quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma música

A minha brincadeira
Está na moda
Vai ser tão gira
A flor está a brilhar
As árvores são amigas das flores
Os telefones estão a tocar
E a nossa música acabou.


E agora outra música

As bonecas estão na moda
Porque são brincadeira
As bonecas estão na moda
Porque riem as bonecas?

A nossa música,
Porque é que tem ritmo?
Os óculos, já viram que estão a brilhar?
Ah, ah, ah
Ah, ah, ah

Quando vamos à praia
Sentimos o calor do fresco
Porquê, porquê?
O baton está na moda
A brilhar
As fadas estão a brilhar
No calor
Porquê, porque é que as fadas estão a brilhar no calor?

[Dona Madalena ditou e a Leonor escreveu. Temos veia poética ou não temos?]

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tudo a precisar de férias


Madalena chora que não quer ir à escola. Pedrinho chora que quer ir outra vez para “Pôto Santo paia gande”. Mamã conta todos os dias quanto tempo falta até às tão esperadas férias. Papá não diz nada, mas irrita-se com os stresses matinais e quando não conseguimos apanhar o porta-a-porta, coisa que nele é muito, muito rara.
E pronto, andamos nisto.

[Porto Santo Praia Grande, já lá vai um mês, soube-nos a pouco, que uma semana mal dá para desligar da corrente e quando damos por ela já estamos novamente a 200 à hora. Mas gostámos tanto que para o ano lá estaremos, assim os senhores da troika o permitam]

terça-feira, 16 de julho de 2013

Desconfio que elas, afinal, não existem

Palavra de honra que admiro aquelas mulheres que acordam às seis da manhã, vão ali às Docas correr uma hora, voltam para casa, mandam os miúdos para a escola e ainda conseguem chegar ao trabalho frescas que nem uma alface, maravilhosas e com a maquilhagem toda no lugar.
O que eu gostava de ser assim, eu que hoje até o protector solar me esqueci de pôr, e apesar de ter saltado da cama ainda não eram oito, só consegui pôr toda a gente na rua já quase às nove e meia, para uma correria até à escola, já todos em stress, porque hoje era dia de piscina e é suposto os miúdos estarem lá às nove e meia.
Começo a desconfiar que, ou eu sou muito lenta e tenho os miúdos mais difíceis do mundo - o que, manifestamente não corresponde à verdade -, ou as tais profissionais das corridas matinais e da maquilhagem perfeita não passam, afinal, de um mito urbano.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sonhos

Madalena, ar satisfeito, ainda a bocejar:
Mamã, tive um sonho mesmo bom. Como fomos à festa do Rui e eu depois sonhei que estava noutra festa, do avô Manel e agora vou fazer um desejo, que este sonho dure para sempre.

Pedro, quase em lágrimas, também acabado de acordar:
Mamã!!! Sonhei que o Porto ganhou…

domingo, 7 de julho de 2013

Era amor


Dona Mada:

Do que gostaste mais no dia de hoje, Madalena? Pergunta dificil para quem esteve em duas festas, primeiro com o Tiago, a Diana e a Maria, depois com o Francisco e o Miguel. O Tiago e o Francisco, com quem ela tanto gosta de brincar porque são crescidos e têm muitas ideias fantásticas, como ouvir música aos berros enquanto destruíam a cama da Liz ou esconderem-se no quarto mais escuro da casa da Laurinha a brincarem aos vampiros. Mada pensou, pensou, pensou, e lá se decidiu. Gostou mais de brincar aos vampiros. Porque sabes, mãe, a brincar aos vampiros era amor, ele dizia a minha amiga está doente e era amor e eu tinha um diamante especial e ele ficava contente e depois eu acordava e era amor.

Senhor Pedro

Digamos que por aqui o amor também andou no ar. A Diana tentou várias vezes ajudá-lo a puxar para cima os calções novos, que insistiam em lhe cair, e chegou a haver grandes corridas pela casa, com Pedrinho a tentar escapulir-se. Sem grande sucesso, refira-se, porque a Diana é uma rapariga determinada que sabe muito bem o que quer. Pode dizer-se, na verdade, que durante a tarde se registaram vários embates entre os dois, que culminaram com uma tentativa infrutífera dela de lhe dar um beijinho de despedida. Pedrinho recusou-se terminantemente e acabou refugiado nos braços da mamã, já em lágrimas, a explicar que não queria beijo nenhum e que a Diana tinha baba. Provavelmente daqui a uns anos será ela a mandá-lo dar uma volta, mas desta vez não houve mesmo nada a fazer, nem sequer os conselhos do pai sobre a forma como se devem tratar as raparigas. A comoção foi de tal ordem que exactamente cinco segundos depois de entrar no carro, Pedrinho tinha adormecido.


terça-feira, 2 de julho de 2013

Resgate? o que é isso?

Família no carro, logo de manhã, em contra-relógio para levar Pedrinho à terapia da fala. TSF em pano de fundo a dar as notícias das nove e dona Mada a olhar distraída pela janela e muito atenta à rádio, coisa que ainda não percebe muito bem como funciona, mas que a fascina completamente. No meio do silêncio da família ainda mal acabada de acordar, uma pergunta: "Resgate? O que é isso mamã?". Passei a pasta ao papá - o especialista na área - que lá se desenvencilhou o melhor que pôde e a aconselhou a não pensar muito no assunto. Afinal, quando ela tiver idade para se preocupar com a coisa, já o resgate financeiro a Portugal fará parte da história. Fará, não fará?