domingo, 27 de fevereiro de 2011

Há um ano

... era sexta feira e eu tinha ido mais uma vez à MAC fazer um CTG. Passei lá a tarde, numa sala de espera a abarrotar de gente e uma chuva desgraçada lá fora. Ao fim do dia, a dra. Francisca anunciou-me que a coisa estava para breve e eu insisti que antes de me deixar internar tinha de ir a casa dar o jantar à Madalena. Por isso fui e voltei, duas horas depois, pronta para parir mas muito pouco convencida de que isso iria mesmo acontecer nas próximas horas. Ao mesmo tempo, a rezar para que eles se enganassem porque, afinal, tinha uma cesariana marcada para a segunda-feira seguinte.
O Pai ainda fechou o jornal e depois é que apareceu, estava eu muito calmamente à espera, aparentemente com contracções, mas depois nada. A noite arrastou-se chuvosa, muito, muito chuvosa e o dia que se seguiu também. Pedrinho nasceu mais de 24 horas depois de eu ter sido internada.
Foi há um ano que o vi pela primeira vez, tão lindo, tão enrugadinho, a primeira noite inteira sem chorar, ao ponto de eu, já em pânico, desatar a perguntar às enfermeiras se era normal (mal sabia eu o que me esperava...).
E bastou um ano para o meu bebé se transformar num rapagão loiro, lindo, apaixonado por mim, que se cola a mim que nem uma lapa (para desespero da mana) e me lança olhares de adoração e que eu amo, amo tanto e de forma tão incondicional, que até me faltam as palavras.
Foi mais um ano bom, muito bom, em que me senti a mais privilegiada de todas as mães.

Papá e mamã ao tapete

Literalmente. Ao tapete, sem apelo nem agravo, um e outro a correr para a casa de banho de meia em meia hora (ou menos). Poupamo-vos os pormenores sórdidos e só aqui se regista que, qual Holmes Place, qual quê, venha daí um vírus daqueles bem competentes e os resultados são muito mais rápidos e eficientes. Ao fim de dois dias em casa sem conseguir trabalhar e a dar graças aos céus por estar lá a Inna a cuidar do Pedro, a minha balança voltou aos 50, coisa que não acontecia desde antes de engravidar da Madalena. Lamentavelmente, na semana que se seguiu viajámos para o Alentejo e, como se sabe, a casa da mãe é um perigo para qualquer dieta. A balança, menos mal, continua ainda assim a marcar 51. O vírus parece ter ido, definitivamente, para outras paragens e, querida filha, se puderes não trazer mais coisas dessas da escola nos próximos tempos, o pai e a mãe ficarão muito agradecidos...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

E foi assim

Fomos ao cinema, adorámos o filme, antes jantámos sushi, apanhámos uma molha porque choveu a potes, namorámos no escurinho e andámos na rua de mãos dadas, coisa que ultimamente pouco tem acontecido porque as mãos andam sempre ocupadas com outras mãos ou com carrinhos que é preciso empurrar. Foi muito bom. Obrigada avó. Podemos repetir um dia destes, mesmo sem ser dia dos namorados e sem pretexto nenhum?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ups...

Hora do jantar. Sento-me no meio dos dois e vou enfiando colheradas, à vez, ora de sopa para o Pedro, ora de seja o que for para a Madalena, que ultimamente embirrou que não quer sopa e não há quem a convença. Pelo meio vamos conversando, cantando, contando histórias, enfim, o que calha. Hoje estava tão embrenhada numa conversa com dona Madalena sobre o que tinha feito na escola, que troquei as colheradas. Ela comeu, e nem notou, sopa do mano e ele livrou-se, mesmo à tangente, de experimentar arroz de ervilhas e peixe no formo.

Se eu não arranjo rapidamente maneira de dormir uma noite seguida, não sei onde isto vai parar...

Ordem de soltura

Vamos sair. Vamos jantar os dois e a seguir vamos ao cinema. O pretexto é o dia dos namorados, que cai sempre bem ter uma boa razão para convocar a avó para aturar dois diabretes que fazem tudo para não ir para a cama e ficar a brincar até às tantas. Bem sei que o dia dos namorados é um pavor, que anda meio mundo na rua, que não há lugar nos restaurantes e os cinemas estão a abarrotar. Não me importo. Vamos os dois namorar um bocado, comer comida japonesa e andar de mão dada na rua e quero lá saber do resto.

O problema agora é escolher o filme. Como ir ao cinema se tornou uma operação de tal forma rara, não podemos desperdiçar a oportunidade e temos de ir mesmo ver uma coisa que nos encha as medidas. Aceitamos sugestões, que ultimamente os meus olhos pousam pouco nas páginas dos filmes nos jornais.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Uma pérola por dia # 8

Avó Fátinha convida dona princesa para passar uns dias no Alentejo, enquanto os pais regressam a Lisboa. Ela, muito séria, informa que não pode ser porque:

Desculpa 1
"A avó Gracinha está à espera de mim"

Desculpa 2
"A avó Gracinha e a Ritinha estão à espera de mim"

Desculpa 3
"O meu irmão, o meu Pedro, fica sozinho"




quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Uma pérola por dia # 7

Dona Mada para sua mamã que se dedicava à bela tarefa de a abraçar e mimar:
Uma princesa ao colo da mãe dela.

Aos papéis

A nossa Inna já está legal. Chegou hoje de manhã, depois de mais uma maratona no SEF, feliz, feliz, cara rosada, olhos a dar para a lágrima, a sorrir porque finalmente poderá ir à Ucrânia visitar a filha que já não vê há mais de um ano.

A autorização de residência, os papéis, como ela diz, custou-lhe 783 euros e muitas maratonas em serviços públicos, da Segurança Social às Finanças, do arquivo de identificação ao SEF das Portas de Benfica, um lugar indizível, frio como tudo e cheio de gente em sofrimento. Vêm de todo o lado, da Europa de Leste, da Índia, do Paquistão, do Brasil, de África e mendigam um documento milagroso num local cheio de funcionários mal encarados e antipáticos, que têm na mão as vidas deles. E suponho que também estão em sofrimento, porque ninguém pode ser feliz a trabalhar num sítio daqueles, que de Inverno é um congelador e de Verão se enche de moscas e cheiro a esgotos.

A Inna pagou, para se legalizar, bastante mais do que ganha num mês. E daqui a um ano terá de repetir a dose. Se passa por tudo isto para ficar por cá, nem imagino como será o seu país. Nós, com os nossos brandos costumes, nunca nos passa pela cabeça o que sofrem para ficar. E não sabemos que há lugares como o SEF das Portas de Benfica.

Afinal ele sabe

Sabe, mas só faz quando lhe apetece. E ontem apeteceu-lhe e toca de fazer um grande adeus à Inna, bracinho estendido, mão aberta, dedos muito espetados para a frente. Ficámos muito emocionadas as duas e a Madalena, que assistiu impávida e serena, olhou para nós sem perceber porquê tanto estardalhaço por uma coisa que ela própria faz tantas vezes. Pedrinho, muito satisfeito consigo próprio, continuava a acenar.

A minha esperança agora é que qualquer dia lhe apeteça também e comece a bater palminhas. É que o rapaz, em regra, tem mais o que fazer. Tem de gatinhar pela casa cada vez mais rápido, explorar os cantos ao sofá, empoleirar-se ao computador do pai e arrancar teclas e brincar com o rato, destruir os legos que a mana faz, enfim, muitas, muitas actividades mais interessantes do que bater palminhas ou sentar-se no colo da mamã a fazer o zé godinho.