segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

serviço público para pais inexperientes

Voltou a ir para a cama sózinha, sem me pedir que fique com ela, que nos deitemos as duas na cama grande que está no seu quarto até que o sono lhe chegue. Hoje deitei-a, fechei a luz e lá ficou, de olhos ainda abertos, ainda a tagarelar com o ursinho e com a gatinha. Desde a semana passada que não era assim, chorava tanto que eu, contrariada, lá ia consolá-la, abraçá-la com força, ao mesmo tempo que fechava os olhos e me vinha à cabeça a minha filha desmaiada, sem eu lhe ouvir a respiração, os piores minutos de toda a minha vida. Ela já adormece novamente sozinha e eu já consigo - ainda a custo - escrever sobre isto e espantar os fantasmas do medo que de vez em quando ainda me assaltam. O desmaio foi da febre, mas nessa altura au ainda não sabia, não sabia que era o corpo dela a defender-se, que aquilo parece que é normal nos bebés, que o melhor que há a fazer é refrescá-los porque dentro de uns minutos passa, não sabia nada disso e o pai, que voou do trabalho até casa quando eu lhe telefonei em pânico, também não. Depois os senhores do INEM explicaram-nos, a médica do hospital da Estefânia também, a Madalena não voltou a ter febre e ficou apenas a lembrança feia do pior fim de tarde de que tenho memória. Se voltar a acontecer, espero ter a presença de espírito suficiente para me acalmar e enfiar a rapariga na banheira. Espero, mas não garanto, porque se a minha filha não está bem, o medo torna-se um bicho gigante e irracional, completamente impossível de controlar.

Explicação para pais inexperientes como nós: quando os bebés têm febre, por vezes esta sobe subitamente e atinge picos muito altos, provocando pequenos desmaios ou mesmo convulsões com espasmos. A receita é despi-los imediatamente, dar um banho morno e, sobretudo, não entrar em pânico, porque normalmente passa poucos minutos depois. Parece fácil, não é?...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Madalena foi ao Zoo

Devia ter uns sete ou oito anos quando os meus pais me levaram ao Jardim Zoológico pela primeira vez, numas férias passadas em Lisboa em que viemos os quatro enfiados no Mini do primo António de Queluz. Nós e o primo, naturalmente. Fiquei com mais lembranças da viagem e da ida à Feira Popular do que da visita aos bicharocos do Zoo, mas sei que havia um elefante que tocava um sino quando lhe davam comida, montes de macacos enfiados em gaiolas e uma zona de cobras que eu e a mãe detestámos. Também havia um cemitério de cães, a imitar os cemitérios à séria, que me deixou muito comovida, apesar de o pai só dizer que aquilo era um perfeito disparate.
Depois disso devo ter voltado mais uma ou duas vezes, com um ou outro namorado, mas as visitas varreram-se-me da memória, por isso mal reconheci o Jardim Zoológico quando lá entrámos ontem. A desculpa era aproveitar o sol depois da tempestade dos últimos dias e levar a Madalena a ver os animais, mas na verdade ela não se entusiasmou assim muito. Entusiasmámo-nos nós, eu e o pai, belos cromos um e o outro, a ver a nova casa dos macacos, que já não estão enfiados em jaulas, os tigres brancos, os leões marinhos, os golfinhos. Dona princesa bateu palminhas, fez uma ou outra birra a pedir colo, assistiu impávida ao espectáculo da baía dos golfinhos, mas passou uma boa parte do tempo a dormir no seu carrinho.
Conclusão: temos de lá voltar. Os bilhetes são caríssimos (16 euros cada), a zona dos restaurantes precisa urgentemente de uma mudança radical, mas o Jardim Zoológico não perdeu a magia.

Natal da Madalena

Dois dias de maratona, mas cheios, muito cheios de emoção.

Com viagem relâmpago ao Alentejo;

Doces e comidinha da avó (demasiada para uma mãe grávida de sete meses);

Um avô vestido de Pai Natal deliciado com o seu papel e que se portou à altura mesmo quando a neta desatou num berreiro de susto;

Uma neta cheia de mimo que mal se habituou ao Pai Natal já só queria era rasgar papéis e abrir presentes;

Uma noite de consoada sem Missa do Galo, que estava demasiado frio, mas com visita ao presépio no dia seguinte mesmo com chuva;

Presentes, muitos, e uma bebé deliciada com o triciclo novo, o carrinho do nenuco, a camisola nova que insistiu em pôr imediatamente para a seguir se ir ver ao espelho, entre um montão de outras coisas que recebeu sempre com aquele sorriso tão lindo dela.

E depois, no dia seguinte,

Nova viagem, desta vez de regresso a Lisboa, debaixo de uma chuvarada imensa, que havia por cá mais festas à espera;

Com primos que a deixaram louca de excitação, a rir e a brincar que nem uma perdida;

Visita à avó Graça, com prendas;

Jantar na avó Gracinha (e mais comida boa para a mamã engordar);

Um avô que não esteve, mas foi como se estivesse;

Mais prendas, muitas prendas, algumas já guardadas para lhe dar daqui a uns tempos, porque agora não tem tempo para brincar com todas;

E um total de duas maratonas em que se deitou sempre já muito depois da meia-noite porque foi a estrela das festas e uma estrela não se retira antes do fim, pois claro.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

festa de Natal

Bem me custou não desatar logo ali a chorar, quando ela correu para mim, gorro de pai-natal na cabeça, linda, linda com aquele sorriso só dela. Bem sei que são as hormonas desarranjadas da gravidez, mas foi também o orgulho grande, enorme, que me bateu e que não tinha mais por onde sair. Orgulho da minha filha na sua primeira festa de Natal, excitadissima e ansiosa por nos mostrar, a mim e ao pai, tudo o que havia na sua sala. Sim, porque a nossa pequena maravilha, pouco mais que um ano e meio de vida, já tem festa de Natal da escola, ainda há uns meses mal gatinhava e agora já anda a fazer castiçais de gesso para oferecer de prenda aos pais.
Foi uma belíssima festa, multicolor, porque os coleguinhas da Madalena são assim mesmo, multilingue, porque os há dos vários cantos do mundo, com músicas natalícias, petiscos feitos pelos orgulhosos progenitores, toilettes de todos os géneros e feitios, penteados variados de carapinhas, rastas, cabeleiras loiras e morenas. Um conjunto único, ou não estivessemos nós na Pena, no melhor infantário da cidade. No meio da conversa de circunstância com a directora, aproveitei para lhe perguntar se seria fácil conseguir vaga para o Pedro. Será fácil, sim senhora, que os manos têm prioridade e a nossa princesa pode levar o dela. Para o ano há mais. Muito mais, tenho a certeza.

Conto da Pega

Era uma vez duas comadres que andavam brincando, uma Pega e uma Raposa. Mas a Raposa
rasgou o papo à Pega, esta ficou zangada e disse-lhe: agora tens que me coser o papo.
Responde a Raposa mas como? Se não tenho linha?!
Diz a Pega vai pedir à Égua que te dê uma seda do rabo e assim já tens linha.
A raposa lá foi: pediu à Égua que lhe desse uma seda para coser o papo à comadre Pega, responde a Égua Então dá-me erva, a Raposa Foi pedir ao Vale, Vale dá-me erva para eu dar à Égua. Para a Égua dar uma seda para eu coser o papo à comadre Pega, responde o Vale: então dá-me água: a Raposa foi pedir à Núvem, Núvem dá-me água, para eu dar ao Vale, para o Vale me dar erva para eu dar à Égua, para a Égua me dar uma seda para eu coser o papo à comadre Pega. Responde a Núvem: então dá-me uma borrega. A Raposa foi pedir ao Moiral, Moiral dá-me uma borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar agua, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega. Responde o Moiral: então dá-me um cão, a Raposa foi pedir à Cadela, Cadela dá-me um cão, para eu dar ao Moiral, para o Moiral dar uma Borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar água, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega. Responde a Cadela: então dá-me um pão. Foi pedir à Padeira, Padeira dá-me um pão, para eu dar à Cadela, para a Cadela dar um cão, para eu dar ao Moiral, para o Moiral dar uma borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar água, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega.
A Padeira foi sua amiga: deu-lhe o pão, doi dá-lo à Cadela, a Cadela deu-lhe o cão, foi dá-lo ao Moiral, o Moiral deu-lhe a borrega, foi dá-la à Nuvem, a Nuvem deu-lhe água foi dá-la ao Vale, o Vale deu-lhe erva, foi dá-la à Égua, a Égua deu-lhe a seda e ela foi coser o papo à comadre Pega.

(Contribuição da avó Fátima, que costumava contar esta história à mamã e agora o rebuscou na memória com a ajuda do avô Manuel. É o conto que a Madalena anda a ouvir nos dias em que acha que ainda é cedo para ir dormir. Fica muito quietinha, ouve a lenga-lenga do princípio ao fim, e depois vai calmamente para a cama, sem qualquer protesto. O mano, na barriga, também já se vai habituando. Espero eu...)

