domingo, 31 de janeiro de 2010

Alerta vermelho

Hoje metemos mãos à obra, eu e a mana, e fomos tratar do enxoval de sua alteza. Melhor dizendo, fomos verificar, de entre as roupas dela, o que poderá ele usar. Dona Madalena deliciou-se a tentar vestir coisas à boneca e eu desesperei porque o que me apareceu foi um verdadeiro... mar de côr-de-rosa. Até sou uma rapariga moderna, que não vê mal nenhum em pôr o rapaz com roupa interior às flores, mas há limites para tudo. E, como se não bastasse o pormenor da côr, há um outro que me tinha passado completamente ao lado. É que a mana nasceu em Maio, quase à beira do Verão, enquanto que ele chega no final do Inverno, já a anunciar a Primavera, mas ainda com frio e portanto precisa de coisas quentinhas.
Resumindo e concluindo, amanhã vamos às compras. Sem falta, porque de repente apercebi-me que tenho tudo por preparar, que não há mala feita, que as roupas não estão lavadas, que faltam quatro semanas e que de um momento para o outro tudo pode acontecer. Pânico!

sábado, 30 de janeiro de 2010

Diga 33

É um mês, mais coisa menos coisa. 33 dias, até que se completem as 40 semanas. Nessa altura haverá um novo habitante cá em casa. Pequenino, a exigir comida de três em três horas, bem disposto - como era a mana - ou resmungão, logo se verá. Mas uma coisa será certa: durante uns bons tempos as nossas vidas, dos três, vão girar à volta dele e nunca mais nada será como dantes.
Um mês passa depressa, bem sei, mas a mim parece-me que falta uma eternidade. Quero tê-lo comigo rapidamente, mas assusta-me o parto - sim, porque agora sei muito bem ao que vou -, assusta-me não saber como reagirá a mana, assusta-me não saber como vou organizar o meu tempo para que nada falte, nem a um nem a outro.
Não estarei a trabalhar até lá, mas a minha agenda está mais cheia do que se fosse ao jornal todos os dias. É preciso que tudo esteja perfeito quando finalmente chegar o grande dia.

Madalena, a justa

Aprendeu a dar uns beijinhos maravilhosos que, quando está para aí virada, distribui generosamente. Às bonecas - as suas "bebés" - ao Zorbas - normalmente tentativas frustradas, porque ele foge a sete pés - ou a ela própria, em frente ao espelho, como aconteceu hoje à tarde, quando experimentou o vestido de princesa que a avó lhe fez para usar no Carnaval.
São uns beijinhos muito bons, todos repenicados, às vezes um bocadinho molhados, mas não vale a pena pedir muito porque só dá quando ela quer. E quando a mamã é uma das felizes contempladas, logo o papá é requisitado para ser devidamente osculado. Ou vice versa. Lá na cabecinha dela, se um ganha beijinho, o outro não pode ficar só a ver, nem pensar. Uma lógica de grande equilíbrio e justiça, que ninguém lhe ensinou, mas que ela aplica sempre, muito satisfeita com ela própria.
Ai o que eu gostava de pereeber melhor como funciona aquele cérebrozinho...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Birras

Estica-se toda, deita-se no chão, berra furiosamente e chora à séria, com aquele choro melodramático, cheio de lágrimas, do género dêm-me-atenção-senão-eu-não-paro. Acaba por parar, ou porque lhe dizemos qualquer coisa que a distrai, ou porque se farta e depois vem, toda ofendida, agarrar-se às nossas pernas.
A nossa bebé maravilhosa, que nunca se zangava com nada, de vez em quando transfigura-se. E eu, que sempre achei que não teria paciência para estas fitas, limito-me a aguardar pacientemente que lhe passe, porque se lhe dou muita atenção, aí é que não passa mesmo.
É normal, diz o guru Brazelton. Está a "explorar os limites de tolerância" das pessoas, sobretudo dos pais - com quem acaba por estar menos tempo durante a semana - e sobretudo aos fins-de-semana. Tem de aprender a "auto-disciplinar-se" e nós, pais desesperados e inexperientes, temos de aprender a impor a nossa disciplina, explicando-lhe o que deve e não deve fazer, dando-lhe tempo sempre que necessário.
Faz sentido, mas às vezes não é lá muito fácil. Como aqui há dias, em plena Mexicana, quando dona princesa decidiu que não queria sentar-se no carrinho, que estava ali muito bem e que não lhe apetecia ir para a rua. Finalmente lá a consegui sentar, mas a birra foi de tal ordem, que até as senhoras de cabelo armado da avenida de Roma se deram ao trabalho de interromper as conversas para nos lançarem olhares reprovadores. Saí a empurrar o carrinho, a olhar firmemente em frente e a tentar não desatar a rir, com uma Madalena ofendidíssima mas resiganada.
Passada a birra, parecia um anjinho e aguentou estoicamente uma incursão pelas lojas da Guerra Junqueiro, sorridente, linda e maravilhosa como sempre.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Maria

