terça-feira, 28 de maio de 2013

Profissões

"E agora tu ficas com a minha filha enquanto eu vou trabalhar. Ela chama-se Ana e saiu agora da minha barriga e eu já estava grávida outra vez e o meu trabalho era entregar cartas. E tu és a avó e ficas com ela. Não te esqueças de lhe dar o biberão, duas gotas de cada vez e se ela chorar tu telefonas-me e eu venho imediatamente para cá. E agora eu ia-me embora e e tu dizias então adeus e não te preocupes que ela fica bem. Vá, agora vou-me embora levar as cartas. Eu sou carteirista. Adeus, adeus."

[Mada e mamã brincam às famílias enquanto na televisão uns senhores discutem a co-adopção como se não houvesse amanhã e esgrimem argumentos idiotas e vazios em nome do que eles dizem ser o superior interesse das crianças. Como se o superior interesse das crianças não fosse, acima de tudo, serem amadas e felizes, seja com um pai e uma mãe, dois pais ou duas mães.]

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Aniversário da Princesa

Dona Mada fez cinco anos. Cinco anos de filha linda, de coisas boas todos os dias, de miminhos, aventuras, descobertas, muitos sorrisos, algumas lágrimas, cinco anos tão bons, tão bons, como nenhuns o foram antes de ela nascer.
Por isso, no sábado houve festa lá em casa, a comemorar o aniversário da princesa. A organização foi da mamã - e o menu também - mas a responsabilidade pelos convites foi dela e foi ela que decidiu quem lá queria ter. À parte a Laurinha, que já tinha a agenda preenchida, este ano só foram os meninos da escola, depois de uma escolha difícil, porque são 25 e era impossível convidar a todos. Foram os mais queridos - quase todos os que andam com ela desde a creche -, mais os respectivos pais, e o nosso jardim  encheu-se de meninos, gargalhadas e brincadeiras, com Dona Princesa em grande stress ao início e a adormecer no sofá mal o último amigo saiu.
Era o dia dela e foi um dia muito bom. Das prendas todas, diz ela que a que mais gostou foi a da mamã: uma tenda que é mesmo um castelo de princesa, como qualquer princesa deve ter.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Abriu-se a caixa de pandora

O comando da televisão tem um novo dono lá em casa. Uma nova dona, aliás. Há dois dias o pai explicou-lhe como usá-lo e já não há quem a pare. Agora domina o esquema todo. Vai às gravações, às nossas e às agendadas, como ela própria diz, escolhe o canal, escolhe o programa que quer ver e o Pedrinho que tenha paciência, que o comando quem o tem é ela. Eu tentei impedir a coisa, juro que tentei, mas o orgulho de a ver fazer tudo tão bem, a aprender logo à primeira em que teclas tem de carregar e a tentar - com sucesso - ler o que vai aparecendo no ecrã, o orgulho, dizia eu, falou mais alto e por isso fiquei apenas a ver e esqueci-me de impedir fosse o que fosse. E agora pronto, nada a fazer, está aberta a caixa de pandora - ou das Winx, mais exactamente - sempre que, a seguir ao banho e antes do jantar, os dois se instalam para a televisão do dia. Que aproveitem, penso eu, que quando tinha a idade dela tinha de esperar uma semana para ver o episódio seguinte do Marco ou do Tom Sawyer.

Que grande lata, pois

Mamã e papá no jardim a apanhar a roupa e meninos na cama já prontos para dormir. Coisa de minutos, mas quando voltamos para casa estão os dois fora da cama, em grande aborrecimento. Pedrinho chora que quer a mamã, Madalena zanga-se com a mamã: "Eu a chamar, o Pedro a chamar e vocês não vinham. Então não vêem que ele está com tosse? Que grande lata!"

terça-feira, 7 de maio de 2013

Abril em Maio


 A palavra de ordem ontem lá em casa era "25 de Abril sempre, unidade sindical". Madalena berrava, Pedrinho berrava atrás dela enquanto arrastavam pelo corredor uma caixa de plástico para arrumação carregada de brinquedos.
É caso para dizer que Abril se prolongou por Maio e que os dois meses e as duas datas, afinal fazem todo o sentido juntas. E juro a pés juntos que não tenho nada a ver com isto e que sai tudo da "cabecinha esponja" de dona Mada.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Calvin foi ao dentista

O consultório do dr. Chico Alegre ficava numa garagem, ao fundo do quintal da grande casa onde ele vivia, na esquina da Praça da República com a Rua Nova. Às vezes era preciso esperar um bocadinho que ele acordasse da folga e fosse abrir a porta, mas eu não me importava nada e lá me sentava no degrau, com o cão pela trela, à espera e já a cozinhar um montão de perguntas para lhe fazer. O dr. Chico Alegre era veterinário, tinha uma paciência de santo comigo e era sempre eu que lhe levava o nosso cão (o do momento, entre os vários que foram passando pela família) quando era preciso vaciná-lo ou quando lhe aparecia alguma mazela. Não era preciso pagar, porque o meu pai depois, noutro dia qualquer, passava por lá e acertavam as contas, mas, tirando os medicamentos, ele nunca me levava nada. A minha mãe dizia-me sempre que perguntasse quanto era, mas eu invariavelmente esquecia-me, demasiado ocupada em saber para que serviam as seringas e agulhas e tesouras e todas as traquitanas que o dr. Chico guardava na garagem.

Esta semana lembrei-me muito do dr. veterinário da minha infância quando tive de levar o Calvin ao hospital. Tinha o focinho inchado, um dente partido, uma infecção, enfim, teve de ir ao dentista, o pobre. Um simpático senhor atendeu-nos e, em cinco minutos, disse o que achava que era o diagnóstico e que iria passar o caso à colega especialista. E nisto foram 35 euros.
Deixámos lá o gatinho, que foi sedado (mais 50) e submetido a uma extracção dentária (outros 30) e ainda teve direito a uma destartarização (25 euros). De análises e RX foram mais 55 euros e por um pack dentário que lhe aplicaram (pasta de dentes com flúor, segundo averiguei entretanto) foram mais 40 (??) euros.

Vou abster-me de aqui referir a factura final, mas era mais ou menos o mesmo que tínhamos orçamentado este mês para esterilizar a Gatinha, que está a ter os primeiros cios e corre louca pela casa a toda a hora. Assim sendo, neste momento temos uma gata tresloucada e um gato à beira de um ataque de nervos, porque já não a pode aturar e porque, como tem um belo colar, não pode coçar as orelhas nem ir dar os seus habituais passeios. Pelo menos o focinho já voltou ao tamanho normal.