domingo, 13 de dezembro de 2009

método

As coisas têm regras. Método, portanto. Para comer o iogurte, de manhã, primeiro é preciso ir buscar a cadeirinha, sentar em frente ao papá, pousar a chucha (pode ser no chão mesmo) e então sim, que venha o iogurte. E as migalhinhas que há espalhadas pela cozinha? São para o lixo, claro. A porta do frigorífico é para fechar (logo depois de tirar lá de dentro a caixa dos ovos) e a do armário da cozinha também. Além disso, sabe sempre onde está tudo. Por exemplo, Madalena, sabes onde estão as botas da mamã? Sabe, sim senhora, lá vai ela toda despachada. E depois, enquanto eu as estou a calçar, pega nas pantufas e vai arrumá-las no sítio. Regressa muito satisfeita e sorridente: "já tá!" É o orgulho da mamã, esta menina...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

post à melhor amiga

É que não havia noite que fossemos dormir sem telefonarmos uma à outra. Ela sabia tudo sobre mim, eu sabia tudo sobre ela, chorávamos e riamos no ombro uma da outra, trocávamos roupa, trocávamos livros, só não trocávamos namorados, porque nunca tivémos os mesmos gostos. Mas trocávamos confidências. Muitas. Apanhávamos bebedeiras e faziamos telefonemas malucos a meio da noite, iamos aos fins-de-semana para a Kapital e na volta cantávamos as músicas do José Cid aos berros no carro dela, só porque era giro e tinha piada. E não houve namorado que nos afastasse, que, afinal, eramos melhores amigas, nesta nossa adolescência tardia (quase) sozinhas em Lisboa.
Ontem encontrei-a. Estava a atravessar uma rua e ela chamou-me. Abraçámo-nos e ficámos ali, à esquina, mas não houve aquela coisa do parece que foi ontem, parece que nunca deixámos de nos ver e de nos telefonar antes de ir dormir. Não houve nada disso, nem palavras que não fossem apenas de circunstência, como estás, o que tens feito, a tua miúda está enorme, com certeza, acho que já não a conheço, e a tua barriga também, qualquer dia és mamã outra vez. Não houve mais nada e em dois minutos despachámos a coisa e despedimo-nos, com ela a garantir que telefona, que vamos combinar um almoço, que temos muita conversa para pôr em dia, e eu fartinha de saber que nunca vai ligar e que também não vai atender os meus telefonemas, nem responder aos meus e-mails, que não vou ver a filha dela crescer e nem ela vai saber das gracinhas dos meus.
Como é que chegámos aqui? Não sei. Mas também não vale a pena saber.
Cheguei ao trabalho cheia de vontade de chorar, mas deve ser porque a gravidez me deixa as hormonas completamente indomáveis. Porque, querida Madalena, como tu um dia também hás-de descobrir, tudo isto faz parte dessa coisa maravilhosa que é... viver.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

vacina da gripe A

E lá fomos as duas à vacina. Centro de Saúde da Alameda, duas e meia da tarde, mais coisa menos coisa. Na sala de espera, umas dez crianças, com os respectivos acompanhantes, e mais outros tantos ilustres representantes da terceira idade, ansiosos por se imunizar do terrível virus que para aí anda. E eu e a Madalena, pois claro, a aguardar pacientemente a nossa vez e, depois, a aguardar já não tão pacientemente que passasse a meia hora que nos obrigaram a esperar a ver se aquilo fazia alguma reacção negativa. Entretanto, fomos travando conhecimento com a fauna circundante, que incluia desde vendedores de droga da Picheleira carregados de sacos de compras de marcas famosas, até avós com gravatas de seda e malas Luis Vuitton, à beira de uma apoplexia ao verem as crianças a rebolarem-se no chão pejado de bactérias. Ai querido, soluçava a dona da mala para o senhor da gravata de seda que corria atrás da neta, ai querido, tu não a deixes pôr a mão na boca, pela tua saudinha. Isto enquanto, no outro lado da sala, o traficante da Picheleira tentava, sem sucesso, salvar dos micróbios o seu Fábio de seis anos e brinco na orelha, engalfinhado numa pacífica luta com o único miudo negro da sala, cuja mãe assistia placidamente, só se levantando de vez em quando para limpar o ranho do rebento. Melhor do que ir ao cinema, portanto. Só tive pena de já não saber como terminou o episódio da terceira idade revoltada, encabeçada por uma senhora de calças pele de cobra e armação no cabelo, indignada por ver os pimpolhos todos a passar à frente, enquanto ela se arriscava a já não apanhar a bela da vacina nesse dia. Eu e a Madalena retirámo-nos quando começaram esses disturbios e fomos lanchar à primeira pastelaria que encontrámos. Foi uma tarde com demasiadas emoções e isso, como toda a gente sabe, dá muita fome.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Imeldinha

Não como sem as minhas galochas. Não como, não como, não como, prontos. Ou me pões as galochas, ou nada feito. Se ela falasse, teria sido assim. Como não fala, berrou a plenos pulmões e eu, se dúvidas tinha, fiquei a conhecer exactamente o sentido da expressão "chorar baba e ranho". Lá tive de lhe pôr as belas das botas de borracha com o Mickey, que felizmente lhe ficam grandes e por isso cabem bem com o pijama. Devidamente aperaltada, a nossa Imeldinha comeu o prato de arroz com galinha sem pestanejar e a seguir ainda deu umas belas dentadas na minha fatia de pizza. Isto vai ser bonito, vai...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Primos (ou A Tia Sofia Vai Ter Um Bebé)

Já os estou a ver aos dois, a correrem que nem uns malucos na relva da Varzea, a deixarem-nos a nós malucos que ainda se atiram para a piscina, ou aterram no meio das roseiras, ou fazem outro disparate qualquer, e a Madalena a comandar as hostes, com aquele arzinho dela de menina bem comportada mas sempre a inventar qual é que há-de ser a próxima brincadeira. Vão ser três, quase da mesma idade, mais mês menos mês não se nota diferença nenhuma, e hão-de ser amigos, como são a Aninhas e o Tiago e a Catarina, e são uns meninos cheios de sorte que isto de ter primos é mesmo muito, muito bom. Eu ainda me lembro dos verões com a Carla e de como sempre fomos melhores amigas e todas as referências que só nós duas temos, mesmo agora que já passaram estes anos todos e temos trezentos e tal quilómetros a separarem-nos. E o Sérgio ainda fala da Sandra e das brincadeiras e corridas na Praça Pasteur, apesar de já não se verem há que tempos. A Madalena, o Pedro e o No Name Boy da tia Sofia e do tio Bruno são uns meninos cheios de sorte e nós todos também, por eles fazerem parte das nossas vidas.

A Sofia, o Bruno e Tiago foram hoje espreitar o bebé na barriga. Está lindo e maravilhoso, com quase 13 semanas e, ao que consta, muito confortável e com um coração tão afinadinho como o do Pedro. Lá para Junho está cá fora.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Maria

Nasceu no Domingo, 29, no mesmo dia em que a mamã fazia anos e é linda, linda que se farta, que eu já vi uma fotografia. Parabéns, querida Blan. Parabéns a dobrar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ano e meio

De manhã, antes da escola, encostámos a princesa à ombreira da porta do quarto e marcámos com um lápis a altura dela. Ficou um bocadinho desconfiada, mas lá alinhou na brincadeira. Tem 18 meses e está enorme e cada vez menos bebé. Sabe o que quer e reclama que se farta quando as coisas não lhe correm de feição. Está uma menina, já gosta de comer sozinha com a colher dela, no banho insiste em fechar a porta do chuveiro para ficar lá dentro a brincar com a água e dá beliscões ao Zorbas, que a olha com um ar infelicíssimo e depois se põe calmamente a andar, porque sabe muito bem que não pode contrariar a princesa da casa.
Como é que passaram tão depressa estes 18 meses?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mano

Madalena, onde está o Pedro?
E ela lá vem, toda despachada, aponta para a minha barriga, levanta-me a camisola, faz uma festinha, encosta a cabeça...
Tão orgulhosa que eu estou da sapiência da minha filha linda. E assim me mantenho, apesar de entretanto ter descoberto que ela aponta também para a barriga que está mais à mão, seja a do pai (compreensível), a da tia Sofia (também) ou a própria, como acontece quando lhe fazem a pergunta lá na escola.

Nuno

A princesa está apaixonada. Ainda não sabemos se é correspondida ou não, mas o alvo dos amores chama-se Nuno ("Nune", em madalenês), é loiro, loiro e de olhos azuis e é o único que dona Madalena aceita como par nas sessões de dança da escola. Em casa passa o tempo a repetir o nome dele, muito satisfeita, e quando lhe perguntamos se gosta do Nuno encolhe-se, com ar envergonhado, sorrisinho lindo na cara, cabeça a acenar que sim, que gosta do Nuno.
A coisa tomou tal dimensão que, ao que sei, o papá até já teve uma conversa com o pretendente, só não consegui apurar qual foi o teor da mesma.

Vocabulário

Quase a fazer um ano e meio - apercebi-me agora disso, caramba! - a nossa princesa fala pelos cotovelos. Tagarela o dia todo, com chucha ou sem chucha, lá na linguagem dela que mais ninguém percebe. Depois, quando lhe pedimos, repete o que lhe dizemos, desde que não tenha muitos "s" nem muitos "r", que para esses é preciso muito esforço. Diz mamã, papá, avó, mano, Pedro, Mena, tudo, peixe, auga, gato, car, até logo, oiá, gute ...
Por iniciativa própria é que não lhe sai nada que se perceba. A não ser em desespero, como ontem que de repente entrou na cozinha em estado de choque porque não encontrava a chucha. "Chuss, chuss", proclamava, já furiosa porque não a entendiamos. Satisfeito o pedido, desandou, de xaile aos ombros e pantufa no pé, orgulhosa da sua nova conquista verbal. Depois voltou aos métodos antigos, que consistem em apontar para aquilo que quer e, se não resultar, berrar furiosamente.

sábado, 14 de novembro de 2009

o Pedro foi à bola

Foi e não parou um instante de se manifestar, entusiasmado que estava com aquela barulheira toda, desde os gritos de incentivo à selecção, aos do tipo que estava atrás de nós e que também não parou, durante todo o tempo, de desfiar o seu repertório de quatro palavrões que me abstenho aqui de registar. Muito bom. Ainda que um bocado à rasquinha, com o Cristiano Ronaldo lesionado a assistir na bancada, os tugas lá deram um a zero aos bósnios - o golo foi marcado por um senhor chamado Bruno Alves, que, diz o papá, é do FCP, portanto não interessa nada. Fomos com a Rita e o João, para dois lugares mesmo atrás da baliza, o que não fez a menor importância porque na Luz todos os lugares são bons (mais uma máxima do pai). A mana desta vez ficou em casa, com o Rui, e para não se chatear adormeceu às sete da noite e acordou no dia seguinte às dez da manhã. Contas feitas, 14 horas de sono que a deixaram muito bem-disposta e puseram o papá inchadíssimo de orgulho da sua menina que, já não restam dúvidas, gosta tanto de dormir como ele.

domingo, 8 de novembro de 2009

birras consumistas

Por contingências que não vêm agora ao caso, eu e dona princesa tivémos de nos deslocar ao Colombo ontem à tarde para visitar a loja da Chicco. Coisita pouca, era só ir até ao sítio, estacionar, procurar a dita loja, fazer o que tinhamos a fazer e voltar para trás rapidamente. Acontece que nisto tudo quando dei por elas tinham passado três horas. Três horas preciosas do meu fim-de-semana em que me lembrei porque é que odeio aquele sítio e não punha lá os pés há tanto tempo. A confusão é tanta que a coitada da princesa, sentada em sua cadeirinha de passeio, muito provavelmente só conseguia ver pernas e sacos de compras à frente, pelo que, às tantas, declarou em alto berreiro que não queria mais e que a levasse ao colo se faz favor, senão atirava-se da cadeira abaixo ali mesmo. Foi, diga-se a bem da verdade, uma atitude muito compreensível e tive de aceder ao pedido, até porque a rapariga se portou com imensa paciência durante quase todo o resto do tempo. Birras assim, a valer, só houve duas. A primeira quando decidiu que queria umas pantufas a que conseguiu deitar a mão porque estavam numa prateleira mais em baixo. A segunda quando passámos em frente ao Toys “R” Us, um sítio onde, palavra de honra, não tinhamos entrado e que não era suposto ela conhecer. Que ela tem esta paixão por sapatos e afins, eu já sabia, agora que sabia o que é o Toys “R” Us foi surpresa demais para mim. Arrastei-a dali para fora rapidamente e decidi, na hora, que tão cedo não voltaremos ao Colombo.

