sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Madalena Lucky Luke

Três minutos, mais coisa menos coisa, é quanto a dona princesa leva a devorar o conteúdo de cada uma das duas maminhas que tem à disposição. No fim presenteia a audiência com um belo e eficiente arroto (desculpem lá os pormenores escatológicos, mas tem de ser...), coloca um ar satisfeito e prepara-se para uns minutos de brincadeira com o que tiver à mão.

Tem vindo a melhorar os tempos da maminha, claro. Ao princípio a coisa era mais lenta, mais demorada, como um especialista do Guia Michelin de visita a um restaurante gourmet.

A primeira vez deve ter demorado para cima de meia hora. Eram seis da manhã do dia 26 de Maio quando a enfermeira a trouxe para a minha cama, avisando que tinha ali uma bebé cheia de fome. Deitou-a ao meu lado e a rapariga, que obviamente vinha com livro de instruções, agarrou-se à maminha e fez o que tinha a fazer sem precisar de nenhuma indicação. Não há palavras para descrever a baba e o orgulho maternal que o momento provocou.

E ainda hoje, cada vez que a Madalena toma uma das suas refeições, eu fecho os olhos e sinto-me tão feliz, tão feliz, que me apetece ficar assim para sempre. Ela, claro, não está pelos ajustes. Agora já são só três minutos e desconfio que ainda há-de conseguir bater o seu próprio recorde. Mais rápida do que a própria sombra.

P.S. A Madalena faz amanhã cinco meses e ainda não comeu mais nada que não fosse o leitinho da mamã. A vaquinha mimosa rejubila de alegria.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

amiga

Quando a Luisa a trouxe era apenas uma bolinha de pelo branco, encolhida no fundo de uma cesta. Estávamos em Agosto de 1995 e eu tinha acabado de me mudar para a Rua dos Açores, para a primeira casa só minha, onde podia finalmente ter um gato. Foi uma gatinha, arraçada de siamês e com o mau feitio dos seus antepassados, que logo no primeiro dia mostrou que tencionava ser muito independente e fazer só o que lhe desse na real gana. A casa era um rés-do-chão, com uma pequena varanda que dava para uns telhados e eu, acabada de me mudar para lá, tinha ainda caixotes espalhados por todos os lados. A gatinha fez a sua exploração, foi espreitar a caixa da areia e o prato da comida e depois desapareceu. Procurei nos caixotes todos, na varanda, na rua, e no fim do dia já chorava de infelicidade e frustração quando de repente a vi a sair calmamente de trás do frigorifico, onde passara a tarde a dormir.
Foi a primeira aventura da Mafalda que logo nessa primeira noite saltou para a minha cama e dormiu na almofada, colada ao meu pescoço. Passou a faze-lo todas as noites e no inverno, quando me apanhava a dormir esgueirava-se para dentro dos lençois e lá ficava, a aquecer e a aquecer-me.
A outra grande aventura veio com o primeiro cio. Bastou uma janela aberta, um passeio pelos telhados e um encontro com o vistoso rapaz da vizinhança, que havia vários dias a andava a espreitar. Só se separaram à força de mangueiradas, mas o servicinho já estava feito e dois meses depois nasceram os cinco meninos da minha menina, três gatos e duas gatas.
Um ou dois dias antes ela começou à procura do sítio onde queria parir. Recusou educadamente o ninho que eu lhe fiz e escolheu a prateleira das toalhas, na casa de banho. Não a consegui convencer a mudar de ideias, por isso mudei eu de lá as toalhas e fiquei à espera. Quando chegou o momento, ficámos as duas histéricas. Ela com miados lacinantes, eu que nem uma louca a ligar para os veterinários que tinham o telemóvel nas páginas amarelas e a perguntar se aquilo era normal e o que raio havia eu de fazer àquelas bolinhas ensanguentadas. Que sim, que era normal e que não fizesse nada que ela trataria de tudo. E tratou. Foi quase a noite inteira em trabalho de parto e no dia seguinte lá esta a orgulhosa mamã, já com os seus filhotes muito limpinhos, a amamentá-los com aquele ar muito entendido de quem sabe tudo o que tem a fazer.
Durante dois meses tive seis gatos num T0 e não me atrvia a abrir a porta da varanda não fosse algum deles escapar-se para o telhado. No final ficou só um, o Zorbas, que era igualzinho ao pai e que ficou a fazer companhia à mãe, para que não se lhe voltasse a meter na cabeça fazer mais uma visita ao gatarrão tigrado. E ela, liberta do fardo da maternidade, voltou a dormir na minha cama e a seguir-me para todo o lado. Quando eu chegava a casa lá estava, a esperar-me à porta, e quando eu saía ficava muitas vezes na janela, a miar para a rua que não me demorasse. Às vezes tinha a certeza que me falava com os olhos e não o fazia só para pedir comida. Se eu chorava deitava-se ao meu lado e batia-me com a patinha, se eu me zangava com alguém zangava-se ela ainda mais e mordia-me nas pernas a mandar-me parar. Quando o Rui ficou doente trocou a minha cama pela dele e quando ela própria ficou doente e teve de ser operada, foi ele que ajudou a cuidar dela.
Às vezes dou por mim a olhar para a porta da sala à espera de a ver entrar. Imagino-a ainda a andar pela casa, a sentar-se no tapete enquanto eu tomo duche, a saltar para a bancada enquanto eu faço o jantar ou a pedir que lhe abra a torneira da casa de banho. Tenho saudades da minha gatinha.


