segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dois anos de Pedrinho

Coisas que o pai ensina à filha

- Madalena, como se chama o primeiro ministro?
- Saltos Coelho (faz sentido, se é coelho, salta, não dá passos).
- E o Presidente da República?
- É o Silva. É um bocadinho feio (esta parte foi obra da mãe).
- E o professor do Benfica?
- É o Jesus.
E acrescenta, já da sua lavra: - O Sporting não presta (suspeitamos que aqui os direitos de autor são do Rui).
- Eu não te ensino essas coisas, responde o pai, mas também não te vou contrariar.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Carnaval e copos partidos

Este foi o ano em que Dona Princesa se mascarou de fada, Pedrinho de palhaço, e os pais de sete anões (dos pais não temos fotos, porque há mínimos de decência a cumprir neste blogue).
E foi também o ano em que fomos a um jantar de aniversário, na véspera do Carnaval, devidamente mascarados, como mandam as regras.
E em que senhor Pedro, em pleno restaurante, resolveu trincar um copo com os dentes, obrigando os convivas a catar todos os cacos a ver
se não faltava nenhum que por acaso tivesse sido engolido no meio da confusão.
E o ano em que a mãe do pequeno palhaço passou a pior noite de que tem memória, em sobressalto permanente de cada vez que ele resolvia fazer um barulhinho qualquer que fosse. E em que o pai, benza-o Deus, manteve a presença de espírito, mesmo quando teve de se levantar a meio da noite para acalmar o pânico irracional da mãe.
Em suma, foi um Carnaval um bocado estranho e ainda bem que foram só três dias, que eu já não aguentava mais.
Agora, que venha rapidamente o fim-de-semana, que estou a precisar de rumar ao meu Alentejo e aos mimos da minha mãe.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Meteorologia

Segundo consta, temos mais uma semana de sol glorioso pela frente e chuva nem vê-la. Já o frio, o brioli, como diz dona Madalena, esse continua por cá, a infernizar-me a vida e a fazer disparar a conta do gás natural e é se quero evitar mais uma constipação.
Desde o Natal que não me lembro de um dia em que não estivesse pelo menos um dos dois com tosse ou com febre. Já não há paciência. Tanto que estou a pensar seriamente em me juntar àqueles senhores que vão organizar uma novena, a ver se chove e se o mercúrio volta a subir nos termómetros. Mal não há-de fazer.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Estefânia

Dona Madalena resolveu assustar-nos com mais um daqueles episódios de febre que sobe subitamente e lá fomos de corrida para a Estefânia, eu, ela e o pai, que abandonou o fecho do jornal e nos veio buscar de táxi. Saímos de lá com o mesmo veredicto de há dois anos, que é assim, que há muitas crianças que fazem este tipo de reacção, que a culpa é da imaturidade do sistema nervoso central e que, lá para os cinco anos, a coisa passa de vez.
Apesar da aparente normalidade com que médicos e enfermeiros encaram a coisa, Dona Princesa foi catalogada como caso urgente, o que fez com que fosse atendida ao fim de duas horas, mais coisa menos coisa.
Miuto bom, tendo em conta que, na sala de espera a rebentar pelas costuras, havia pais e meninos plantados há mais de cinco horas. E não era nada mau, que já houve dias em que a estimativa - depois confirmada - eram nove horas e meia.
Nove horas e meia, contou-me, entre sussurros, a auxiliar de limpeza que vinha do Barreiro e tinha um amigo bombeiro que lhe dizia que aquilo ali ainda estava pior do que o São José. Mas a menina sabe como é, sabe o que lhes fizeram, cortaram-lhes os subsídios e os ordenados e eles têm que se revoltar de alguma maneira.
Pois, eu sei. E também sei que nunca tinha visto tanta gente à espera e que muito provavelmente os médicos continuam a dar o seu melhor, como sempre deram, só que agora há menos gente a ir aos privados, onde é preciso pagar as consultas. E se calhar também há menos médicos, porque que os cortes na Saúde têm de deixar rastos, dê lá por onde der. Esperar nove horas para saber o que está a provocar a febre a um bebé ou porque é que vomita ou porque é que lhe dói a barriga, ou outra coisa qualquer, é absolutamente desesperante. E é um indicador arrepiante daquilo em que se está a transformar o nosso País.

PS: Madalena, querida, se puderes, por favor não repitas, está bem? É que a mamã, mais uma vez, ia tendo uma apoplexia por te ver naquele estado...


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Pedrinho não fala, mas canta. E encanta

Depois de quase um mês constipado, um antibiótico que não parece ter funcionado, várias ameaças de falta de ar e outros tantos telefonemas nocturnos para a Saúde 24, Pedrinho foi visitar a dra. Filomena. Entrou muito bem disposto, berrou furiosamente na altura de mostrar a garganta e os ouvidos, detestou pesar-se e quando finalmente se viu livre da médica e com autorização para se voltar a vestir, era vê-lo a apontar para a dra. e a abanar vigorosamente o indicador como ele faz para dizer não.
Sim, porque dizer, propriamente, é coisa que continua a não fazer. Agora, nem mesmo aquele parco reportório que aqui relatei há uns tempos. Tagarela que se farta, mas nem uma única palavra que seja. E eu, muito a medo da resposta, lá expus as minhas dúvidas existenciais à médica. Será normal este atraso? Que é, sim senhora, que o problema dele é ser rapaz - em regra muito menos faladores que as raparigas - e que não me preocupe que ele está a armazenar informação e qualquer dia desata-se-lhe a goela e é um vê se te avias tal que já ninguém o cala.
Entretanto, à beira de fazer dois anos, Pedrinho pesa 12,5 Kg e mede 85 cm, 50/50 no percentil. Já no que toca ao perímetro cefálico, continua um cabeçudo, com percentil 95.
Actualizados que estão os pormenores técnicos, temos mais uma novidade no que toca às habilidades do rapaz: não fala, é verdade, mas canta, e muito afinadinho, o "na,na,na" da música da história dos sete cabritinhos. Vamos filmar e a prova ficará aqui em casa, à disposição dos que não acreditarem em mim só porque sou a mãe dele e tenho a mania de achar que é o bebé mais giro e mais inteligente e mais tudo.