E não é que, a 7 de Novembro já parece que é véspera de Natal, tal é a quantidade de luzes, enfeites, árvores iluminadas e afins que por lá andam? Até perco logo a vontade...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

22 semanas e uma ecografia

Fomos espreitar o Pedro e durante uma hora e dez minutos o rapaz foi escrutinado milímetro a milímetro, cada falange, falanginha e falangeta analisadas cuidadosamente. O médico, com ar de avôzinho, pareceu não deixar nada em branco, e garantiu que está tudo bem,tudo normal e que o rapaz pesa 500 gramas, mais coisa, menos coisa, e mede 24 centímetros. Cometi o erro de pedir um minutinho a três dimensões e apanhei com uma exposição de meia hora sobre a importância das ecografias, que não são nenhuma brincadeira, antes pelo contrário e ponto final, que quando o rapaz estiver cá fora logo vemos como é que ele é. Em todo o caso, lá nos tirou esta foto de perfil e digam lá que não é lindo e maravilhoso, todo bonitinho, nariz empinado tal e qual a mana.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

as lengalengas da Mada

Passamos horas nisto, ela sentada nos meus joelhos e eu a cantarolar o Zé Godinho, uma das suas preferidas. No fim levanta os dois bracinhos e, claro, pede mais. Foi a minha avó que me ensinou. O que ela havia de gostar de saber como a Madalena gosta do Zé Godinho.

ALÉM VEM O ZÉ GODINHO
Além vem o Zé Godinho
A cavalo num burrinho
O burrinho é fraco
A cavalo num macaco
O macaco é valente
A cavalo numa trempe
A trempe é de ferro
A cavalo num martelo
O martelo bate sola
A cavalo numa bola
A bola é de ouro
A cavalo num touro
O touro é bravo
Pica-lhe a mosca
Debaixo do rabo
Dá um coice e vai-se embora!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

perfeito coração

Os ventrículos estão no sítio, as artérias também, a aorta, a pulmonar, as outras todas, o diâmetro certinho, o batimento cardíaco na média e afinadinho, qual banda sonora candidata a um óscar. Temos, em suma, um rapaz de bom coração, garantiu o cardiologista que hoje fez a ecocardiografia. Uma coisa que eu nem sabia que existia, que ainda há pouco mais de um ano, grávida da Madalena, ninguém sequer me sugeriu que fizesse. Modernisses, é certo, mas que me deixam muito mais descansada sobre o bebé que trago na barriga e que cresce um pouco mais todos os dias. E, entretanto, já lá vão 22 semanas, quase 23, mais de metade do tempo em que o terei assim, sempre coladinho a mim, a ensaiar fantásticas jogadas de futebol que me parecem asas de borboletas a bater cá dentro.

domingo, 1 de novembro de 2009

comemoração

Há dois anos foi aqui, no ano passado aqui, e desta vez rumámos ao Norte, a visitar a Invicta, com passagem por Aveiro, a comprar ovos moles e a ver a ria. Tão boas, estas nossas mini-férias de Outono, sempre com direito a celebração e este ano com mais um convidado para o jantar. Felizmente gostou de comida japonesa e portou-se muito melhor do que a mana que não achou grande piada ao restaurante e refilou durante quase todo o tempo que levei a devorar meia travessa de sushi e sashimi.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

visita ao Oceanário e uma palavra nova

"Peises". Uma nova palavra assim muito bem dita e repetida à exaustão, porque a rapariga não se calou um minuto enquanto estivémos no Oceanário. Foi uma grande lembrança, esta de a levarmos a ver os peixinhos. Adorou, corria de um lado para o outro para ver tudo, agarrava-nos na mão para irmos mais depressa e às tantas ficou tão cansada que foi ela própria a pedir para a sentarmos no carrinho. Está cada dia mais linda e maravilhosa e, como diz a Elena, "Madalena muito falar". Na escola é também das que mais comunica, segundo garante a Susana, e o pai já está a dizer mal à vidinha dele porque, obviamente, não vai haver mais viagens silenciosas para o Alentejo. Sai à tia Alexandra, digo eu. Sabes muito bem a quem sai, resmunga o papá, ao mesmo tempo orgulhosíssimo da loquacidade do rebento.

Pedro

Desta vez a escolha não foi tão fácil. Primeiro porque não sabiamos se era rapaz ou rapariga, depois porque havia uma "short list" e não havia maneira de decidirmos qual era o nome que os dois mais gostávamos. Bom, na verdade já sabíamos, tanto que quando chegou o momento de escolher - no último sábado, na piscina, durante a aula de natação da Madalena, que foi um momento tão bom como outro qualquer - nem hesitámos muito. Vai chamar-se Pedro. E a mamã já foi às compras...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

sobrámos de enfeitados

A rapariga já estava sentada no carro, de casaco vermelho e vestida a rigor como se impunha, jantar tomado, pronta para ir gritar golo em pleno estádio, quando o papá se lembrou: onde é que raio se tinha metido o cartão do parque de estacionamento, a via verde para entrarmos no coração da Luz sem que a bebé apanhasse frio, nem filas de trânsito, só um elevadorzito para nos levar (quase) directamente aos lugares pelos quais ele paga todos os anos uma fortuna? Sim, onde é que estava? Não sabemos. Ainda hoje não o encontramos em sítio nenhum e não foi desta que o pai levou o rebento a ver o Benfica jogar. E foi uma pena, porque os rapazes marcaram seis-zero ao Nacional da Madeira e não se sabe por quanto tempo mais vai durar esta vaga de boa sorte.

domingo, 25 de outubro de 2009

Sentido de orientação

Pai: A Madalena tem um sentido de orientação apuradissimo


Sai de casa, para ir ao jardim andar de escorrega e vai dando as indicações ao pai. Aponta para onde quer ir, pede colo para irem mais depresa e não se lhe cansarem as pernas, e quando vem para casa repete a gracinha. Ele nem cabe em si de tanto orgulho

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Solidariedade

Dona princesa está óptima, sem um único vestígio de desarranjos intestinais e afins, mas deixou atrás de si um verdadeiro rasto de destruição, leia-se, de contágio. Depois do pai e da mãe - é bem, para saberem o que custa - as vítimas foram os avós do Alentejo, o Rui e a Joana, passando pela Aninhas e pela Catarina. Ninguém escapou. Ora tomem.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

20 semanas certinhas...

... e um telefonema: fala da Maternidade Alfredo da Costa, para lhe dar boas notícias, assim, logo as boas notícias na segunda frase, uma voz simpática e maternal e eu cá deste lado a tremer, mesmo depois de já ter ouvido o relatório completo. E, depois, a rir que nem uma maluquinha, a descomprimir daqueles segundos de puro terror. Já passou. Confirma-se que é um rapaz e tem os cromossomas todos no sítio.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Post escatológico

Desta vez foram os pais que passaram a incluir duas novas palavras no seu vocabulário: gastroenterite viral. Poupando os estimados leitores aos pormenores escabrosos, só digo que inclui muitas idas à casa de banho, um número indeterminado de fraldas e dodots e uma noite verdadeiramente miserável de enjoos e não só... A somar a tudo isto, tivémos um menu diário de agua de arroz e galinha, acompanhados de coca-cola (menos mal) e torradinhas. Lado bom da coisa: ficámos os três em casa coladinhos uns aos outros. Sim, porque a coisa apanhou a família toda (menos, esperamos, o pimpolho na barriga...) e ainda estamos para saber quem foi que primeiro apanhou esta porcaria. Temos sérias desconfianças que tenha sido dona princesa, mas não havendo provas, ningém pode ser julgado e muito menos castigado, a não ser com ataques de beijinhos e desses ela não se livrou.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Vocabulário

Três palavrinhas apenas: mamã, papá e cocó. Menos mal: podia ser só cocó...

(e vão 16 meses e duas semanas)

Este homem é grande

Presidente dos Estados Unidos premiado

Nobel da Paz para Barack Obama

09.10.2009 - 10h01 PÚBLICO
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu hoje o Prémio Nobel da Paz "pelos esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos".
"O comité deu muita importância à visão e aos esforços de Obama com vista a um mundo sem armas nucleares", declarou o presidente do comité, Thorbjoern Jagland. Obama venceu as últimas eleições presidenciais norte-americanas e chegou à presidência em Janeiro.
O prémio será entregue em Oslo a 10 de Dezembro, data da morte do seu fundador, o industrial e filantropo sueco Alfred Nobel.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Operação limpeza

Madalena, não comas as migalhas que caíram, que o chão está sujo. E ela, logo muito rápida, agarra no guardanapo e põe-se a limpar o chão. Depois continua, calmamente, a apanhar os restos da bolacha e no fim usa o mesmo guardanapo para limpar... a boca dela. É a verdadeira operação limpeza.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Bem vindos ao maravilhoso mundo...

