quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A minha própria filha

De manhã, mamã prepara-se para entrar no duche.

Pai, armado em engraçadinho - A mamã está redonda, já viste, filha?

Madalena, toda sorridente - Gôda

Mamã, em estado de choque - O quê, dona princesa??

Madalena, toda satisfeita com a gracinha - Gôda.

Mamã corre com os dois da casa de banho e vai deprimir-se para o chuveiro, a congeminar terriveis vinganças. Contra o papá claro.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pequena definição de paraiso

Dou-lhe o leitinho na cama, o pai levanta-se para tomar banho e nós lá ficamos as duas, agarradinhas, quentinhas, a mimar-nos uma à outra. Na barriga, o bebé acorda e diz bom dia.

Contingências

Aquela curvinha na anca, que o pai inveja sempre que tem de andar com ela ao colo durante algum tempo, desapareceu completamente. Estou basicamente direita e as únicas (a única) forma que me resta é mesmo para a frente, uma barriga que parece não parar de crescer, muito empinada e direitinha. "É um rapaz, de certeza", garanta-me o senhor da mercearia ali da Luciano Cordeito, do alto da sua sabedoria com mais de 70 anos. "É um rapaz, porque espetam as barrigas das mães e fazem-lhes a cara mais bonita. Além diso, por trás nem se nota que estão grávidas", conclui. Saio desta conversa improvável a pensar para onde ficará ele a olhar e firmemente decidida a evitar espreitar de lado para os reflexos das montras, que me devolvem uma autêntica baleia, um bocadinho maior a cada dia que passa.
Faltam 10 para o fim do prazo, mas o rapaz, depois das ameaças da semana passada, não parece disposto a sair de onde está. As contracções pararam completamente e, tirando o meu estômago lembrar-se disso de cinco em cinco minutos, quase conseguia esquecer-me que estou grávida. A verdade é que não tive praticamente nenhum daqueles sintomas chatos da gravidez, que não vou aqui enumerar para não enfastiar o estimado leitor, mas que incluem coisas interessantes como pernas inchadas e hemorroidal. Se não fossem os onze quilos a mais e o formato baleia, eu seria definitivamente uma grávida feliz.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ela sabe

Estamos as duas a ver baby-blogs no computador, sentadas no sofá e embrulhadas numa manta. Num deles, uma quase mamã colocou várias fotos da barriga e dona Madalena, muito espevitada, logo de dedinho em riste a fazer a legenda: "bebé, bebé". Aquilo é uma barriga com um bebé lá dentro. Como a da mamã, como a da tia Sofia, e não digam que ela não percebe, porque, obviamente, percebe e bem. É o meu orgulho, esta rapariga.
A grande expectativa é saber como receberá ela o bebé que, mais dia menos dia, há-de sair da barriga da mamã. No fim-de-semana tivémos a visita do Vasco e fiz um pequeno teste, com ele ao colo. Começou por correr para mim, mal se apercebeu, com aquele ar de "a mãe é minha, desanda já daí para fora", mas acabou por se distrair com uma brincadeira qualquer e encarar a coisa (quase) na desportiva. Desconfio que quando lhe aparecer um gaiato permenentemente cá em casa a monopolizar o colo da mamã, a reacção não será assim tão simpática...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tu controla-te, rapaz

Caiu-me o coração aos pés quando o enfermeiro, que por acaso era alentejano, me diz, com um ar muito tranquilo, tem aí umas contracções valentes, tem, vá lá para fora que já a chamamos novamente para ser vista pelo médico. Eu que só tinha ido à MAC para me encontrar com a Alice e ver se estava tudo em ordem, dou por mim sentada na sala do CTG, com uma forte probabilidade de estar quase a entrar em trabalho de parto. Não podia ser! Oh rapaz, tu controla-te que ainda só estás com 37 semanas, a mala não está devidamente pronta e não temos ainda em casa o kit para a recolha das células do cordão umbilical. Além disso eu tenho muitas coisas que quero deixar prontas antes de tu chegares e virares a vidinha familiar do avesso, portanto preciso de mais uns diazitos, ok? O rapaz ouviu-me e acalmou. As contracções continuam, mas mais espaçadas e eu voltei para casa, muito devagarinho, depois de ter sido "observada" por um médico sádico e por uma estagiária que repetia tudo o que ele fazia e que eu não vou aqui referir porque prefiro não me lembrar e poupar-vos os pormenores. Em suma, foi uma tarde muito bem passada, entre grávidas gravidérrimas à beira de parir, futuros pais a andarem de um lado para o outro à espera de serem chamados, avós à beira de um ataque de nervos e uma ou outra adolescente inconsciente que há uns meses achou desnecessário o uso do preservativo. A MAC tem uma fauna muito rica e, diga-se o que se disser do serviço nacional de saúde, não tenho razões de queixa e a possibilidade de ir para um hospital privado nem sequer se coloca.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

