sábado, 13 de dezembro de 2008

efeméride

Há um ano soubémos que era uma menina. Ou, melhor, tivémos a confirmação, porque acho que sempre soube que era uma rapariga e que se ia chamar Madalena. Foi no dia da amniocintese, na MAC, com um médico que só dizia disparates e que insistia que o coraçãozinho da bebé, que nós viamos a bater no ecran, era a águia do Benfica. Recusei-me a olhar quando ele espetou a agulha gigante na minha barriga e concentrei-me para não respirar, para não tremer, para não me mexer, não fosse a agulha sair do sítio, e tive tanto medo que me doeu o coração. Há coisas que nos ficam na cabeça e este momento foi uma delas. O médico a falar na águia do Benfica, o Sérgio a agarrar-me na mão e eu imóvel, a gritar em silêncio que não podia tossir, apesar de andar com uma tosse desgraçada há mais de duas semanas. Depois viemos para casa, o Dum-dum a 20 à hora e a fugir dos buracos, e eu direitinha para a cama, a assistir na televisão à assinatura do Tratado de Lisboa, nos Jerónimos. O telefonema com o resultado do exame só chegou no início de Janeiro, num dia de manhã, estava eu no duche quando o Sérgio me foi dizer que estava tudo bem com a nossa pequena maravilha. Com a nossa Madalena.

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