Nasceu hoje ao início da manhã, ainda antes do sol nascer, pesa "mais de três quilos" e é "uma menina linda", segundo a mensagem que o papá nos mandou. Chama-se Maria e é a mais nova amiguinha da Madalena. Parabéns João e Margarida.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Prenda de casamento

"Pele. Quem foi que à tua pele conferiu esse papel de mais que tua pele ser pele da minha pele?"
David Mourão Ferreira

Gostei tanto, tanto, tanto...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

operação limpeza

Chão da cozinha pejado com os restos mortais de várias cabeças de alhos e cebolas laboriosamente retiradas do respectivo cesto. Autora do feito: dona Madalena.
Eu (em estado de choque só depensar em ter de andar de gatas a limpar aquela porcaria toda): E agora, quem limpa isto tudo, quem é?
Ela (sem a menor hesitação): Bebé.
E segue, toda lampeira, para o armário, de onde regressa de pá e vassoura em punho.

Não me livrei de andar de rabo para o ar, coisa que é cada vez mais complicada dada a dimensão da barriga, mas perdoei-lhe imediatamente...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Baixa

Até parece que foi de propósito: ontem à tarde tive tantas contracções que tive de me enfiar no sofá e não me mexer a ver se acalmava, porque às tantas já vinham de seis em seis minutos. Não foi suficiente, porque voltaram durante a noite, nessa altura já com umas dores à mistura, e cheguei a pensar se não deveria telefonar para a MAC a ver se me mandavam lá ir. Hoje estive melhor, provavelmente porque fiquei em casa e está cá a minha mãe, que não me deixou mexer uma palha.
Até parece que foi de propósito, porque hoje entrei de baixa e é quase certo que não voltarei ao trabalho até o Pedro nascer. Mas não foi uma decisão fácil, apesar de a Alice achar que era o melhor. Não foi fácil porque tinha imensas coisas penduradas no trabalho, porque vem aí o Orçamento do Estado e eu não vou estar lá, porque entretanto não vou escrever nada sobre o que há-de ou não vir no Orçamento do Estado e me vou roer a ver as manchetes, enfim, não foi fácil porque, por mais que diga que não, sou uma palerma viciada em trabalho e isto de ficar enfiada em casa sem me mexer não é propriamente muito aliciante.
O aumento das contracções sossegou-me a consciência pesada por ir ficar tanto tempo afastada da redacção, mas não afastou todas as dúvidas. Sei que daqui a uns dias acaba por me passar, porque também aconteceu assim na gravidez anterior, mas até lá ainda tenho de me convencer que foi mesmo a melhor decisão. Porque preciso de descansar, porque isso é o melhor para mim e para o bebé, mas também porque tenho de curtir esta gravidez (tens toda a razão, Rita), uma coisa que, perdida na espuma dos dias, não tenho conseguido fazer.
Pedro, querido, sou toda tua. Pelo menos até às quatro, que é quando a Madalena chega da escola. A partir daí, não há planos para descansar que resistam ao pequeno furacão.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Uma novidade todos os dias

Depois dos puzzles do Natal, que foram a grande paixão (obrigada tio Pedro, Bruno, Vanina e tia Sofia), só mesmo o carrinho do Nenuco, prenda dos papás. Na verdade não liga muito à boneca - prefere outra, pavorosa, que se ri quando se carrega algures na barriga - mas passa a vida a empurrar o carrinho para todo o lado e põe lá dentro as coisas mais inusitadas, desde o meu chá favorito, às pantufas dela, colheres, brinquedos vários e até já lá vi uma fralda que ela insistiu em trazer para colocar no lixo.
Por falar em lixo, digam lá que esta miuda não é esperta que se farta: pedi-lhe que fosse pôr no lixo um papel de embrulho velho e ela lá foi, muito determinada como sempre. Para o caixote do lixo? nada disso. Para o armário da cozinha, onde guardamos os sacos azuis para o papel que queremos mandar para reciclar. Quem lhe ensinou? Não sabemos. Mas babamos de orgulho, claro.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Cinema

"A Estrada", baseado no livro de Cormac McCarthy que lhe valeu o Pulitzer em 2007 e que andava a recusar-me a leu há uns tempos porque achava a história demasiado depressiva e por isso o melhor era adiar. A história é de facto depressiva, mas é também um violento murro no estômago, pouco aconselhável para quem anda de hormonas aos saltos e lágrima fácil. Valeu a pena, ainda assim. Não percam.

