segunda-feira, 27 de abril de 2009

Obikuela

É oficial: aos 11 meses e dois dias começou a gatinhar.
Primeiro de um canto do tapete dela para o outro, onde estava um novelo de lã que eu insistia em não lhe dar. Depois, pouco a pouco, foi-se aventurando mais. No entanto, apesar dos incentivos do pai,que andou de gatas ao lado dela, e dos meus, deliciada com a nossa pequena Obikuela, ainda não percebeu as potencialidades da coisa. Nós, que sabemos mais do que ela, já andámos pela casa, também de rabo para o ar, mas a tapar as tomadas da electricidade.

sábado, 25 de abril de 2009

Choveram cravos no Chiado

Foi o dia em que a Madalena fez 11 meses e descemos juntos a Avenida. Os três, ao lado dos bonecos gigantes, dos miúdos dos tambores, da camionete da câmara do Seixal, do coro alentejano da Amora e de todos os outros que ainda se dão ao trabalho de descer a Avenida no 25 de Abril e de cantar as músicas do Zeca e de jurar que o povo unido jamais será vencido. Desta vez não vimos a chaimite e não ouvimos os discursos no Rossio, porque foi preciso parar a meio para dar os iogurtes à princesa. E, também por isso, este foi de certeza o melhor 25 de Abril de todos os 25 de Abril, desde há 35 anos,quando o papá ainda nem tinha nascido e a mamã ouvia sem perceber as histórias dos homens que faziam parar os carros que vinham do Algarve para Lisboa,à procura de armas escondidas nos porta-bagagens. Foi o melhor 25 de Abril de sempre, e não importa se estamos em crise,se o Cavaco vai ao Parlamento dizer que isto não melhora de um dia para o outro, se ando tão cansada quem nem consigo dormir uma noite inteira de seguida. Não me lembro de alguma vez me ter sentido tão feliz a descer a Avenida ou, depois, quando subimos ao Chiado para assistir à chuva dos quatro mil cravos que um helicóptero da Força Aérea fez chover sobre a multidão. Porque, de repente, só havia os cravos que caíam do céu e a minha pequena família, eu muito pequenina perante o tamanho deste meu amor por eles. Um dia, querida Madalena, hei-de explicar-te porque é que é (ainda) tão importante descer a Avenida no 25 de Abril.

A donzela do clube

Meu Deus, são dez horas. Daqui a exactamente 45 minutos a miuda tem de estar enfiada na piscina e nós ainda na cama! Pânico! Salto, ainda meio tonta, enfio-me na casa de banho a lavar os dentes a 100 à hora e a berrar ao pai que se levante e que a vá vestindo. Felizmente ele está tão ensonado que nem se lembra de se chatear comigo e lá vai mudar a fralda à princesa. Eu procuro o saco da ginástica, a porcaria do fato de banho que aparentemente está desaparecido em parte incerta, a toalha com capuz para a Madalena não se constipar. E os iogurtes para ela comer a seguir, porque lhe dá uma fome desgraçada, mais a parafernália de fraldas, casacos, mantinha que está um frio de rachar e qualquer coisa para os pais trincarem no carro, que já não há tempo para o pequeno almoço. Conseguimos chegar às 10:40, mas ainda é preciso mudar de roupa e vestir o fato de banho à princesa, mais a fralda especial que por acaso ficou em casa, mas olha, que se lixe, vai com esta mesmo e acabou-se que depois desta correria toda nem pensar em falhar a aula. E não falhamos: com cinco minutos de atraso lá estamos, duas princesas a entrar na água, o papá já lá em baixo, à nossa espera. Passo-lha para as mãos e respiro calmamente pela primeira vez durante a última hora.
Depois são trinta minutos de puro prazer, a vê-la deliciada na água, a dar à pernoca como se sempre tivesse feito aquilo, a beber água aos golinhos, a sorrir toda divertida, a franzir a testa, igualzinha ao pai quando alguma coisa não corre como ela quer. A donzela do clube, como lhe chamou a Didi, a professora, cada vez se diverte mais com a sua natação.
Mas os 30 minutos passam a correr. A seguir é preciso levá-la rapidamente para o chuveiro, sempre a correr que o Holmes é cheio de correntes de ar, e voltar a vesti-la, para a ir levar ao pai e só depois voltar para tomar o meu próprio duche. Ao meio-dia estamos de volta a casa. Ela almoça e adormece e eu caio no sofá e faço o mesmo. Para o que é que eu preciso de ir ao ginásio durante a semana, se tenho aula de natação da Madalena ao sábado?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Que maçada!

