espirra delicadamente para as mãos e volta a manusear o papelote da marcação da consulta que me há-de dar daí a pouco (atrás dela, um cartaz sobre a gripe A aconselha a usar sempre um lenço ou a espirrar para o braço, nunca para as mãos...).

Perante tamanha simpatia e diligência, agradeci muito a atenção e tratei de me pirar, feliz por ser das poucas privilegiadas deste País que tem dinheiro para pagar a consulta no privado e ir acompanhando com regularidade o desenvolvimento do meu bebé. Feliz, mas deprimida com a vida, a rogar pragas ao Socrates e mais à ministra e a todos os membros do Governo, que, obviamente, nunca são obrigados a recorrer ao SNS, senão saberiam o que é bom para a tosse.

E eis que de repente, aparece a enfermeira Cristina, a mesma que fez o teste do pézinho à bebé e que me telefonava para casa a lembrar as datas das vacinas. Deu-me os parabéns pela minha barriga,que ainda mal se nota, perguntou pela "Madalena, que agora está com 16 meses, não é?" e mandou-me marcar-lhe o rastreio oftalmológico, "que já está mais do que na altura de ver se a rapariga tem bons olhos". E pronto, ainda que temporariamente, a Enfermeira Cristina, que eu já não encontrava há quase um ano, lá me reconciliou com o SNS. Pelo sim, pelo não, resolvi manter uma a uma as pragas que já tinha mandado a todos os membros do ilustre Executivo, que andam muito preocupados com grandes investimentos, mas se esquecem de incluir no rol uma coisa tão básica como é a saúde de todos nós.

Escola

Está uma rapariga nova. Chega à escola, estende os braços para a Susana ou para a Paula e só choraminga um bocadinho quando nos vê a vir embora. Depois toca de brincar, como se nada fosse. Os relatórios diários, transmitidos pela Elena, indicam "Madalena óptima, professora diz, almoço tudo, dormir dois horas,cocó normal dois vezes. Muito bom". Mais palavras para quê?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Madalena também foi votar

O Pedro Elias captou o grande momento. A seguir foram o Louçã e o Sócrates, que votam no mesmo local, mas já não tiveram protagonismo nenhum, como se imagina.

Legislativas

O Sócrates ganhou as eleições, mas perdeu a maioria absoluta; o Bloco duplicou os deputados, mas não o suficiente para poder chatear o PS; o PP passou de 5º para 3º no Parlamento e não há quem aguente o Portas e o PCP passou para último na Assembleia, mas como teve mais 30 mil votos conseguiu mais um deputado. Ah, e o PSD foi por aí a baixo, a Ferreira Leite, coitada, assim a modos que em roda livre, ainda segunda força política, mas uns belos oito pontos atrás do Sócrates e já com os jotas todos a fugir dela e a buscar apressadamente um lugar debaixo da asinha do Passos Coelho. Várias semanas de campanha, um dia de reflexão e um Domingo a votar e deu nisto. Hoje o País acordou mais ou menos na mesma, como a lesma, com as mesmas caras de sempre a governar a nação, e vamos embora que amanhã o Cavaco fala ao País às oito da noite e mais duas semanitas e temos mais um acto eleitoral, desta vez para eleger os ilustres do poder autárquico.

Querida Madalena, é assim o País que temos e receio bem que daqui a uns anos, quando finalmente tiveres paciência para ler este blog, pouca coisa tenha mudado. Em todo ocaso, nem sequer é tão mau como parece, tirando o Cavaco, que é muito pior do que parece (e já parece muito mau...). Ontem à noite o pai e a mãe ainda se divertiram a trabalhar em dia de eleições, a A bebé também esteve muito bem, com a avó e com os primos e nas próximas semanas de certeza que vão reabrir o Jardim do Torel, fechado para obras vai para um ano, que o António Costa há-de querer fazer a inauguração da coisa.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pesos na consciência