(obrigada, avó Graça. Vamos aproveitar mais vezes a hospitalidade para a Madalena, porque quando forem dois vai ser muito mais complicado.)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

32 semanas e uma ecografia

O rapaz anda perto dos dois quilos e há-de chegar aos 3,5 mais coisa menos coisa. Lá fomos novamente à ecografia, com o picuinhas dr. Amadeu, que bisbilhotou o mais possível, mediu, andou para a frente, andou para trás, e terminou com o melhor dos veredictos: está tudo bem com o rapaz.
Como está maior, já não se consegue perceber muito bem o que a eco vai mostrando e o dr. Amadeu, como se sabe não é apologista de modernices do género ecografias a três dimensões. Lá nos informou que o rapaz tem uma bela cabeleira e o nariz, esse não engana, é nariz da Chaminé, tal e qual o da mana.
Faltam dois meses para o termos cá fora, lindo e maravilhoso. Tanto tempo e tão pouco, digo eu, que gosto muito de o sentir aos pontapés na barriga, a mexer-se para um lado e para o outro, a responder imediatamente se resolvo comer um bocadito de chocolate ou alguma sobremesa mais doce. Tanto tempo e tão pouco...

lhena

"lhena?" Madalena, olhos muito abertos de quem pergunta, olha para a Ina que está na marquise a passar a ferro e encolhe os ombros como faz sempre que lhe falta uma resposta. Não é a Ina que é suposto estar ali, devia ser a Helena, que ela conhece desde que nasceu e que tomou conta dela enquanto os pais estavam a trabalhar. A Ina ela ainda não conhece e há ali qualquer coisa que não bate certo. Como ninguém lhe responde, vai-se embora, à vida dela, aos brinquedos novos do Natal que ainda a entusiasmam, mais o livro de histórias do "body" que o pai lhe comprou porque ela pediu e livros são coisas que não se recusam.

A Helena foi-se embora. Coisas lá da vida dela, que não vêm aqui ao caso. Tivémos de pôr novamente a rede de Leste em acção e acabámos por recrutar a Ina, que é ucraniana e ainda pouco hábil no português. Está à experiência e entretanto revezamo-nos para ficar com a Madalena e para a ir buscar à escola. Mas já estamos cheios de saudades da Helena. Nós e a bebé, pelos vistos...

domingo, 3 de janeiro de 2010

faltam 60 dias

Só 60 dias. Como é que estes meses voaram desta maneira? E como é que eu vou fazer para pôr cá fora este bebé?

O problema de filhos tão próximos um do outro é que ainda nos lembramos muito bem do parto anterior. Bem de mais...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

ano novo

Nada muda, como todos sabemos muito bem, só porque muda o ano no calendário, inauguramos agendas novas e o Verão vai ficando cada vez mais próximo. Nada muda, mas gostamos de fingir que sim, que daqui para a frente conseguimos grandes alterações nas nossas vidas. Por exemplo, vamos conseguir acordar sempre cedo e ir para a cama a horas decentes; vamos programar as refeições para nunca passarmos fome à noite quando chegamos tarde a casa e só há leite e torradas; vamos levar a Madalena à piscina todos os sábados em vez de ficarmos a dormir porque tivémos mais uma semana infernal. E vamos deixar de nos preocupar tanto com o trabalho, com o vício do trabalho, com as muitas, demasiadas, horas que passamos no trabalho. Vamos, pelo contrário, arranjar maneira de ter mais tempo para nós e para a bebé, para vermos finalmente as séries que gravamos no Meo e que se vão acumulando, para irmos até ao Algarve no fim-de-semana, para convidarmos amigos para jantar, para tratar da relva do jardim, para, simplesmente, irmos até à Costa ver o mar. Vamos conseguir, não vamos? Vamos, porque é ano novo, o tempo que aí vem é nosso, as agendas estão vazias (ou quase, que afinal vem mais um bebé a caminho) e nós estamos cheios de vontade. Ai que bom que vai ser...

Para memória futura: Passagem de ano calminha em casa da tia Maria Ana e um dia primeiro de Janeiro com a inevitável e pirosa ida até à Costa, para ver o mar. Como nós, meia Lisboa teve a mesma ideia e o paredão da Caparica mais parecia a Feira de Castro ao Domingo, mas nada nos desencorajou. Nem o frio nem o badagaio que ia dando à mamã e que obrigou a família a entrar no primeiro restaurante que apareceu para repôr as energias. Por acaso era o do Barbas, esse grande benfiquista, onde comemos uma bela açorda de gambas às quatro da tarde antes de voltarmos para casa e para a nossa lareira. Muito bom.