terça-feira, 28 de julho de 2009

Maratonista

E aos 14 meses e três dias, dona Madalena deu seis belíssimos passos sózinha, sem mãos de mamã ou de papá a segurá-la. Depois agarrou-se ao meu pescoço e, coitadinha, sofreu de imediato um violento ataque de beijinhos. Deve ter sido por isso que se recusou a repetir a façanha durante o resto da noite.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Geração do digital

A coisa já está nos genes. Ainda não foi estudada, mas qualquer dia há um cientista qualquer que publica um paper a garantir que é assim mesmo, que é mais uma fase da evolução humana que o senhor Darwin descreveu há 200 anos. Passo a explicar: dona Madalena há muito que brinca com o comando da televisão e sabe muito bem que se carregar nas teclas acontece qualquer coisa no ecrã; também descobriu já que o telefone serve para ouvir pessoas do outro lado, mas que antes é preciso carregar nos números, coisa que faz muito despachada usando apenas o polegar, tal e qual uma adolescente a mandar SMS para as amigas; e agora, qual cereja no topo do bolo, demos com ela de dedinho em riste, a deslizar no sitio do rato aqui do computador ao mesmo tempo que olhava, muito compenetrada para o ecrã, a ver o que é que acontecia. E é que era um dedinho tão lindo e tão eficiente, que ainda não sei como é que resistiu aos ataques furiosos de beijinhos dos dois papás babados. A gracinha, claro, já correu as redacções deste País...

domingo, 19 de julho de 2009

Mana Mada

Contei à mana, que, nos seus 13 meses, não se mostrou muito interessada na novidade. Ponho-me a pensar como reagirá ela quando chegar o bebé, como crescerão juntos, se serão amigos inseparáveis quando crescerem e a diferença de idades mal se notar.
Além da Madalena e das avós, só a Delduque e a Helena foram informadas. A primeira porque me apanhou num dia em que eu tinha de contar a alguém, a segunda porque quero que se vá habituando à ideia de que vou precisar ainda mais dela quando hover dois bebés cá em casa.
Dia 11 de Agosto há nova consulta com a Alice e vamos ver como está a crescer a nossa bolinha nadadora.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Avô

A primeira memória que tenho, de todas as minhas memórias de criança, é com o meu avô. Estamos no Monte, estou de mão dada com ele e na outra mão seguro uma cadeira pequenina de que gostava muito. Não me lembro de mais nada e nem tenho a certeza que esta seja uma memória real. Chamava-se Antero e morreu aos 78 anos, tinha eu 21 meses, pouco mais do que a Madalena tem agora. Por isso só sei dele o que me conta a minha mãe, que era um doce com a minha avó, a quem fez nove filhos, e que de vez em quando bebia uns copitos, quando vinha à vila montado na burra branca. Não há muitas fotografias, por isso o meu avô tem na minha cabeça um rosto que eu lhe criei, qualquer coisa entre os olhos da minha mãe e o sorriso do tio Manel da Horta. Era um velhote alentejano que eu nunca conheci, mas que vive ainda nesta minha primeira memória de criança.

Os avôs são preciosos, querida Madalena, mesmo quando já não andam por cá. Nós somos um bocadinho deles e as lembranças que nos deixam são também bocadinhos de nós, por isso devemos mante-las vivas. E, por isso também, eu e o papá vamos contar-te muitas coisas sobre o avô António, que agora tem uma árvore da casa da Várzea.

