sábado, 26 de junho de 2010

Pontapé na gramática

Mamã e papá novamente aos beijinhos.
Mada - Não.
Eu - O papá é meu, não é teu.
Mada - Não.
Eu - É meu, é.
Mada - Não, é teu!
Eu - É teu?
Mada - Sim.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Bebés

E vão cinco. Hoje, dia de São João, foi a Sofia, do Bruno e da Josélia. Em Janeiro foi a Maria do Silvestre e da Margarida. Em Fevereiro o Pedro. Em Junho a Ritinha da Sofia e do Bruno e a Francisca da Mónica. Qualquer dia vem aí a Teresa, da Lina e do António e a Diana, do Vítor e da Sónia. E depois também os rebento da Carla e do Vítor Matos e da Luisa e do Luis, que ainda não sei como se chamarão. É um ano de boa fornada, este de 2010.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Coisas que me chateiam à brava...

... são aqueles senhores que vão para a praia, chegam de manhã cedo, têm um areal imenso por ocupar, e insistem em espetar o chapeu de sol com anúncios à coca-cola mesmo na nossa frente. Chateiam-me, pronto. Fico com vontade de lá ir e sugerir, educadamente, que se desloquem um bocadito. Uns míseros centímetros, coisita pouca, que me restituam a vista de mar, em vez de ter pela frente o calçãozinho lycra do marido e a celulite instalada e definitiva da senhora. Já anunciei várias vezes que ia lá, falar com eles, mas o homem cá de casa, ponderado, como sempre, insiste em lembrar-me que a praia é de todos e que cada um se senta onde quiser, e bla, bla e bla, bla. Faço-lhe a vontade, mas lá vou rogando umas pragas aos infelizes, ao mesmo trempo que lhes sorrio cinicamente, quando levantam os olhos do Record ou da revista Lux. É que agora tenho novos aliados que, na hora de vir embora, presenteiam a vizinhança com largos minutos de choradeira da grossa. Ora tomem lá que é para aprenderem.

domingo, 20 de junho de 2010

Na piscina

Pais, mães e miúdos, todos abaixo dos seis anos e que, portanto, não têm aulas e podem vir para o Algarve em Junho. Algumas das mulheres estão grávidas, outras foram mães há pouco tempo e levam os recém-nascidos para apanhar sol. A fauna na piscina é esta, enquanto não chegam os espanhóis que invadem o aldeamento para o fim de semana e falam tão alto que abafam tudo o resto. As conversas são, quase invariavelmente, sobre os filhos, o que fazem, as gracinhas, as doenças, as alergias... Ou então, no caso dos pais, sobre os melhores restaurantes de Cabanas ou os jogos do Mundial da África do Sul. Eu por mim, prefiro comparar barrigas e volto quase sempre para casa toda satisfeita comigo própria, apesar dos meus três quilos a mais (ou seis, se começar a contar desde o período pré-Madalena). Amanhã como mais uma bola de berlim na praia. Sem creme, naturalmente.

Coisas mais lindas a que só os pais é que acham piada

Papá dá beijinhos na mamã na mesa do restaurante. Ao lado, com ar ligeiramente desinteressado, dona princesa explica a quem a quiser ouvir: mamã menina bonita do papá.

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Madalena toda besuntada de molho de tomate depois de ter devorado vários pedaços de pizza. Ai, ai, miúda, e agora como é que eu tiro estas nódoas, pergunto eu, ao melhor estilo de anúncio de detergente. Com água, responde ela, toda despachada, enquanto volta a limpar o polegar e o indicador ao casaco.

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Novamente no restaurante, já no final do jantar. Tenho o Pedro no colo e ela, como de costume, também quer e insiste em sentar-se nas minhas pernas. Abraça-se a mim e ao mano e depois aponta para a máquina fotográfica, já a peparar o sorriso pepsodente: fogafia, papá, fogafia.

(em actualização)

Top das palavras mais escutadas nestas férias

Sozinha (está cada vez mais independente e quer fazer tudo sozinha. Em regra safa-se bem)
Carrinho não (o anúncio começa mal nos vê a preparar para sair de casa e se não lhe fazemos a vontade e a deixamos ir a pé, termina inevitavelmente numa birra descomunal)
Nã quéio (esta se calhar devia estar no primeiro lugar do top, mas de tanto a ouvirmos já não lhe ligamos grande importância. A não ser quando vem acompanhada de uma birra, o que também acontece com frequência).
Mamã (a toda a hora e a todo o instante, mas sobretudo quando me vê com o irmão ao colo)
Papá (idem)
Picina (é a grande paixão da casa da praia, já que praia propriamente dita não lhe agrada por aí além - gosta da areia e da fazer bolinhos para o papá, mas do mar não se aproxima de maneira nenhuma)
Sopinha não (sopa não combina com calor e ninguém a convence do contrário)
Massa carninha (o apetite, esse continua intacto)