Deixei-a no quarto dela, sentada no tapete, enquanto fui preparar-lhe o banho. De repente, grande choradeira. Lá vou eu a correr, já a imaginar o que raio teria acontecido, e dou com ela chateadíssima, num vale de lágrimas, enfiada de baixo da cama. É que a rapariga gatinha, mas é de rabo e para trás. E quanto mais tentava sair, mais se enfiava de baixo da cama. Tem uma grande falta de jeito para gatinhar mas, em compensação, dá uns belos passinhos corredor fora, agarrada às nossas mãos. E ainda vai dizendo para onde quer ir, tão equilibrada que mais dia menos dia já ninguém a agarra.

Insónias

Acordo a meio da noite e está ela de pé, na caminha, a olhar para mim, muito satisfeita consigo própria. Dorme, Madalena, que ainda é de noite, não vês que está tudo escuro? E ela ali, com aquele sorriso tão magnífico. Lá a convenço a enfiar-se novamente nos lençois e daí a pouco está a dormir. Ela para um lado, o pai para o outro, que nem sequer se deu conta de nada. E eu ali fico, a olhar para anteontem, incapaz de voltar a adormecer, a antecipar mais um dia de bocejos (muitos) no trabalho.

Já está!

Ao meio dia, na sala luar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Maminha

Aos dez meses, três semanas e cinco dias, está oficialmente encerrada essa fase. Foi maravilhoso. Uma das coisas mais fantásticas que fiz na vida.

De pé

Levanta o rabinho, pouco a pouco, sempre agarrada ao sofá, e de repente lá está ela, toda satisfeita, a espreitar para mim, que estou na cozinha a fazer o jantar. Depois desequilibra-se ligeiramente e cai, aparada pela fralda. Daí a uns segundos já está novamente de pé, sem qualquer tipo de ajuda. E ainda dá uns passinhos para o lado, para conseguir chegar à chuchinha, que está na outra ponta do sofá.

Aprendeu a fazer isto hoje, porque ontem ainda só conseguia levantar-se com a nossa ajuda. Também se consegue movimentar cada vez mais rápido quando está sentada no chão, mas não chega propriamente a gatinhar: vai rodando o rabo e lá vai saindo do lugar. Quando tenta gatinhar, só consegue movimentar-se para trás, tipo caranguejo, mas fica toda satisfeita na mesma.

E anda tão entusiamada com as novas proezas, que até lhe dão as insónias. Hoje primeiro que adormecesse ainda nos chamou para a vermos de pé, agarrada às grades da cama, com o maior sorriso do mundo.

Os nossos tempos de descanso, com a Madalena no seu tapete a brincar com os seus brinquedos estão a chegar ao fim...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Palavras novas

Põe a meia no pé, Madalena, e ela põe. O chapéu na cabeça, e ela põe, meio atarantada, sem acertar bem no sítio, mas não faz mal, que a ideia é essa e o que interessa é que ela sabe bem o que lhe estamos a dizer. Tal como percebe muito bem um não. Choraminga um bocado,com ar ofendido, mas durante um bocadinho não repete a proeza, ou seja, não tira o chapéu, ou a meia, ou não põe na boca o guardanapo de papel que acabou de rasgar em tiras pequeninas. Com um ano (diz a literatura destas coisas) é suposto os bebés já perceberem à volta de 50 palavras e palpita-me que a Madalena vai bem encaminhada.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Não quero mais, obrigada!

