segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Amigos

Tem duas bonecas, ambas vestidas de cor-de-rosa e com lacinhos na cabeça. Passeia-as à vez, dá-lhes maminha (levanta a camisola e tudo, tal qual como me vê a fazer com o mano), leva-as ao médico (está muito doente, mamã, diz com ar preocupado) e, naturalmente, já as baptizou às duas. São o João e o Noa. Os nomes dos colegas do ano passado que este ano mudaram de escola. Falta o Nuno, que foi morar na Alemanha, mas desse só fala quando aparece algum principe nas nossas histórias. Nesse caso, é sempre o principe Nuno.

Mimi

"Era uma vez uma menina, chamada Mimi. Morava numa casa muito bonita, com um jardim. Vivia com a mamã, o papá e um mano, chamdo Pedro. A Mimi tinha um gatinho, chamado Pom-pom e um cãozinho, chamado Ão-ão. Um dia, a Mimi acordou e a mamã disse-lhe..."

E a história vai por aí fora, ao sabor da imaginação, dos acontecimentos do dia ou dos pedidos da princesa. A Mimi foi inventada numa noite qualquer, em que o sono estava a demorar muito a vir, e desde aí marca presença quase diária na cama da Madalena. O início é sempre o mesmo e ela já antecipa as palavras, que sabe de cor. Aliás, já a apanhei a contar ela própria histórias da Mimi às bonecas. Identifica-se com a personagem, claro, mas se por acaso nós nos enganamos e em vez de Mimi dizemos Madalena, fica toda indignada e trata logo de nos corrigir. A Mimi, essa já faz parte da família.

domingo, 24 de outubro de 2010

O recurso aos grandes métodos

Pedrinho não quer a papa e chora furiosamente, ameaçando lançar-se do bumbo abaixo (já o fez uma vez, portanto agora andamos sempre de olho nele). Mada acabou de acordar, está de mau humor e também não quer a papa. A mãe está a preparar-se para entrar no duche (finalmente) e não pode ir fazer de bombeiro. O pai, só com duas mãos, também não se safa. Solução: Ruca. Liga-se a televisão, coloca-se o filme e os dois anjinhos estão de volta, ela enroladinha no sofá, ele na sua cadeirinha, muito sério, a papar o episódio do princípio ao fim (com esta idade, dona Madalena só se concentrava mesmo nos anúncios da televisão). O papá aproveita e vê também. É pouco pedagógico? Se calhar é, mas pronto, há momentos em que é preciso recorrer aos grande métodos.

sábado, 23 de outubro de 2010

Senhor Pedro tem um dente

É sempre um momento importante, assim uma espécie de meta, um rito de passagem, e senhor Pedro lá chegou: hoje, a uma semana de fazer oito meses, saiu-lhe finalmente o primeiro dentinho. É um dos incisivos inferiores e há já uns dias que se sentia ali qualquer coisa, quando por lá roçava a colher da sopa. Não anda tão comilão como de costume, irrita-se mais, choraminga em coro com a mana, mas de resto está óptimo. E o dente, bem, o dente, como seria de esperar é lindo que se farta. Eu diria mesmo que é o dente mais lindo que alguma vez se viu.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Amores e desamores

Madalena, gostas do papá?
Sim.
Muito ou pouco?
Muito, muito... grande
E da mamã?
Sim, muito, muito linda.
E do Pedro?
Não.
Então porquê, filha?
Quero a mamã aqui!

Isto de ter um mano em casa quando ainda só se tem dois anos de idade não é coisa fácil. Pelo contrário, é obra. Porque é preciso partilhar a mãe, partilhar o pai e, sobretudo, porque se perde o estatuto de estrela da estação. Lá na cabecinha dela, as emoções devem misturar-se todas e, de vez em quando, foge-lhe a boca para a verdade. Com o mano, tem uma relação engraçada: Na maior parte do tempo ignora-o olimpicamente. De vez em quando dá-lhe uma festinha ou um beijinho de manhã antes de ir para a escola, mas em regra faz de conta que ele não está por perto. E é até muito toletante com a história dos brinquedos, mas já a ouvi dizer-lhe "Pedro, não mexe nas coisas da Manena", coisa que, aliás, era absolutamente impossível, porque estavam os dois no quarto dos brinquedos, mas ele enfiado na espreguiçadeira, de onde não conseguia tocar em nada. Hoje, quando lhe contei que o mano tinha ido à vacina e tinha chorado um bocado, disse-me, muito séria e solidária, "coitadinho do Pedro". Depois foi brincar e não lhe ligou mais o resto da noite. Tem dois anos. E está cada vez mais linda e maravilhosa