De amanhã não passa

Mala para a maternidade
(segundo o alto patrocínio da MAC e da Raquel)

para a mamã
duas ou três camisas de dormir
roupão
chinelos para o duche e para o quarto
roupa interior de algodão e/ou descartável
soutiens de amamentação e discos absorventes
toalha de banho e uma ou duas mais pequenas
artigos de higiene pessoal
roupa para sair da maternidade, não vão as calças de grávida cair pelo caminho

para o bebé
quatro mudas de roupa (para 0 meses e para 1 mês, que não se sabe qual será o tamanho do rapaz)
quatro fraldas de pano
toalha de banho
pente ou escova para o cabelo
tesoura para as unhas
fraldas descartáveis (12 a 18)
toalhetes
creme para a muda das fraldas
soro fisiológico
comprensas esterilizadas

Faz de conta...

... que vai às compras.Põe as bonecas ao molho no carrinho, diz "mamã, manhã, té logo", manda beijinhos e faz adeus, e lá vai ela, corredor fora. Vai comprar "chá", por isso daí a pouco está de volta, com um saco com os chás da mamã, toda satisfeita consigo própria. Depois brinca com as "bebés". Tira-lhes a roupa, limpa-lhes o cocó, põe creme, limpa com um toalhete que a seguir vai meticulosamente colocar no lixo. Outras vezes põe as meninas a dormir e tapa-as com a colecção de toalhas da casa de banho, que entretanto foi buscar e eu não tive coragem de lhe tirar. E fala ao telefone com a avó, diz "estou" e "vovo" e mais uma data de coisas que só ela sabe o que são. Assim brinca sózinha, ao faz de conta. E nós orgulhosíssimos da imaginação da nossa bebé de 20 meses, que aquilo são tudo coisas da cabeça dela e vê-la a brincar assim, sózinha, é uma verdadeira delícia.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Descompressão

Não há melhor do que uma ida ao cabeleireiro, com direito a massagem, corte e brushing para uma rapariga se sentir um bocadito melhor. Por isso lá fui. E fui radical. Se o homem cá de casa não der por nada, é sinal de que ficou exactamente como eu queria. A ver vamos.

(Actualização:
O homem cá de casa cumpriu. Notou que eu tinha menos cabelo (vá lá, que nem sempre aconteceu em anteriores cortes), mas passou-lhe ao lado a parte radical da coisa: o meu cabelo deixou de ser preto e está agora castanho, numa tentativa de se notarem menos os brancos que me atacam furiosamente. Aparentemente, fucionou...)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sem palavras

Uma das minhas amigas mais queridas está doente. Sentiu-se mal, foi ao hospital e já não saiu de lá. Quando soube quis telefonar-lhe imediatamente, jurar-lhe que vai correr tudo bem, que o pânico que há-de estar a sentir é muito natural, mas que tudo vai passar, que, como ela sempre me disse, nós somos as fortes, as que estão cá para tratar dos outros e que, portanto, nada nos pega. Não lhe telefonei, porque não se telefona às dez da noite para alguém que está no hospital, mas não consigo parar de pensar nela e, inevitavelmente, em todos os lugares comuns que nos assaltam quando o céu, de repente, nos cai assim em cima da cabeça. Não é coisa que me costume acontecer, mas desta vez fiquei sem palavras.