terça-feira, 15 de junho de 2010

De férias para os Algarves

Todos os anos a cena se repetia: saíamos de casa satisfeitos da vida, cantávamos todas as cantigas de que nos lembrávamos, mas à chegada a Mértola já a energia começava a diminuir. Quando começavam as curvas da serra algarvia, a caminho de Monte Gordo, era a desgraça total e não havia comprimido para o enjoo que resolvesse o problema. Imagino os coitados dos meus pais, com o Renaul5 cheio com as parafernálias todas do campismo e sem as maravilhas actuais do belo do ar condicionado, a terem de parar de dez em dez minutos para amparar os vómitos dos rebentos. Dona Madalena tratou agora de fazer justiça aos avós e, ainda que as curvas hoje em dia já não sejam o que eram, nem a auto-estrada nos livrou da estreia. A coisa foi de tal ordem que não me deu tempo para saltar para o banco de trás. Tivémos de a mudar toda no parque de estacionamento das portagens e a viatura ficou impregnada de um odor que me abstenho aqui de descrever e que ainda hoje, depois de os restos terem sido devidamente removidos, se nota ligeiramente no ar. Pequenos precalços de início de férias. Para já, temos uma semana inteirinha de praia e piscina pela frente, na primeira incursão a quatro da família maravilha no reino dos Algarves.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

And the winner is...

Ricardo Salvo, pelo seu comentário nesta foto do Pedro.

Ritinha

O Pedro foi o primeiro a visitá-la no hospital. O Pedro e os pais, naturalmente. O Pedro não viu grande coisa, é certo, porque tinha acabado de almoçar e, como toda a gente sabe, a essa hora o sono é uma batalha dura de vencer. Mas esteve lá e isso é que importa. E foi o primeiro primo a dar as boas vindas à Ritinha, acabada de nascer, ainda com aquele ar ofendido de quem foi obrigada a sair de um lugar tão quentinho e confortável. Muito pequenina, mas linda, do alto dos seus quase três quilos e quatro horas de vida, pronta para esta aventura extraordinária que a espera. Bem-vinda, Ritinha. Parabéns Sofia, Bruno e Tiago.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

E se de repente...

... fossemos uma família com horários normais? Se eu entrasse às nove e saisse às cinco, e o pai também, e fossemos buscar a Madalena à escola com passagem pelo escorrega anter de irmos para casa? E se tivessemos tempo para brincar e fazer dezenhos e ler livros e depois tomar banho, e jantar, todos sentados à mesa?
Cada vez que a vou buscar à escola, agora que estou em casa, penso nisto e dá-me um aperto no coração, porque sei que daqui a uns meses este privilégio se acaba e não vou ter, em cada final de dia, aquele sorriso maravilhoso dela a correr para mim mal me vê, para me abraçar e saltar para o meu colo.
Gosto muito da minha profissão, mas há alturas em que me apetece largar tudo só para poder ter estes momentos.

sábado, 5 de junho de 2010

Parabéns a você

Adora cantar os parabéns e de vez em quando oiço-a, baixinho, muito afinadinha, a cantarolar "pra menina Manena, uma salva de palmas", enquanto brinca com as bonecas. Desta vez as velas e as palmas foram para o Rui, que ganhou um bolo de chocolate.

Lixo

Cá em casa, o ritual de colocar o lixo lá fora foi sempre um momento difícil. Odiado, mais exactamente, com diálogos do género hoje é a tua vez, não é nada que ontem fui eu, vai tu que isso é tarefa de gajo, tens muita piadinha, tens e outros mimos semelhantes. A verdade é que em regra quem vai é o Sérgio, sempre muito a contragosto. Às vezes lá fazemos a coisa a meias. E sem meias nem sapatos, como na última sexta-feira. Tudo muito normal, portanto, não se desse o caso de ser quase meia noite, estarmos os dois no patamar das escadas do prédio, ele de boxers e descalço, eu descalça mas felizmente um pouco mais vestida e, atrás de mim, a porta de casa ter acabado de se fechar com grande espalhafato. Lá dentro, dona princesa e seu mano dormem. No forno está, quase pronto, o bolo que acabei de fazer para oferecer ao Rui, que no dia seguinte faz anos. Não temos chave, não temos telemóveis, não temos dinheiro, não temos uma radiografia para tentarmos abrir a porta à má fila e lá fora a rua está deserta. Também não temos vizinhos que nos deixem entrar em casa para usarmos as escadas de incêndio e entrarmos pelas traseiras. Claro que não há ninguém. É véspera de fim-de-semana, quem é que fica em casa? Nem a vizinha do primeiro andar, do alto dos seus oitenta e muitos, nem a Joana, do segundo, nem o casalzinho barulhento do terceiro nem, muito menos, os amigos brasileiros do quarto, que trabalham à noite e nunca chegam antes das cinco da manhã. Estamos fritos. Não conseguimos dizer nada um ao outro, cada um de nós ocupado a elaborar complicadas estratégias para resolver o problema, durante aqueles que foram, provavelmente, os cinco minutos mais longos da minha vida. Dentro de casa, os miúdos continuavam a dormir. Se algum chorasse, acho que teria arrombado a porta em dez segundos, que uma mãe em pânico consegue fazer coisas impensáveis.
Mas de repente, milagre, abre-se a porta e aparece o namorado da miúda do terceiro, que nós não conhecíamos de lado nenhum, mas que nos salvou deixando-nos usar a escada de incêndios e que só se salvou de um abraço apertadinho e emocionado porque eu estava mais preocupada em entrar em casa para me certificar de que as crias estavam bem.
E pronto, foi assim. A noite de sexta-feira perfeita.