Oito meses, oito quilos e picos

Pedrinho foi à vacina com o papá e a enfermeira Cristina actualizou o peso. A uma semana de fazer oito meses, já vai em 8,740 kg e 70,5 cms. O mesmo comprimento da mana com a mesma idade, mas mais um quilo e meio do que ela. Lá no Alentejo aplica-se a palavrinha perfeita: maciço. O rapaz não é gordinho, nem coisa que se pareça. É maciço. Tem um musculo rijinho e cheio de força. E come tão bem que é uma delícia dar-lhe a sopa e a fruta. A mana também era assim, de boa boca, mas manteve sempre a sua elegância de modelo de alta costura. Ele tem uma pernoca forte, à jogador de futebol, como diz o papá, já a planear levá-lo aos sábados de manhã à escolinha do Benfica.
Em suma, senhor Pedro, também conhecido por senhor Volumoso, está maravilhoso e se o deixássemos já cirandava pela casa toda. É que, embora só consiga gatinhar para trás, mexe-se com toda a desenvoltura para onde muito bem quer e lhe apetece (normalmente na direcção de um brinquedo qualquer da mana, que esta se apressa rapidamente em esconder).

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Post para a M. que vai ser mamã

A M. está grávida. É mais uma das minha amigas jornalistas a lançar-se nesta aventura maluca de conciliar filhos com horários perfeitamente impossíveis numa profissão maluca em que tudo pode acontecer de repente, quando estamos quase a sair para vir para casa, já a correr porque daí a pouco está na hora da empregada sair e não há quem fique com as crianças. É uma aventura de doidos, que nos faz disparar o coração porque passámos a tarde a fazer um texto e ele desaparece precisamente quando o vamos mandar para o editor. Ou porque quando estamos a fechar o computador chega aquele email com uma resposta das Finanças pela qual esperámos o dia inteiro. Ou, ainda, porque o Governo decide apresentar o seu plano de medidas de austeridade e é preciso ficar à espera do Sócrates, que resolveu falar ao País às oito da noite, a hora a que os miudos já deviam estar a jantar. E os exemplos podiam continuar por aí fora, porque se há coisa de que não podemos queixar-nos nesta profissão e de monotonia. Mas, apesar de tudo isto, é tão bom chegar a casa e abraçá-los, receberem-nos com o sorriso mais lindo do mundo inteiro e arredores, correr para alimentar um e outro, ouvir as historias do dia na escola, conversar e dar beijinhos enquanto se mudam as fraldas, contar histórias da Mimi enquanto o sono não chega, ouvir um "boa note mamã" e adormecer a sonhar com eles. É tão bom, tão bom, querida M., que o resto, as correrias do dia a dia, não têm importância absolutamente nenhuma. Parabéns.

sábado, 9 de outubro de 2010

Mais um post escatológico

Madalena! Onde estás? Sérgio, viste a Madalena?
Estou aqui, mamã, responde-me ela lá de dentro, estou no Bacio.
Estava na casa de banho, completamente às escuras, e tinha ido sozinha fazer xixi. Quando fui ver onde ela andava, que já não a ouvia há algum tempo, vinha já toda airosa, a puxar as calças para cima.
Ai que orgulho na minha filha.
Tenho esperanças que tenha finalmente dado descanso ao sofá...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Reincidente

Alguém quer um sofá (quase) novinho em folha e apenas ligeiramente fedorento? Está disponível depois de hoje dona princesa ter voltado a descuidar-se enquanto via o Noddy. Desta vez zanguei-me com ela e tirei o filme, o que a deixou ofendidissima e num pranto.
A coisa foi de tal ordem, que o mano decidiu seguir-lhe o exemplo e desatou também a chorar, assim se mantendo durante todo o tempo em que a levei para o quarto para lhe mudar o pijama. Voltei rapidamente à sala para confortar o mais novo, com ela ainda meia despida, a apertar-lhe os botões, enquanto com a outra mão tentava limpar o sofá com uma toalha ainda na esperança de conseguir absorver alguma coisa do xixi.
Acalmados os ânimos, todos para a mesa, para jantar.
Ela chora porque não quer sopinha.
Ele chora porque quer e eu não estou a ser suficientemente rápida.
Depois ela já quer e é ele que muda de ideias porque prefere a maminha.
Quando finalmente os consigo acalmar, estou a dar-lhe a sopa a ela e mama a ele ao mesmo tempo.
O sofá, esse cheira mal.

Somos os maiores

Cá em casa já só se usam fraldas tamanho 4. Dão para a mana e dão para o mano. Ela elegante e magricelas. Ele lindo e gorducho.
O grande utilizador, naturalmente, é ele, que a nossa princesa já anda (quase sempre) sem fralda. Tirando alguns descuidos, coisitas sem importância. Como ontem, que se entusiasmou a ver o Noddy e molhou ligeiramente o sofá da sala.

Se alguém souber como é que raio eu vou lavar um sofá de tecido e em que as almofadas não saem, agradeço que me informe, porque há um cheiro terrivel a pairar na sala...