... dos que não têm seguro de saúde. Podia ser este o "slogan" à entrada da Maternidade Alfredo da Costa, essa instituição com mais de sete décadas e onde nascem todos os anos para cima de cinco mil bebés. Eu, que até nem tenho muito a apontar à MAC, onde nasceu a Madalena e tudo correu bem, desta vez saí de lá com vontade de bater em alguém o que, tendo em conta que tinha acabado de fazer uma aminiocintese, que requer repouso absoluto fisico e mental, não é propriamente muito adequado. Tudo graças à ave rara que nos atendeu, uma médica especialista, aparentemente das mais reputadas, mas que tem tanta educação e simpatia como uma porta. Chegou atrasada quase uma hora, passou pela sala de espera sem dizer sequer bom dia às 20 ou 30 mulheres que aí estavam e ainda ficou calmamente à conversa no corredor com as enfermeiras.
Nada de mais para nós, que até já estamos programados para aguardar quando se trata do SNS. Contudo, esperávamos um comportamento diferente durante o exame, que vai muito além de uma simples ecografia. Acontece que a senhora especialista estava de costas e assim se manteve quando entrámos na sala, sem se dignar sequer a olhar para nós, reles mortais. E qundo o fez foi para me mandar pôr numa posição mais adequada, altura em que eu cometi o pecado supremo de me queixar que me doíam as costas. Foi o suficiente para ela desatar aos berros, porque se eu não tinha condições para fazer o exame então que me fosse embora, que ela tinha de ter todas as condições e mais não sei o que mais, que às tantas deixei de a ouvir enquanto lá ia tentando explicar que as dores de costas são permanentes, que não hão-de passar até ao fim da gravidez e que não queria nada adiar o exame. Lá de trás, onde estava a assistir, ouvi o Sérgio a dizer que aquilo já era difícil para nós e ela se faz favor que fosse mais simpática. Não foi, mas pelo menos baixou a voz, fez o que tinha a fazer e respondeu às minhas perguntas de mãe embasbacada a olhar para o rebento que aparecia no monitor e que, naquele momento, passou a ser a única coisa que interessava.
Pormenor importante nesta história: a dra. Ana Teresa , que assim se chama a querida especialista, é nossa velha conhecida, já que foi ela quem fez as ecografias na gravidez da Madalena. Acontece que esses exames não foram feitos na MAC, mas sim numa clínica, onde ela trabalha nos tempos livres e nós pagamos para cima de 100 euros por cada consulta. Números mágicos, pelos vistos, porque aí, apesar de reservada, nunca foi mal educada ou agressiva. Espero que trabalhe à comissão, porque de nós não receberá nem mais um tostão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Acabaram-se as dúvidas

É um rapaz. Se dúvidas havia, foram devidamente afastadas pela médica que hoje fez a ecografia e a amniocintese. Mexe que se farta, tem uma boa vitalidade, o coração bate afinadinho e daqui a um mês espreitamos novamente, para ver mais pormenores. Agora, com licença que mandaram-me ficar na cama em repouso absoluto por 48 horas e tenho de ir tratar do assunto.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Enfermeira Cristina

Ontem tive de ir ao Centro de Saúde do Coração de Jesus, para tratar das burocracias todas que implicam informar o Estado que estou grávida. Uma senhora muito simpática informou-me que tenho consulta daqui a mês e meio - felizmente antes da data prevista para o parto - e que se precisar muito posso ir um dia de manhã às urgências - o que implica estar lá às oito para ver se há vaga e marcar pessoalmente, porque por telefone não dá. Também me informaram que não tenho direito a um médico regular, o que significa ser atendida por aquele que tiver vaga quando me fizerem as marcações. E mai nada, que isto é o Serviço Nacional de Saúde e toda a gente sabe que não há médicos suficientes porque andam todos no privado, diz a simpática senhora, enquanto espirra delicadamente para as mãos e volta a manusear o papelote da marcação da consulta que me há-de dar daí a pouco (atrás dela, um cartaz sobre a gripe A aconselha a usar sempre um lenço ou a espirrar para o braço, nunca para as mãos...).

Perante tamanha simpatia e diligência, agradeci muito a atenção e tratei de me pirar, feliz por ser das poucas privilegiadas deste País que tem dinheiro para pagar a consulta no privado e ir acompanhando com regularidade o desenvolvimento do meu bebé. Feliz, mas deprimida com a vida, a rogar pragas ao Socrates e mais à ministra e a todos os membros do Governo, que, obviamente, nunca são obrigados a recorrer ao SNS, senão saberiam o que é bom para a tosse.

E eis que de repente, aparece a enfermeira Cristina, a mesma que fez o teste do pézinho à bebé e que me telefonava para casa a lembrar as datas das vacinas. Deu-me os parabéns pela minha barriga,que ainda mal se nota, perguntou pela "Madalena, que agora está com 16 meses, não é?" e mandou-me marcar-lhe o rastreio oftalmológico, "que já está mais do que na altura de ver se a rapariga tem bons olhos". E pronto, ainda que temporariamente, a Enfermeira Cristina, que eu já não encontrava há quase um ano, lá me reconciliou com o SNS. Pelo sim, pelo não, resolvi manter uma a uma as pragas que já tinha mandado a todos os membros do ilustre Executivo, que andam muito preocupados com grandes investimentos, mas se esquecem de incluir no rol uma coisa tão básica como é a saúde de todos nós.

Escola

Está uma rapariga nova. Chega à escola, estende os braços para a Susana ou para a Paula e só choraminga um bocadinho quando nos vê a vir embora. Depois toca de brincar, como se nada fosse. Os relatórios diários, transmitidos pela Elena, indicam "Madalena óptima, professora diz, almoço tudo, dormir dois horas,cocó normal dois vezes. Muito bom". Mais palavras para quê?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Madalena também foi votar

O Pedro Elias captou o grande momento. A seguir foram o Louçã e o Sócrates, que votam no mesmo local, mas já não tiveram protagonismo nenhum, como se imagina.

Legislativas

O Sócrates ganhou as eleições, mas perdeu a maioria absoluta; o Bloco duplicou os deputados, mas não o suficiente para poder chatear o PS; o PP passou de 5º para 3º no Parlamento e não há quem aguente o Portas e o PCP passou para último na Assembleia, mas como teve mais 30 mil votos conseguiu mais um deputado. Ah, e o PSD foi por aí a baixo, a Ferreira Leite, coitada, assim a modos que em roda livre, ainda segunda força política, mas uns belos oito pontos atrás do Sócrates e já com os jotas todos a fugir dela e a buscar apressadamente um lugar debaixo da asinha do Passos Coelho. Várias semanas de campanha, um dia de reflexão e um Domingo a votar e deu nisto. Hoje o País acordou mais ou menos na mesma, como a lesma, com as mesmas caras de sempre a governar a nação, e vamos embora que amanhã o Cavaco fala ao País às oito da noite e mais duas semanitas e temos mais um acto eleitoral, desta vez para eleger os ilustres do poder autárquico.

Querida Madalena, é assim o País que temos e receio bem que daqui a uns anos, quando finalmente tiveres paciência para ler este blog, pouca coisa tenha mudado. Em todo ocaso, nem sequer é tão mau como parece, tirando o Cavaco, que é muito pior do que parece (e já parece muito mau...). Ontem à noite o pai e a mãe ainda se divertiram a trabalhar em dia de eleições, a A bebé também esteve muito bem, com a avó e com os primos e nas próximas semanas de certeza que vão reabrir o Jardim do Torel, fechado para obras vai para um ano, que o António Costa há-de querer fazer a inauguração da coisa.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pesos na consciência

Pomos o despertador para as oito e todos os dias dizemos é hoje, é hoje que vamos sair da cama cedo, chegar à escola da Madalena às nove e pouco e ir daí direitinhos para o trabalho. Pura ilusão, claro, que o despertador toca sempre, mas as horas acabam sempre por resvalar. Ou porque ela chora (e como chora), ou faz cocó e temos de lhe mudar novamente a fralda (não torçam o nariz, que isto é um "baby blog", por isso é suposto falar destas coisas), ou porque acontece outro imprevisto qualquer e pronto, mais uma vez chego ao trabalho já depois das dez.
E a correria continua, as horas parece que voam no relógio e quando dou por ela já passa das sete e eu ainda queria fazer mais umas vinte coisas, pelo menos, mas tenho de vir para casa, que a Helena supostamente sai às sete e meia e contam-se pelos dedos de uma mão os dias em que até hoje conseguiu cumprir o horário. Saio a correr e apanho o primeiro taxi que me aparece, já de consciência pesada, porque a Madalena ainda não jantou, porque quero que ela tome banho antes de comer, porque o resto das pessoas fica e eu piro-me airosamente. Cheia de pesos na consciência e sem me permitir lembrar que estive lá nove horas e que devia haver limites para tudo, até para o tempo que passamos enfiados no trabalho, como se trabalhar nove ou dez horas por dia, quando não são mais, fosse a coisa mais normal desta vida, tão normal que já não se questiona. E logo nós, nesta bela desta profissão, em que deviamos questionar tudo...

domingo, 20 de setembro de 2009

Madalena foi à bola

Não foi ainda ao Benfica, mas foi quase o mesmo: fomos ver a segunda parte de um espectacular Castrense-Lusitano de Évora, no magnífico campo relvado de Castro Verde e depois de um passeio/piquenique na Fonte dos Milagres. O jogo terminou empatado a 1 e dona Bebé e seu papá gostaram muito. Eu preferi ficar a olhar para eles, tão lindos e maravilhosos, e a tentar perceber se estava ou não a sentir o bebé na barriga, algo que, naturalmente, se revelou impossível no meio da barulheira do campo de futebol.
Os fins-de-semana no Alentejo são uma benção de paz e sossego, mas este teve pouco de descanso. É que a minha filha resolveu ficar colada a mim cada minuto do dia e não houve maneira de a convencer a ir dar uma volta com a avó enquanto eu ficava refastelada no sofá. Desde que comecei a deixá-la na escola está sempre desconfiada que nós vamos embora sem ela e transformou-se numa verdadeira lapa. Se isto não lhe passa rapidamente, estou metida numa bela duma confusão...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Momento de poesia

Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham prá você

Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim e eu não existo sem você

Vinicius de Moraes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mãe em estado de choque

A bebé continua a chorar desalmadamente quando a deixamos no infantário. Os olhos dela cheios de lágrimas, os bracinhos estendidos na minha direcção, vêm comigo para o trabalho e não me largam durante todo o dia até que chego a casa e ela corre para mim. Nessa altura lá me convenço que se calhar não está assim muito zangada comigo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

E pela primeira vez...

... senti um bebé na barriga. Pela primeira vez, desta vez, entenda-se. E agora que já sou uma rapariga experiente nestas coisas, não tive dúvidas nenhumas sobre o que aquilo era, um pequeno pontapé, uma mudança de posição, talvez um bracinho a espreguiçar-se, acabadinho de acordar.
Há poucas sensações tão boas como esta.

E vão 15 semanas e cinco dias. O tempo passa a correr.

Momento zen do dia...

