segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mas se calhar é o avô...

Desta vez, dona Mada não se amedrontou. Nem sequer se agarrou à saia da mãe, como no ano passado. Pelo contrário, recebeu o Pai Natal - e as prendas que ele lhe trouxe - de braços abertos e sorriso rasgado, observou com muita atenção e no fim ainda se despediu dele com um beijinho.
Pedrinho, esse manteve-se a uma distância prudente, ligeiramente escondido atrás do Rui, onde se refugiou mal a ilustre figura fez a sua aparição. Ainda assim, não se coibiu nada de estender o bracito quando lhe chegou a primeira prenda.
Já o Pai Natal, ainda não se sabe bem porquê, foi acometido de um tal ataque de riso, que se lhe embargou a voz e pouco ou nada foi capaz de dizer. De fato vermelho, óculos escuros, luvas e barba branca mal amanhada, lá distribuiu os presentes o melhor que conseguiu, recebeu um biscoito de agradecimento, mais um beijinho de dona princesa e, pouco tempo depois foi substituído pelo avô Manel que, logo por azar, quando ele chegou tinha ido a casa da prima Silvina.
Já esquecido da visita, Pedrinho mergulhou nos muitos presentes e dedicou-se, metodicamente, a rasgar embrulhos, os dele e os de toda a gente. Madalena também, mas ainda a remoer a visita do Pai Natal. Porque é que ele tinha uma fitas a segurar a barba?, insistia ela. Ora, aquilo não era nada, disfarçávamos nós. Era, era, eram fitas. Ficou um bocadinho a pensar e depois saiu-se com a frase deste Natal: Mas se calhar é o avô...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

De quem é que gostas mais?

"A Bela gosta muito do Monstro. E tu, qual é a pessoa de quem gostas mais?" A frase estava num livro novo que lemos à hora do jantar e, mal acabei de fazer a pergunta arrependi-me, que não gosto nada dessas coisas de colocar os miudos perante dilemas destes. Afinal não havia problema. Se por acaso ainda pensei que ela hesitasse entre o papá e a mamã, por exemplo, depressa me desenganei: "É do Mohamed", respondeu-me.

O Mohamed, para quem não sabe, é um coleguinha da escola, lindo que se farta, que a rapariga tem bom gosto.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

É Natal, é Natal, parte 2

E chegou finalmente o dia da festa de Natal da dona Princesa, que foi também o dia da sua estreia em palco. Na pele de um anjinho pintor estaria certamente nomeada para um óscar de melhor actriz, não se desse o caso de os senhores de Hollywood andarem tão distraídos. A classe, a simplicidade, a competência com as quais, com largos traços de pincel, se dedicou à tarefa de pintar o céu, deixaram a audiência em suspenso e a mãe num vale de lágrimas. A seguir houve música, bolinhos, prendas para os papás e a visita inesperada da Paula, que fez parte da equipa de educadoras da Mada desde o início e que este ano mudou para outra escola. No fim, quando voltávamos para casa, a nossa artista de palmo e meio, muito emocionada, confessou: "Mamã, sabes do que é que eu gostei mais da festa?" "Não, querida, o que foi?" "Foi a parte da Paula."

É Natal, é Natal

Camisola branca (comprada de manhã, à pressa, na loja dos senhores chineses, porque descobrimos que não havia nenhuma daquela cor que lhe servisse), calças de ganga, muito aprumadinho, senhor Pedro teve a sua primeira festa de Natal na escola e portou-se à altura do que exigiam os acontecimentos. Subiu ao palco com a mãe para pôr o burrinho no presépio, depois levou um dos Reis Magos com o pai, bateu palmas com a música e devorou bolinhos e sumo.
Já está integradíssimo na turma da professora Tina (de pé à esquerda na fotografia), com os novos colegas que nós ainda não conhecemos, e não se chateia nada quando o deixamos. Há dias andou à tareia com outro menino porque resolveu tirar-lhe a chucha e chegou a casa com uma marca de dentes na bochecha, mas feliz da vida e já esquecido do contratempo. Tudo normal, tudo dentro do melhor espírito natalício...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Fome, muita fome...

Gosto de tocar à campainha, para os ver aos dois, cabecinha fora da porta, a espreitar enquanto subo as escadas. Pedrinho é o mais entusiasta e brinda-me sempre com grandes abraços e sorrisos. Hoje, no entanto só tive direito aos sorrisos. Mal entrei tratou de me puxar para a cozinha, mais exactamente para o armário da cozinha, de onde começou a tirar o seu prato. Traduzindo a coisa por palavras, e já que ele mantém o seu restrito vocabulário que se resume a 'papá', o que ele queria dizer era: tenho fome, por isso despacha-te e ajuda-me a pôr a mesa. E eu ajudei. Levou um prato para ele, outro para a mana, depois os talheres, os copos, os guardanapos, e quando cheguei à sala de jantar, lá estava tudo arrumado, em frente ao lugar de cada um deles. E Pedrinho de pé, a olhar impaciente para mim, que me atrevera a não lhe levar imediatamente a sopa. Com birra pelo meio, de fúria contra a lentidão da mãe em servir o jantar, comeu rapidamente uma sopa gigante, bife com couscous e uma banana. Depois anunciou que queria ir brincar. E foi.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Avós

A passear em Castro no dia da Nossa Senhora da Conceição. Desta vez não falhámos e embora a procissão já não seja a mesma, os homens já não cantem à alentejana lá atrás e as pessoas sejam obrigadas a seguir em duas filas, muito ordenadas, foi bom estar cá neste dia. O papá, a trabalhar, só chega amanhã, mas já estamos com saudades dele.