Pomos o despertador para as oito e todos os dias dizemos é hoje, é hoje que vamos sair da cama cedo, chegar à escola da Madalena às nove e pouco e ir daí direitinhos para o trabalho. Pura ilusão, claro, que o despertador toca sempre, mas as horas acabam sempre por resvalar. Ou porque ela chora (e como chora), ou faz cocó e temos de lhe mudar novamente a fralda (não torçam o nariz, que isto é um "baby blog", por isso é suposto falar destas coisas), ou porque acontece outro imprevisto qualquer e pronto, mais uma vez chego ao trabalho já depois das dez.
E a correria continua, as horas parece que voam no relógio e quando dou por ela já passa das sete e eu ainda queria fazer mais umas vinte coisas, pelo menos, mas tenho de vir para casa, que a Helena supostamente sai às sete e meia e contam-se pelos dedos de uma mão os dias em que até hoje conseguiu cumprir o horário. Saio a correr e apanho o primeiro taxi que me aparece, já de consciência pesada, porque a Madalena ainda não jantou, porque quero que ela tome banho antes de comer, porque o resto das pessoas fica e eu piro-me airosamente. Cheia de pesos na consciência e sem me permitir lembrar que estive lá nove horas e que devia haver limites para tudo, até para o tempo que passamos enfiados no trabalho, como se trabalhar nove ou dez horas por dia, quando não são mais, fosse a coisa mais normal desta vida, tão normal que já não se questiona. E logo nós, nesta bela desta profissão, em que deviamos questionar tudo...

domingo, 20 de setembro de 2009

Madalena foi à bola

Não foi ainda ao Benfica, mas foi quase o mesmo: fomos ver a segunda parte de um espectacular Castrense-Lusitano de Évora, no magnífico campo relvado de Castro Verde e depois de um passeio/piquenique na Fonte dos Milagres. O jogo terminou empatado a 1 e dona Bebé e seu papá gostaram muito. Eu preferi ficar a olhar para eles, tão lindos e maravilhosos, e a tentar perceber se estava ou não a sentir o bebé na barriga, algo que, naturalmente, se revelou impossível no meio da barulheira do campo de futebol.
Os fins-de-semana no Alentejo são uma benção de paz e sossego, mas este teve pouco de descanso. É que a minha filha resolveu ficar colada a mim cada minuto do dia e não houve maneira de a convencer a ir dar uma volta com a avó enquanto eu ficava refastelada no sofá. Desde que comecei a deixá-la na escola está sempre desconfiada que nós vamos embora sem ela e transformou-se numa verdadeira lapa. Se isto não lhe passa rapidamente, estou metida numa bela duma confusão...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Momento de poesia

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você

Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim e eu não existo sem você

Vinicius de Moraes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mãe em estado de choque

A bebé continua a chorar desalmadamente quando a deixamos no infantário. Os olhos dela cheios de lágrimas, os bracinhos estendidos na minha direcção, vêm comigo para o trabalho e não me largam durante todo o dia até que chego a casa e ela corre para mim. Nessa altura lá me convenço que se calhar não está assim muito zangada comigo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

E pela primeira vez...

... senti um bebé na barriga. Pela primeira vez, desta vez, entenda-se. E agora que já sou uma rapariga experiente nestas coisas, não tive dúvidas nenhumas sobre o que aquilo era, um pequeno pontapé, uma mudança de posição, talvez um bracinho a espreguiçar-se, acabadinho de acordar.
Há poucas sensações tão boas como esta.

E vão 15 semanas e cinco dias. O tempo passa a correr.

Momento zen do dia...