...é ir para a cama à noite, com ela ao lado, muito aconchegadinha a mim, a beber o último leitinho do dia. Não há stress que resista. O pior é quando adormecemos as duase depois é preciso muita coragem para a devolver à caminha dela.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Madalena vai à escola

No primeiro dia foi com a mamã e o papá, ficou apenas uma hora e quando de lá saiu já tinha dado ideias aos outros meninos, instituindo a moda de arrastar cadeirinhas pela sala. Não chorou uma única vez.
No segundo dia também correu tudo muito bem. Brincou, dançou, destribuiu sorrisos pela Susana (a educadora) e pela Paula (a auxiliar) e não ligou nenhuma aos outros meninos, que também não lhe deram grande atenção. O que de resto não interessa nada, porque a sala está cheia de brinquedos novos para explorar.
Ao terceiro dia, já que tudo corria tão bem, a rapariga ficou para o almoço e os papás retiraram-se durante uma horita, deixando-a lá sózinha. Caiu o Carmo e a Trindade, claro, e vai passar muito tempo até me esquecer da carinha dela, a chorar deinfelicidade quando nos viu a ir embora. O pai estava de tal forma que não conseguia abrir a cancela para sair e a mim só me apetecia voltar lá para dentro para a abraçar. Soubémos depois que o choro até nem durou assim tanto e que comeu um prato de sopa inteirinho, coisa que em casa se recusa terminantemente a fazer.
No quarto dia, ou seja, hoje, fez gazeta. Passou a noite cheia de febre, em princípio numa reacção às vacinas dos 15 meses, porque não tem mais sintomas nenhuns.
Semaninha complicada...

domingo, 6 de setembro de 2009

Novo amor

É uma cadeirinha de madeira, com fundo de bunho, que há-de ter uns 50 anos porque era do Mário, que teria talvez essa idade se ainda andasse por cá. A cadeira viajou da Chaminé para Castro, e depois para Lisboa e já não sei quantos meninos brincaram com ela nestes anos todos. Agora é da Madalena e é o seu novo amor. Passeia pela casa toda, com outros brinquedos em cima, a sua dona muito compenetrada a arrastá-la e a sentar-se de tempos a tempos, toda cuidadosa não vá o rabinho escapar-se para o lado como às vezes ainda acontece. A cadeira acompanha-a até junto à cama, quando é altura de dormir a sesta, e só não vai lá para dentro juntamente com a Gatinha porque a mamã se recusou terminantemente a ajudar e ela sózinha não conseguiu. Com grande pena, naturalmente.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bons sonos

Madalena, vamos dormir. E ela lá vai, chucha na mão, até à casa de banho. Primeiro lavam-se os dentes, pois claro. Depois, Gatinha a postos, ala que se faz tarde. Adeus para o papá, que fica no sofá, adeus para a mamã, luz apagada e porta fechada. Bons sonos, querida. De vez em quando ainda há um ou outro choro de protesto, mas coisita pouca. E para o evitar nada melhor do que deixar vária chuchas à mão, tira uma, põe outra, recupera a primeira, e assim adormece, sózinha no quarto dela. Será que vai continuar assim quando chagar o/a mano/a e passar a partilhar o quarto?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quinze meses...

... e mais uma visita à bruxa horrível. Vinte minutos, mais coisa menos coisa, de berros e gritos de cortar o coração mais insensível. A médica, contudo, manteve-se impassível, enquanto a auscultava e tentava, sem sucesso, que se equilibrasse na balança, para a tentar pesar. Foi tudo infrutífero. Saímos com uma ideia aproximada: pesa entre os nove e os nove quilos e meio e anda perto dos oitenta centímetros. De resto tudo bem, continua cabeçuda como sempre, adeus e voltem cá aos 18 meses que já não posso ouvir esta pivete, pensou mas não disse a pediatra.
Ainda estou para saber por que raio chora ela tanto, porque a bruxa horrível é, na realidade, uma senhora muito calma e simpática, que atura com toda a paciência as muitas perguntas que nós lhe levamos e atende o telemóvel cada vez que sua magestade resolve ficar com alguma mazela. Não sei porquê, mas a verdade é que ela detesta ir à médica. E mal sai de lá, ainda nós estamos a pagar a consulta, já está com o arzinho angelical de quem não parte um prato, muito satisfeita consigo própria, convencida, quase de certeza, que mais uma vez nos conseguiu vencer.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aviso à Nação

A Madalena vai ter um irmão. Ou irmã, que ainda é muito cedo para ter certezas. Há-de ser lá para Março e cá em casa paira ainda um certo ar de "o que é que nos está a acontecer?". Estamos muito felizes.

A partir de hoje ficam disponíveis para os estimados leitores alguns posts já escritos, mas mantidos ocultos enquando não decidiamos contar a toda a gende a feliz novidade.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Espreitadelas

Ecografia das 12 semanas. Tem quase sete cms da cabeça até ao rabinho e está tudo no sítio, segundo garantiu a médica, que é uma grande conversadora e explica tudo ao milímetro. Pernocas, cinco dedinhos em cada mão, pezinhos, coração a bater furiosamente, tudo, tudinho e mais uma pila. Uma pila. E eu que estava convencida, embora muito caladinha, que havia de ser mais uma rapariga. Levei um choque, mas não foi por isso que desatei a chorar, porque as lágrimas já caíam há muito, quase desde o início do exame, sem que eu tivesse sequer dado por elas. Estar ali a olhar para o écran, ouvir-lhe o bater do coração, pensar que é tal e qual a irmã e esperar ansiosa por cada palavra da médica, por cada silêncio mais comprido, não vá ela dizer alguma coisa que a gente não quer ouvir... é uma emoção demasiado forte para poder ser descrita com palavras e sem mais lágrimas.
Desta vez não estava certa que era uma rapariga, há que admiti-lo, mas mesmo assim quase dei um pulo quando vi a pilinha do pimpolho. E agora o que é que eu vou fazer? Um rapaz? Mas como é que se faz com um rapaz? Como é que se fala com ele? Vou ser capaz de lhe ensinar tudo o que é preciso, tipo como fazer xixi e afins?
Suponho que sim, que vou ser capaz, mas neste momento só tenho mesmo uma certeza, é que vou amá-lo de paixão, tanto como amo furiosamente esta outra pingente que está a dormir tão linda, ali na cama dela. Essas coisas do xixi ficam para ti, Sérgio, está decidido.

A médica diz que ainda não há certezas, que nesta idade gestacional é impossível dizer com absoluta garantia se é rapaz ou rapariga.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cromos da bola

Tenho dois cá em casa. Já não bastava o concurso do Malato, que os deixa embasbacados a olhar para a televisão, agora o senhor papá descobriu que há um concurso na Benfica TV, qualquer coisa para descobrir quem é o maior benfiquista, e nem vale a pena falar com ele enquanto tão interessante programa está a dar, porque desliga de tudo o que não seja responder às perguntas primeiro que os concorrentes. Estou bem tramada, porque dona Mada decidiu que também gosta e é vê-la de dedinho estendido, toda sorridente, mal aparece no ecrã um simbolo do Benfica - e são muitos, como se espera num programa deste calibre.

O pai jura que não lhe ensinou, mas a verdade é que ela conhece muito bem o símbolo e se há um emblema microscópico do Benfica numa página qualquer do Record, lá consegue dar por ele. Como era de prever, já foi exibida a todos os amigos e família, perante o olhar embevecido do progenitor.

sábado, 22 de agosto de 2009

Vocabulário

Quase nos 15 meses, a lista é a seguinte:

Mama (às vezes sai mamamama e aplica-se a variadíssimas situações);
Papa (idem);
Chuss (anda inseparável da chucha, mas na verdade também já a vi chamar chuss ao Zorbas);
Áua (não tenho dúvidas que traduzindo à letra, dá "água", mas também é utilizada para "chucha" ou para aquilo que calhar)
Hum ( é o vocábulo mais usado, normalmente acompanhado de um dedinho espetado, que aponta para o objecto que ela quer naquele momento)

Em suma: não diz nada que se aproveite, mas faz-se entender muitíssimo bem e percebe tudo o que lhe dizemos. Quer dizer, quase tudo, e, sobretudo, quando ela quer. Ontem, por exemplo, tentei uma negociação: se se sentasse eu dava-lhe uma batata frita - não só não se sentou, como berrou de tal forma, que levou mesmo a batata frita e acabou-se o diálogo (calma, avós preocupados, que foi só uma batatinha pequenina).

Atrevimento

Quem esteve hoje no miradouro de São Pedro de Alcântara, a assistir ao concerto de jazz que lá houve, pôde também levar para casa um dos maravilhosos sorrisos aqui da princesa, que esteve de uma generosidade imparável. A coisa foi de tal ordem, que pôs a rir e a fazer-lhe adeus até o mais sisudo dos turistas, escondido atrás dos seus ray ban e do cigarrito de enrolar. Uma senhora japonesa quase que a queria levar para casa e uma mãe e uma filha francesas chegaram mesmo a reclamar "et nous, et nous??" quando sua magestade passou por elas e preferiu acenar ao cavalheiro que estava sentado ao lado (lá bom gosto tem ela).
A questão é a seguinte: onde é que a rapariga foi buscar este atrevimento todo? É que não tem vergonha nenhuma, mete-se com toda a gente, mãozinha no ar, a acenar, qual rainha de Inglaterra a desfilar no seu Rolls Royce. Além disso, dança despudoradamente quando a música lhe agrada mais e nem pensar em dar a mão aos pais, que correm esbaforidos atrás dela.
Não parou durante a hora que durou o concerto, mas bastaram dez segundos para adormecer mal aterrou no carro. Antes, naturalmente, barafustou e esbracejou, que afinal estava ali muito bem e não lhe apetecia nada vir para casa.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Praia, campo e piscina

Duas semanas de férias supersónicas e quase a chegar ao fim, os três coladinhos uns aos outros que nem lapas, num autêntico périplo pelas casas da família. Começou em Sintra, continuou nos Algarves e depois no Alentejo e terminou em Lisboa, onde a Madalena entrou em casa com um tal ar de felicidade pelo regresso que só me apeteceu estrafegá-la com beijinhos.
Gostou da areia, detestou o barulho do mar e ninguém a convenceu a enfiar-se dentro de água. O saldo foi positivo, ainda assim, porque fartou-se de brincar com o Tiago - com as primas em Lisboa, a sortuda teve o primo só para ela - deliciou-se na piscina das Pedras e até provou bolas de berlim na praia de Cabanas.
No último dia resolveu ficar com febre - uns míseros 37,5º, mas nessa altura os pais não sabiam ainda que só se conta como febre a partir dos 38º - e lá desandámos para o Alentejo, a telefonar para os senhores da Linha Saúde 24, não fosse aquilo descambar na bela da Gripe A que anda a assolar os veraneantes a Sul.
Não era gripe, só uma constipaçãozita ranhosa que, mesmo assim, nos deixou um bocadito em pânico, mal habituados que estamos a uma bebé que, com quase 15 meses, nunca ficou doente.
Já está fina, as férias estão a chegar ao fim e daqui a umas semanas a rapariga vai para a escola. Pela primeira vez. Ai, ai...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Cinema

Pela primeira vez desde que sua magestade nasceu, fomos os dois ao cinema. E mais: até jantámos antes, sózinhos, num verdadeiro "date", com namoro no escurinho do filme e no regresso a casa. Ai, foi tão bom, que até parecia mentira e afinal não doeu nada, como eu tanto temia. A rapariga portou-se lindamente, sem lágrimas nem amuos, foi para a cama à hora habitual, dormiu sem protestos, e quando regressámos estavam os dois baby-sitters sentadinhos no sofá, muito lindos a ver televisão e a prometer que um dia destes podiamos repetir a dose.
Tio, tias, avó, amigos e amigas, fica aqui o aviso: daqui para a frente os vossos serviços vão ser requisitados, que temos mais de um ano de filmes em atraso para pôr em dia.