Bem, na verdade não foi bem assim. Normalmente os "não quero" da princesa são transmitidos com um dos seus barulhinhos de protesto e a cara virada para o lado,como quem diz "deixem-me em paz". Hoje houve mais um pormenor: o biberão estava no fim, mas ainda faltava um bocadinho e já não lhe apetecia mais, por isso sentou-se no meu colo, foi à procura da tampa que eu tinha deixado ali à mão e tratou de a enfiar no sítio certo. Depois do biberão tapado olhou para nós, toda satisfeita, e o orgulho paternal foi tão grande que encheu a sala toda. E ainda anda por aqui a pairar.

Encontros na auto-estrada do Sul

Que melhor sítio para conhcer uma amiguinha, que a área de serviço de Alcácer do Sal, a meio caminho do Alentejo? Dificilmente conseguimos pensar em melhor, não é? Pois foi mesmo lá que ficámos a conhecer a Maria, que, tal como a Madalena, tinha feito um intervalo na viagem para o almoço. Claro que quem a viu foi o papá, o mesmo que meia hora depois de termos aterrado no Vietname conseguiu descobrir o Henrique Calisto às dez da noite no meio da rua mais movimentada de Ho Chi Minh. Olha lá, aquela não é a Maria? E eu olho e era mesmo, mais a Mãe e o Pai, e pronto, lá fui, como no Vietname, a perguntar, esta é a Maria, não é? - em Ho Chi Minh foi mais "é português, não é?", mas a resposta foi igualmente entusiasta, o Calisto porque havia que tempos que não via um tuga e a Mãe da Maria porque, tal como nós, achou muita graça a este encontro imediato das nossas raparigas, em plena auto-estrada do Sul. A Maria riu imenso, veio para o nosso colo e fez festinhas à Madalena. A Madalena choramingou, agarrou-se à mamã e teve um ataque de ciúmes a que se juntou um choro de fúria quando a Maria se deixou levar pelo entusiasmo e resolveu agarrar-lhe em dois dedos e demonstrar o poder dos seus recém-adquiridos dentinhos. Em suma, um encontro muito movimentado e divertido, a prova de que a Internet pode fazer maravilhas.

Gostámos muito, pequena Maria e Papás!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Está explicado

Acabámos de descobrir o dentinho número quatro, já a despontar em cima, ao lado do outro. Está explicada a febre de 37,5º de sexta-feira, mais a tosse e o pingo permanente. Enfim, dez meses e quatro dentes, parece-me uma boa média.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ranho, muito ranho

Com o papá em Londres no meio dos senhores anti-globalização e tão perto do Obama que, querendo, até lhe podia atirar com um sapato, eu a Mada decidimos aproveitar para ir às compras, dar umas voltas pelo jardim, apanhar sol, essas coisas. Estava tudo muito bem programado e eu até tirei umas folgas, para passarmos os quatro dias coladinhas uma à outra e, quem sabe, ensaiar uma habilidade nova para quando o papá voltasse. Correu tudo lindamente, tirando a parte dos passeios fora de casa, porque a rapariga apanhou a primeira constipação da sua vida e está com uma tosse cavernosa e um permanente pingo no nariz que a fazem dormir mais do que o habitual. Sair de casa, nem pensar, até porque a Elena nunca o permitiria e só a deixa ir ao quintal embrulhada numa mantinha. Quanto à habilidade nova, temos aí umas coisas em vista, mas ainda nada de concreto, porque andamos muito ocupadas em arranjar maneiras novas de tomar charope para a tosse -são quatro vezes por dia e ela, que detesta a mistela, já descobriu todos os meus estratagemas para a fazer engolir aquela coisa. Além disso, temos longas lutas com o soro fisiológico, que ela recusa e que eu insisto em lhe enfiar pelo nariz. Em suma, têm sido uns dias muito divertidos e, dos meus belos planos só se concretizou mesmo a parte de andarmos coladinhas uma à outra: a princesa passa os dias a pedir colinho e eu, com grande sacrifício, claro, não lhe consigo dizer que não. A parte em que dormimos a sesta juntas, então, é particularmente difícil, como devem calcular...

Na verdade, não se pode dizer que a Bebas seja uma doente difícil. Fica com um bocadinho mais de caprichos, como diz a Elena, mas só teve febre uma noite e continua a comer (quase) tão bem como de costume.