...é ir para a cama à noite, com ela ao lado, muito aconchegadinha a mim, a beber o último leitinho do dia. Não há stress que resista. O pior é quando adormecemos as duase depois é preciso muita coragem para a devolver à caminha dela.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Madalena vai à escola

No primeiro dia foi com a mamã e o papá, ficou apenas uma hora e quando de lá saiu já tinha dado ideias aos outros meninos, instituindo a moda de arrastar cadeirinhas pela sala. Não chorou uma única vez.
No segundo dia também correu tudo muito bem. Brincou, dançou, destribuiu sorrisos pela Susana (a educadora) e pela Paula (a auxiliar) e não ligou nenhuma aos outros meninos, que também não lhe deram grande atenção. O que de resto não interessa nada, porque a sala está cheia de brinquedos novos para explorar.
Ao terceiro dia, já que tudo corria tão bem, a rapariga ficou para o almoço e os papás retiraram-se durante uma horita, deixando-a lá sózinha. Caiu o Carmo e a Trindade, claro, e vai passar muito tempo até me esquecer da carinha dela, a chorar deinfelicidade quando nos viu a ir embora. O pai estava de tal forma que não conseguia abrir a cancela para sair e a mim só me apetecia voltar lá para dentro para a abraçar. Soubémos depois que o choro até nem durou assim tanto e que comeu um prato de sopa inteirinho, coisa que em casa se recusa terminantemente a fazer.
No quarto dia, ou seja, hoje, fez gazeta. Passou a noite cheia de febre, em princípio numa reacção às vacinas dos 15 meses, porque não tem mais sintomas nenhuns.
Semaninha complicada...

domingo, 6 de setembro de 2009

Novo amor

É uma cadeirinha de madeira, com fundo de bunho, que há-de ter uns 50 anos porque era do Mário, que teria talvez essa idade se ainda andasse por cá. A cadeira viajou da Chaminé para Castro, e depois para Lisboa e já não sei quantos meninos brincaram com ela nestes anos todos. Agora é da Madalena e é o seu novo amor. Passeia pela casa toda, com outros brinquedos em cima, a sua dona muito compenetrada a arrastá-la e a sentar-se de tempos a tempos, toda cuidadosa não vá o rabinho escapar-se para o lado como às vezes ainda acontece. A cadeira acompanha-a até junto à cama, quando é altura de dormir a sesta, e só não vai lá para dentro juntamente com a Gatinha porque a mamã se recusou terminantemente a ajudar e ela sózinha não conseguiu. Com grande pena, naturalmente.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bons sonos

Madalena, vamos dormir. E ela lá vai, chucha na mão, até à casa de banho. Primeiro lavam-se os dentes, pois claro. Depois, Gatinha a postos, ala que se faz tarde. Adeus para o papá, que fica no sofá, adeus para a mamã, luz apagada e porta fechada. Bons sonos, querida. De vez em quando ainda há um ou outro choro de protesto, mas coisita pouca. E para o evitar nada melhor do que deixar vária chuchas à mão, tira uma, põe outra, recupera a primeira, e assim adormece, sózinha no quarto dela. Será que vai continuar assim quando chagar o/a mano/a e passar a partilhar o quarto?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quinze meses...

... e mais uma visita à bruxa horrível. Vinte minutos, mais coisa menos coisa, de berros e gritos de cortar o coração mais insensível. A médica, contudo, manteve-se impassível, enquanto a auscultava e tentava, sem sucesso, que se equilibrasse na balança, para a tentar pesar. Foi tudo infrutífero. Saímos com uma ideia aproximada: pesa entre os nove e os nove quilos e meio e anda perto dos oitenta centímetros. De resto tudo bem, continua cabeçuda como sempre, adeus e voltem cá aos 18 meses que já não posso ouvir esta pivete, pensou mas não disse a pediatra.
Ainda estou para saber por que raio chora ela tanto, porque a bruxa horrível é, na realidade, uma senhora muito calma e simpática, que atura com toda a paciência as muitas perguntas que nós lhe levamos e atende o telemóvel cada vez que sua magestade resolve ficar com alguma mazela. Não sei porquê, mas a verdade é que ela detesta ir à médica. E mal sai de lá, ainda nós estamos a pagar a consulta, já está com o arzinho angelical de quem não parte um prato, muito satisfeita consigo própria, convencida, quase de certeza, que mais uma vez nos conseguiu vencer.