Descobri que uma ida ao cinema custa 6 (seis!) euros, o que é um roubo, e que o Johnny Depp continua lindo como dantes

sábado, 1 de agosto de 2009

Já está


Percebeu as potencialidades da coisa e já ninguém a pára. Anda de um lado para o outro, faz curvas graciosas, espalha-se ao comprido e levanta-se logo a seguir, porque não quer perder um único minuto, tal é o entusiasmo. Entretanto, vai sorrindo para nós, muito satisfeita consigo própria, "estão a ver o que eu consigo fazer?" E nós embasbacados, sempre de braços prontos a apará-la, porque esta nova bebé que temos em casa não sossega um instante e parece escolher precisamente os locais mais perigosos, aqueles para onde nunca ía quando tinhamos de ser nós a levá-la. Claro que tem de cair umas vezes, nem que seja para aprender, e nós sabemos disso. Mas da teoria à prática vai uma grande distância e, sobretudo, vai um pânico desgraçado dos encontros imediatos com vãos de portas e lareiras ou cantos de móveis. Ao fim do dia caiu na cama sem um único protesto, linda e maravilhosa como sempre, e aposto como neste momento está a sonhar com longas caminhadas pelo corredor cá de casa.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Maratonista

E aos 14 meses e três dias, dona Madalena deu seis belíssimos passos sózinha, sem mãos de mamã ou de papá a segurá-la. Depois agarrou-se ao meu pescoço e, coitadinha, sofreu de imediato um violento ataque de beijinhos. Deve ter sido por isso que se recusou a repetir a façanha durante o resto da noite.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Geração do digital

A coisa já está nos genes. Ainda não foi estudada, mas qualquer dia há um cientista qualquer que publica um paper a garantir que é assim mesmo, que é mais uma fase da evolução humana que o senhor Darwin descreveu há 200 anos. Passo a explicar: dona Madalena há muito que brinca com o comando da televisão e sabe muito bem que se carregar nas teclas acontece qualquer coisa no ecrã; também descobriu já que o telefone serve para ouvir pessoas do outro lado, mas que antes é preciso carregar nos números, coisa que faz muito despachada usando apenas o polegar, tal e qual uma adolescente a mandar SMS para as amigas; e agora, qual cereja no topo do bolo, demos com ela de dedinho em riste, a deslizar no sitio do rato aqui do computador ao mesmo tempo que olhava, muito compenetrada para o ecrã, a ver o que é que acontecia. E é que era um dedinho tão lindo e tão eficiente, que ainda não sei como é que resistiu aos ataques furiosos de beijinhos dos dois papás babados. A gracinha, claro, já correu as redacções deste País...

domingo, 19 de julho de 2009

Mana Mada

Contei à mana, que, nos seus 13 meses, não se mostrou muito interessada na novidade. Ponho-me a pensar como reagirá ela quando chegar o bebé, como crescerão juntos, se serão amigos inseparáveis quando crescerem e a diferença de idades mal se notar.
Além da Madalena e das avós, só a Delduque e a Helena foram informadas. A primeira porque me apanhou num dia em que eu tinha de contar a alguém, a segunda porque quero que se vá habituando à ideia de que vou precisar ainda mais dela quando hover dois bebés cá em casa.
Dia 11 de Agosto há nova consulta com a Alice e vamos ver como está a crescer a nossa bolinha nadadora.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Avô

A primeira memória que tenho, de todas as minhas memórias de criança, é com o meu avô. Estamos no Monte, estou de mão dada com ele e na outra mão seguro uma cadeira pequenina de que gostava muito. Não me lembro de mais nada e nem tenho a certeza que esta seja uma memória real. Chamava-se Antero e morreu aos 78 anos, tinha eu 21 meses, pouco mais do que a Madalena tem agora. Por isso só sei dele o que me conta a minha mãe, que era um doce com a minha avó, a quem fez nove filhos, e que de vez em quando bebia uns copitos, quando vinha à vila montado na burra branca. Não há muitas fotografias, por isso o meu avô tem na minha cabeça um rosto que eu lhe criei, qualquer coisa entre os olhos da minha mãe e o sorriso do tio Manel da Horta. Era um velhote alentejano que eu nunca conheci, mas que vive ainda nesta minha primeira memória de criança.

Os avôs são preciosos, querida Madalena, mesmo quando já não andam por cá. Nós somos um bocadinho deles e as lembranças que nos deixam são também bocadinhos de nós, por isso devemos mante-las vivas. E, por isso também, eu e o papá vamos contar-te muitas coisas sobre o avô António, que agora tem uma árvore da casa da Várzea.

Já bate um coração

Parece um coração, ainda que sejam apenas duas placas de células. Bate como um coração e já se vê perfeitamente dentro do saco onde está a placenta. Está lá no meio e parece uma mão a abrir e a fechar, num sorriso para a mãe que olha, deslumbrada, para o ecrã da maquineta.
"Confirma-se, está aqui e já bate", anunciou a Alice, bruta como sempre, porque eram quase quatro da tarde e ainda tinha mais 19 clientes à espera. "Já lhe dei uma filha", lembra-me de vez em quando, e vem-me à memória a imagem dela a fazer-me festas na cara, enquanto a Madalena nascia, por isso desculpo-lhe, mais uma vez, a brusquidão.
Despediu-me com um "vá para casa e seja feliz, não arranje problemas", e eu fui, obediente, ter com a avó Fátima que me esperava lá fora e que soube da novidade enquanto desciamos no elevador. Ficou tão embasbacada que não lhe saiu uma palavra e só mais tarde é que se lembrou de me abraçar.
Foi um dia triste iluminado por esta boa notícia. O avô António havia de ter gostado de saber que vem mais uma benfiquista a caminho. Ou um, que estas certezas que eu tenho têm muito pouco fundamento científico.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ai!

Então não é que eu resolvo ficar grávida logo quando a famosa pandemia de gripe A começa realmente a dar sinais? E não é que a Madalena vai para a escola em Setembro? E não é que as grávidas e as crianças estão entre os grupos de risco? Ai, ai!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dia zero (estou grávida novamente!)

A Alice confirmou aquilo que eu, lá no fundo, já sabia. Estou grávida. Novamente. Um ano e um mês depois de a Madalena ter nascido. Por enquanto é apenas um pontinho minusculo no meio da ecografia. Um saco, como lhe chamou a médica. Há-de evoluir nos próximos dias e daqui a uma semana lá vou, espreitar novamente o rebento. Por hoje saí com a receita de Folicil e a recomendação de não contar nada a ninguém, que é preciso esperar para ver.

Na primeira vez fiquei histérica, a rir que nem uma louca, feliz até às lágrimas a olhar para as duas risquinhas cor-de-rosa no teste de gravidez. Hoje as lágrimas voltaram a saltar-me aos olhos ao ver a bolinha nadadora, mas depois fiquei calma. Muito calma. Talvez porque agora já conheço o caminho, já não vou às cegas. Sei que as dificuldades existem, mas já as conheço. Estou feliz, e há-de correr tudo bem.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A menina dança?

Ai dança, dança. Muito. Ele é a Galinha Pintadinha, o Pintinho Amarelinho, o programa do Malato ou os anúncios do McDonald's. É só ouvir e começar a abanar o rabiosque, os bracinhos, a cabeça, cada música com a sua coreografia. Até dança quando paramos na passadeira, à espera que o sinal fique verde para os peões, e passa um carro com um daqueles senhores de boné que obriga o mundo inteiro a ouvir os seus horriveis batuques. Dança e não é esquisita com a música, o que aliás é uma coisa que ainda temos de afinar, porque já a vi a dançar ao som do Tony Careira, na festa dos santos ali no jardim do Campo de Sant'Ana. Mas não é grave, porque também se derrete toda com Bebo & Cigala ou com o Caetano Veloso.
Não sei a quem é que a rapariga sai dançarina, a mim não há-de ser, que sempre fui um pé de chumbo do pior, talvez ao pai, mas esse também tem outras qualidades que se notam mais, agora que ela adora dançar, isso sim, é verdade. E fica linda, como sempre.

sábado, 4 de julho de 2009

[15 de Junho] Cabanas


Gostou da areia, não gostou do mar. Achou que era muito barulhento e que, mesmo estando ao colo dos pais, nunca se sabia o que vinha dali. Além disso era muito frio. Não, a areia é bem melhor. E melhor ainda é a piscina das Pedras da Rainha, mais os meninos ingleses e alemães todos vermelhuscos que por lá andam. Ganhou umas braçadeiras novas e aventurou-se sózinha na piscina, a andar toda satisfeita atrás da bola, que ali nem precisava de segurar na mão de ninguém. Foi um orgulho muito grande e uma carga de trabalhos. Por outras palavras, acabaram-se as horas de leitura na praia ou na piscina sem pensar em mais nada a não ser nas conquilhas do jantar. Acabou-se o descanso, porque a rapariga quer é andar por todo o lado, toda satisfeita porque já se equilibra só com uma mão e há muitas coisas para explorar. Está imparável, o que faz supor que quando finalmente começar a andar aí então é que os pais estão tramados. E bem.