Já bate um coração

Parece um coração, ainda que sejam apenas duas placas de células. Bate como um coração e já se vê perfeitamente dentro do saco onde está a placenta. Está lá no meio e parece uma mão a abrir e a fechar, num sorriso para a mãe que olha, deslumbrada, para o ecrã da maquineta.
"Confirma-se, está aqui e já bate", anunciou a Alice, bruta como sempre, porque eram quase quatro da tarde e ainda tinha mais 19 clientes à espera. "Já lhe dei uma filha", lembra-me de vez em quando, e vem-me à memória a imagem dela a fazer-me festas na cara, enquanto a Madalena nascia, por isso desculpo-lhe, mais uma vez, a brusquidão.
Despediu-me com um "vá para casa e seja feliz, não arranje problemas", e eu fui, obediente, ter com a avó Fátima que me esperava lá fora e que soube da novidade enquanto desciamos no elevador. Ficou tão embasbacada que não lhe saiu uma palavra e só mais tarde é que se lembrou de me abraçar.
Foi um dia triste iluminado por esta boa notícia. O avô António havia de ter gostado de saber que vem mais uma benfiquista a caminho. Ou um, que estas certezas que eu tenho têm muito pouco fundamento científico.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ai!

Então não é que eu resolvo ficar grávida logo quando a famosa pandemia de gripe A começa realmente a dar sinais? E não é que a Madalena vai para a escola em Setembro? E não é que as grávidas e as crianças estão entre os grupos de risco? Ai, ai!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Dia zero (estou grávida novamente!)

A Alice confirmou aquilo que eu, lá no fundo, já sabia. Estou grávida. Novamente. Um ano e um mês depois de a Madalena ter nascido. Por enquanto é apenas um pontinho minusculo no meio da ecografia. Um saco, como lhe chamou a médica. Há-de evoluir nos próximos dias e daqui a uma semana lá vou, espreitar novamente o rebento. Por hoje saí com a receita de Folicil e a recomendação de não contar nada a ninguém, que é preciso esperar para ver.

Na primeira vez fiquei histérica, a rir que nem uma louca, feliz até às lágrimas a olhar para as duas risquinhas cor-de-rosa no teste de gravidez. Hoje as lágrimas voltaram a saltar-me aos olhos ao ver a bolinha nadadora, mas depois fiquei calma. Muito calma. Talvez porque agora já conheço o caminho, já não vou às cegas. Sei que as dificuldades existem, mas já as conheço. Estou feliz, e há-de correr tudo bem.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A menina dança?

Ai dança, dança. Muito. Ele é a Galinha Pintadinha, o Pintinho Amarelinho, o programa do Malato ou os anúncios do McDonald's. É só ouvir e começar a abanar o rabiosque, os bracinhos, a cabeça, cada música com a sua coreografia. Até dança quando paramos na passadeira, à espera que o sinal fique verde para os peões, e passa um carro com um daqueles senhores de boné que obriga o mundo inteiro a ouvir os seus horriveis batuques. Dança e não é esquisita com a música, o que aliás é uma coisa que ainda temos de afinar, porque já a vi a dançar ao som do Tony Careira, na festa dos santos ali no jardim do Campo de Sant'Ana. Mas não é grave, porque também se derrete toda com Bebo & Cigala ou com o Caetano Veloso.
Não sei a quem é que a rapariga sai dançarina, a mim não há-de ser, que sempre fui um pé de chumbo do pior, talvez ao pai, mas esse também tem outras qualidades que se notam mais, agora que ela adora dançar, isso sim, é verdade. E fica linda, como sempre.

sábado, 4 de julho de 2009

[15 de Junho] Cabanas


Gostou da areia, não gostou do mar. Achou que era muito barulhento e que, mesmo estando ao colo dos pais, nunca se sabia o que vinha dali. Além disso era muito frio. Não, a areia é bem melhor. E melhor ainda é a piscina das Pedras da Rainha, mais os meninos ingleses e alemães todos vermelhuscos que por lá andam. Ganhou umas braçadeiras novas e aventurou-se sózinha na piscina, a andar toda satisfeita atrás da bola, que ali nem precisava de segurar na mão de ninguém. Foi um orgulho muito grande e uma carga de trabalhos. Por outras palavras, acabaram-se as horas de leitura na praia ou na piscina sem pensar em mais nada a não ser nas conquilhas do jantar. Acabou-se o descanso, porque a rapariga quer é andar por todo o lado, toda satisfeita porque já se equilibra só com uma mão e há muitas coisas para explorar. Está imparável, o que faz supor que quando finalmente começar a andar aí então é que os pais estão tramados. E bem.