Mena, Madalena na barriga e Mafalda

terça-feira, 7 de outubro de 2008

parem as rotativas!!

Notícia de última hora:

A Madalena deu a sua primeira gargalhada. Foram várias, aliás, até se fartar da brincadeira do tapa-destapa-a-cara-da-mamã. Há que tempos que estávamos à espera, mas a rapariga só nos brindava com os seus luminosos sorrisos. Li já não sei onde, que para as mães o sorriso dos bebés tem um efeito semelhante ao de um estimulante químico, com doses extra de felicidade, e palpita-me que é mesmo verdade. Agora imaginem lá, os estimados leitores, o que provocaram estas magníficas gargalhadas...

domingo, 5 de outubro de 2008

afinal o pé também é meu

Agora temos uma gracinha nova por dia. Hoje foi a descoberta do pézinho: agarra-o com a mão, deliciada com a nova brincadeira e acha o máximo meter o dedo grande na boca, em substituição da chucha. E ri-se. Ri-se imenso a olhar para nós, com aqueles olhos escuros dela, que parece que falam connosco.

sábado, 4 de outubro de 2008

bebé adormece papá

Agora anda nisto: toma o último leitinho da noite e depois, em vez de lhe dar para dormir, fica muito mais desperta. Farta-se de tagarelar, faz bicicleta, ocasionalmente chora um bocadito porque acha que não lhe ligamos o suficiente, e recusa-se a adormecer. Não pode ser, pois claro. Os bebés têm de ter rotinas e habituar-se a elas, dizem os manuais. Por isso lá vai a Madalena para a sua cama, que são horas de dormir. Quase uma hora depois continua acordadíssima, indiferente ao ressonar do papá, que ficou a fazer-lhe companhia e que, vencido pelo cansaço, acabou na cama às dez da noite. A bebé, essa continua em grandes diálogos com a chucha.

jardim botânico

Lá fomos os três ao jardim botânico, onde o pai, alfacinha, nunca tinha ido, e a mãe também não. Equipados com manta de retalhos e lanchinho para piquenique - com algumas dúvidas por parte do hamem da casa, que não parava de dizer que era proibido - lá encontrámos um confortável lugar na relva e assentámos arraiais.
O jardim é um pequeno oásis no centro da cidade, mas desconfio que pouca gente se lembra que ele existe e que é um sitio óptimo para se ir passear.Está um bocado abandonado, mas vale a pena a visita. Infelizmente um inesperado ataque de mosquitos interrompeu a sesta e fez-nos sair mais cedo, mas o saldo continua positivo, já que a única vítima das feras fui eu. A Madalena gostou e até fez a gracinha de segurar sozinha no biberão da água. Foi por acaso, dizemos nós, com grandes sorrisos de orgulho.