terça-feira, 30 de junho de 2009

[8 de Junho] Paris de France

Foram quatro dias numa lua-de-mel a três em que quase nunca parou de chover, mas em que nos divertimos à grande. Houve de tudo, desde corridas à chuva a caminho do "Le Vignon" com paragem de urgência no hotel onde estava o Federer, passeio pelo Musée d'Orsay, visita à mega-exposição do Andy Warhol no Grand Palais, lanche no Angelina e uma inevitável viagem de barco pelo Sena. Claro que antes passámos pela Madeleine, mesmo ao lado do hotel, e fechámos com uma visita ao Fauchon, para comprar chás e, naturalmente, comer madalenas.
Não houve jantares à luz de velas nem subidas românticas à Torre Eiffel, mas não faz mal, que o mais importante foi termos visto Paris os três.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

[6 de Junho] O baptizado

Mais uma vez a meteorologia a dar-me cabo da cabeça, porque era dia de baptizado e a seguir tinhamos almoço no relvado da Várzea com direito a piscina para quem quisesse. Lá fomos para a Igreja, a bebé no seu vestido lindo, a mamã a insistir na sandaleca e o pai, mais uma vez, de camisinha nova. Durante a cerimónia choveu a cântaros, mas na verdade acho que nem notámos, porque o evento, contra as expectativas do homem cá de casa, sempre avesso a estas coisas, acabou por ser divertido. O padre Vítor esteve muito bem no seu discurso e encarregou o Sérgio de ensinar a Madalena a questionar sempre tudo, coisa que ele, aliás, já garantiu que vai fazer, desde que não esteja em causa algum golo do Benfica. O avô António fez perguntas sobre a igreja, o avô Manuel ficou lá à frente sem ser preciso pedir-lhe e a Madalena adorou a água na cabeça e só choramingou quando achou que a conversa estava a demorar tempo demais e o que ela queria mesmo era dar uma corridinha por ali. Quando saímos tinha parado a chuva e em Sintra estava um sol radioso e um belo almoço à nossa espera. O São Pedro redimiu-se do banho do dia anterior. Como diz o poeta, foi bonita a festa, pá.

Ficha Técnica
Local - Igreja do Sagrado Coração de Jesus
Hora- 11 horas
Madrinha - Joana Patrícia
Padrinho - Rui Lança

[5 de Junho] O casamento

Durante uma semana, o 'site' do Instituto Nacional de Meteorologia foi o mais visto cá de casa. E, quando finalmente chegou o grande dia, os senhores antímios de azevedo não se enganaram e choveu mesmo. A cântaros. Precisamente no momento em que saímos de casa, já atrasadíssimos para o evento - um dos nubentes insistiu em se manter fiel a uma florista localizada sabe-se lá onde -, caiu uma carga de água que tratou se ensopar a farpela dos noivos, o ramo das flores e a linda menina que podia muito bem ter levado as alianças, se alianças houvesse, o que não foi o caso porque não era preciso. Nesse dia fartei-me de receber mensagens a dizer que boda molhada, boda abençoada e mais não sei o quê, mas enquanto esperava por um taxi na rua Luciano Cordeiro, só me apetecia bater em alguém e sorte teve o São Pedro em não me aparecer à frente.
Fora tudo isso,foi um lindo dia. A menina das alianças esteve maravilhosa, o papá também, na sua camisa-nova-sem-gravata, e eu consegui não me desequilibrar do alto das sandálias brancas novinhas em folha, adequadíssimas para um dia de chuva.
Foi na 6ªconservatória, ao meio-dia, na sala luar, com os avós a assistir. E estou capaz de jurar que havia por lá umas lagriminhas no canto do olho, como em qualquer casamento que se preze.

sábado, 27 de junho de 2009

Actualizações

E de repente, passou um mês. A madalena fez 13 meses e nós quase nem démos por isso, embrenhados que estávamos no regresso ao trabalho, nos tipos do BCP que foram acusados, na OCDE que fez previsões novas e sabe-se lá em mais o quê. Coisas obviamente sem importância nenhuma, porque quem é que quer saber quanto cresce a economia, ou porque é que o Sócrates se meteu no negócio da TVI, ou se o Jardim Gonçalves vai preso, quando a Madalena está a crescer masmo aqui à nossa frente, cada vez mais linda e maravilhosa?

O que é certo é que passou um mês e eu todos os dias a pensar que tinha de actualizar o blog, que a Mada quando crescer há-de gostar de ler isto, e todos os dias a cair de sono quando a princesa finalmente decide ir dormir, e já sem qualquer inspiração literária ou com pretensões a isso.

É que a rapariga anda cada vez mais absorvente por isso, mal chegamos a casa há o banho para dar, o jantar para afinar e, depois, uma refeição que, dependendo dos apetites da princesa, pode demorar muitooooo tempo. Depois temos de brincar um bocado, fazer o Zé Godinho, dar uns passeios pelo corredor, ir até ao quintal se estiver muito calor e pronto, feitas as contas é assim como ir ao ginásio fazer uma aula de RPM e a seguir caímos todos na cama que nem anjinhos.

Há muita coisa para actualizar por aqui e deste fim de semana não passa. Palavra de mamã.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A nossa Imeldinha

Adora sapatos. Consegue tirá-los, põe na boca, vira e revira, são uma brincadeira óptim. Durante uns tempos até levava uns, de que gostava em particular, para lhe fazerem companhia nas sestas. Foi das primeiras palavras que aprendeu: põe o sapato no pé, Madalena, e ela põe e depois fica a olhar para nós, muito orgulhosa.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Birra

Não há quem a segure: agarra-nos nas mãos e exige ser passeada pela casa fora. É ela que escolhe o percurso, naturalmente, e nem pensar em desvios, porque levamos logo com um valente protesto. Hoje decidiu que queria ir para o jardim por isso conduziu-me, muito competente, até à porta e lá ficou, a olhar para cima e a pedir que lha abrisse. Ela só diz "mamã" (diz sim senhor!), mas consegue fazer-se entender muito bem. E quando não lhe fazemos as vontades atinge já um nível muito respeitável de decibéis. Hoje deve ter conseguido fazer-se ouvir lá em cima no quarto andar, mas eu achei que estava muito frio e que já não eram horas de ir para o jardim e resignei-me à barulheira. Não serviu de nada, porque entretanto chegou o pai, ela repetiu o mesmo número e ele, claro, não resistiu às pressões e levou-a lá para fora. Fez-lhe a vontade, em suma... Temos de rever aqui em casa as normas disciplinares, que isto assim não pode ser!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O comando é meu...

... e não só. Afinal,para que interessa um comando, se podemos ir directamente ao aparelho do Meo, dedinho estendido e apontado ao botão com a luzinha verde que quando se carrega fica vermelho? É giro. Muito giro. Sobretudo porque desliga a televisão.
Descobriu sózinha e agora passa a vida nisto, para desespero do papá, que achava que tinha o monopólio do pequene ecran. Lá vai a gatinhar, muito decidida, desliga a coisa e depois vira-se para nós, muito satisfeita consigo própria.
Decidimos fingir que não era nada, que nem ligávamos, para não dar demasiada importância à coisa e a ver se ela se esquecia. E esquece, mas durante pouco tempo, que as luzinhas e aquela descoberta do seu poder sobre a televisão são verdadeiramente irresistíveis.

sábado, 16 de maio de 2009

Madalena foi à feira

E lá subimos as duas, ela no carrinho, enfiada em casacos até ao pescoço, eu a empurrar, orgulhosa da minha filha linda e maravilhosa, a sorrir para toda a gente que dava um sorriso à Madalena. Andámos pelos alfarrabistas e comprámos livros da Patricia Highsmith a cinco euros cada, comprámos farturas a meio da subida para recuperar as forças e mergulhámos na praça da Leya, que tem a mania das grandezas, mas conseguiu juntar as melhores editoras da Feira. Comprámos livros para a Madalena, outro para a Angelina e mais outro para o aniversário da tia Xana. E mais uns quantos para a colecção cá de casa do David Lodge e do Tom Sharpe.

Ainda não foi desta que concretizei o meu sonho de comprar todos os livros que me apetecesse sem ter de me preocupar com o preço - quando era miuda costumava pensar que até podia levar uma daquelas malas com rodinhas, para poder trazer tudo para casa - mas esta deve ter sido a minha melhor visita de sempre à Feira do Livro. Foi, pelo menos, a que teve a melhor companhia - náo chorou, aguentou estoicamente todas as paragens e é linda que se farta.

Há um ano tinha lá estado, já com uma barriga enorme, mesmo na véspera do grande dia.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Obikuela

É oficial: aos 11 meses e dois dias começou a gatinhar.
Primeiro de um canto do tapete dela para o outro, onde estava um novelo de lã que eu insistia em não lhe dar. Depois, pouco a pouco, foi-se aventurando mais. No entanto, apesar dos incentivos do pai,que andou de gatas ao lado dela, e dos meus, deliciada com a nossa pequena Obikuela, ainda não percebeu as potencialidades da coisa. Nós, que sabemos mais do que ela, já andámos pela casa, também de rabo para o ar, mas a tapar as tomadas da electricidade.

sábado, 25 de abril de 2009

Choveram cravos no Chiado

Foi o dia em que a Madalena fez 11 meses e descemos juntos a Avenida. Os três, ao lado dos bonecos gigantes, dos miúdos dos tambores, da camionete da câmara do Seixal, do coro alentejano da Amora e de todos os outros que ainda se dão ao trabalho de descer a Avenida no 25 de Abril e de cantar as músicas do Zeca e de jurar que o povo unido jamais será vencido. Desta vez não vimos a chaimite e não ouvimos os discursos no Rossio, porque foi preciso parar a meio para dar os iogurtes à princesa. E, também por isso, este foi de certeza o melhor 25 de Abril de todos os 25 de Abril, desde há 35 anos,quando o papá ainda nem tinha nascido e a mamã ouvia sem perceber as histórias dos homens que faziam parar os carros que vinham do Algarve para Lisboa,à procura de armas escondidas nos porta-bagagens. Foi o melhor 25 de Abril de sempre, e não importa se estamos em crise,se o Cavaco vai ao Parlamento dizer que isto não melhora de um dia para o outro, se ando tão cansada quem nem consigo dormir uma noite inteira de seguida. Não me lembro de alguma vez me ter sentido tão feliz a descer a Avenida ou, depois, quando subimos ao Chiado para assistir à chuva dos quatro mil cravos que um helicóptero da Força Aérea fez chover sobre a multidão. Porque, de repente, só havia os cravos que caíam do céu e a minha pequena família, eu muito pequenina perante o tamanho deste meu amor por eles. Um dia, querida Madalena, hei-de explicar-te porque é que é (ainda) tão importante descer a Avenida no 25 de Abril.

A donzela do clube

Meu Deus, são dez horas. Daqui a exactamente 45 minutos a miuda tem de estar enfiada na piscina e nós ainda na cama! Pânico! Salto, ainda meio tonta, enfio-me na casa de banho a lavar os dentes a 100 à hora e a berrar ao pai que se levante e que a vá vestindo. Felizmente ele está tão ensonado que nem se lembra de se chatear comigo e lá vai mudar a fralda à princesa. Eu procuro o saco da ginástica, a porcaria do fato de banho que aparentemente está desaparecido em parte incerta, a toalha com capuz para a Madalena não se constipar. E os iogurtes para ela comer a seguir, porque lhe dá uma fome desgraçada, mais a parafernália de fraldas, casacos, mantinha que está um frio de rachar e qualquer coisa para os pais trincarem no carro, que já não há tempo para o pequeno almoço. Conseguimos chegar às 10:40, mas ainda é preciso mudar de roupa e vestir o fato de banho à princesa, mais a fralda especial que por acaso ficou em casa, mas olha, que se lixe, vai com esta mesmo e acabou-se que depois desta correria toda nem pensar em falhar a aula. E não falhamos: com cinco minutos de atraso lá estamos, duas princesas a entrar na água, o papá já lá em baixo, à nossa espera. Passo-lha para as mãos e respiro calmamente pela primeira vez durante a última hora.
Depois são trinta minutos de puro prazer, a vê-la deliciada na água, a dar à pernoca como se sempre tivesse feito aquilo, a beber água aos golinhos, a sorrir toda divertida, a franzir a testa, igualzinha ao pai quando alguma coisa não corre como ela quer. A donzela do clube, como lhe chamou a Didi, a professora, cada vez se diverte mais com a sua natação.
Mas os 30 minutos passam a correr. A seguir é preciso levá-la rapidamente para o chuveiro, sempre a correr que o Holmes é cheio de correntes de ar, e voltar a vesti-la, para a ir levar ao pai e só depois voltar para tomar o meu próprio duche. Ao meio-dia estamos de volta a casa. Ela almoça e adormece e eu caio no sofá e faço o mesmo. Para o que é que eu preciso de ir ao ginásio durante a semana, se tenho aula de natação da Madalena ao sábado?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Que maçada!

Deixei-a no quarto dela, sentada no tapete, enquanto fui preparar-lhe o banho. De repente, grande choradeira. Lá vou eu a correr, já a imaginar o que raio teria acontecido, e dou com ela chateadíssima, num vale de lágrimas, enfiada de baixo da cama. É que a rapariga gatinha, mas é de rabo e para trás. E quanto mais tentava sair, mais se enfiava de baixo da cama. Tem uma grande falta de jeito para gatinhar mas, em compensação, dá uns belos passinhos corredor fora, agarrada às nossas mãos. E ainda vai dizendo para onde quer ir, tão equilibrada que mais dia menos dia já ninguém a agarra.

Insónias

Acordo a meio da noite e está ela de pé, na caminha, a olhar para mim, muito satisfeita consigo própria. Dorme, Madalena, que ainda é de noite, não vês que está tudo escuro? E ela ali, com aquele sorriso tão magnífico. Lá a convenço a enfiar-se novamente nos lençois e daí a pouco está a dormir. Ela para um lado, o pai para o outro, que nem sequer se deu conta de nada. E eu ali fico, a olhar para anteontem, incapaz de voltar a adormecer, a antecipar mais um dia de bocejos (muitos) no trabalho.

Já está!

Ao meio dia, na sala luar.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Maminha

Aos dez meses, três semanas e cinco dias, está oficialmente encerrada essa fase. Foi maravilhoso. Uma das coisas mais fantásticas que fiz na vida.

De pé

Levanta o rabinho, pouco a pouco, sempre agarrada ao sofá, e de repente lá está ela, toda satisfeita, a espreitar para mim, que estou na cozinha a fazer o jantar. Depois desequilibra-se ligeiramente e cai, aparada pela fralda. Daí a uns segundos já está novamente de pé, sem qualquer tipo de ajuda. E ainda dá uns passinhos para o lado, para conseguir chegar à chuchinha, que está na outra ponta do sofá.

Aprendeu a fazer isto hoje, porque ontem ainda só conseguia levantar-se com a nossa ajuda. Também se consegue movimentar cada vez mais rápido quando está sentada no chão, mas não chega propriamente a gatinhar: vai rodando o rabo e lá vai saindo do lugar. Quando tenta gatinhar, só consegue movimentar-se para trás, tipo caranguejo, mas fica toda satisfeita na mesma.

E anda tão entusiamada com as novas proezas, que até lhe dão as insónias. Hoje primeiro que adormecesse ainda nos chamou para a vermos de pé, agarrada às grades da cama, com o maior sorriso do mundo.

Os nossos tempos de descanso, com a Madalena no seu tapete a brincar com os seus brinquedos estão a chegar ao fim...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Palavras novas

Põe a meia no pé, Madalena, e ela põe. O chapéu na cabeça, e ela põe, meio atarantada, sem acertar bem no sítio, mas não faz mal, que a ideia é essa e o que interessa é que ela sabe bem o que lhe estamos a dizer. Tal como percebe muito bem um não. Choraminga um bocado,com ar ofendido, mas durante um bocadinho não repete a proeza, ou seja, não tira o chapéu, ou a meia, ou não põe na boca o guardanapo de papel que acabou de rasgar em tiras pequeninas. Com um ano (diz a literatura destas coisas) é suposto os bebés já perceberem à volta de 50 palavras e palpita-me que a Madalena vai bem encaminhada.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Não quero mais, obrigada!

Bem, na verdade não foi bem assim. Normalmente os "não quero" da princesa são transmitidos com um dos seus barulhinhos de protesto e a cara virada para o lado,como quem diz "deixem-me em paz". Hoje houve mais um pormenor: o biberão estava no fim, mas ainda faltava um bocadinho e já não lhe apetecia mais, por isso sentou-se no meu colo, foi à procura da tampa que eu tinha deixado ali à mão e tratou de a enfiar no sítio certo. Depois do biberão tapado olhou para nós, toda satisfeita, e o orgulho paternal foi tão grande que encheu a sala toda. E ainda anda por aqui a pairar.

Encontros na auto-estrada do Sul

Que melhor sítio para conhcer uma amiguinha, que a área de serviço de Alcácer do Sal, a meio caminho do Alentejo? Dificilmente conseguimos pensar em melhor, não é? Pois foi mesmo lá que ficámos a conhecer a Maria, que, tal como a Madalena, tinha feito um intervalo na viagem para o almoço. Claro que quem a viu foi o papá, o mesmo que meia hora depois de termos aterrado no Vietname conseguiu descobrir o Henrique Calisto às dez da noite no meio da rua mais movimentada de Ho Chi Minh. Olha lá, aquela não é a Maria? E eu olho e era mesmo, mais a Mãe e o Pai, e pronto, lá fui, como no Vietname, a perguntar, esta é a Maria, não é? - em Ho Chi Minh foi mais "é português, não é?", mas a resposta foi igualmente entusiasta, o Calisto porque havia que tempos que não via um tuga e a Mãe da Maria porque, tal como nós, achou muita graça a este encontro imediato das nossas raparigas, em plena auto-estrada do Sul. A Maria riu imenso, veio para o nosso colo e fez festinhas à Madalena. A Madalena choramingou, agarrou-se à mamã e teve um ataque de ciúmes a que se juntou um choro de fúria quando a Maria se deixou levar pelo entusiasmo e resolveu agarrar-lhe em dois dedos e demonstrar o poder dos seus recém-adquiridos dentinhos. Em suma, um encontro muito movimentado e divertido, a prova de que a Internet pode fazer maravilhas.

Gostámos muito, pequena Maria e Papás!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Está explicado

Acabámos de descobrir o dentinho número quatro, já a despontar em cima, ao lado do outro. Está explicada a febre de 37,5º de sexta-feira, mais a tosse e o pingo permanente. Enfim, dez meses e quatro dentes, parece-me uma boa média.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ranho, muito ranho

Com o papá em Londres no meio dos senhores anti-globalização e tão perto do Obama que, querendo, até lhe podia atirar com um sapato, eu a Mada decidimos aproveitar para ir às compras, dar umas voltas pelo jardim, apanhar sol, essas coisas. Estava tudo muito bem programado e eu até tirei umas folgas, para passarmos os quatro dias coladinhas uma à outra e, quem sabe, ensaiar uma habilidade nova para quando o papá voltasse. Correu tudo lindamente, tirando a parte dos passeios fora de casa, porque a rapariga apanhou a primeira constipação da sua vida e está com uma tosse cavernosa e um permanente pingo no nariz que a fazem dormir mais do que o habitual. Sair de casa, nem pensar, até porque a Elena nunca o permitiria e só a deixa ir ao quintal embrulhada numa mantinha. Quanto à habilidade nova, temos aí umas coisas em vista, mas ainda nada de concreto, porque andamos muito ocupadas em arranjar maneiras novas de tomar charope para a tosse -são quatro vezes por dia e ela, que detesta a mistela, já descobriu todos os meus estratagemas para a fazer engolir aquela coisa. Além disso, temos longas lutas com o soro fisiológico, que ela recusa e que eu insisto em lhe enfiar pelo nariz. Em suma, têm sido uns dias muito divertidos e, dos meus belos planos só se concretizou mesmo a parte de andarmos coladinhas uma à outra: a princesa passa os dias a pedir colinho e eu, com grande sacrifício, claro, não lhe consigo dizer que não. A parte em que dormimos a sesta juntas, então, é particularmente difícil, como devem calcular...

Na verdade, não se pode dizer que a Bebas seja uma doente difícil. Fica com um bocadinho mais de caprichos, como diz a Elena, mas só teve febre uma noite e continua a comer (quase) tão bem como de costume.

terça-feira, 31 de março de 2009

M de... mãe

...e de Médio. Eu que sempre fui rapariga de S e às vezes mesmo de XS, tive de me rebaixar e chamar a menina da loja, por favor, arranja-me um M, assim, muito baixinho, ainda na esperança que ela não ouvisse e eu saía dali e pronto, como se nunca tivesse acontecido, continuava a usar o S. Mas não, ela ouviu, trouxe o M e era mesmo aquele, que o outro insistia em mostrar ao mundo as gordurinhas a mais ali na zona um bocadito abaixo da cintura, assim a desandar para o rabo, e mais não digo que ter de aceitar que já não sou uma rapariga de S já é humilhação que chegue. Pelo menos o vestido é giro. E assenta que nem uma luva. Ai!!!