quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pedrinho, o provocador

Está na fase das provocações. Dizemos-lhe que não, que não pode, e ele olha-nos pelo canto do olho e faz o que bem lhe apetece, com um sorrizinho maroto na cara. Quase sempre finjo que não vejo, ou olho para o outro lado, a fugir à provocação, que isto de estar sempre a dizer que não acaba por banalizar a coisa. Às vezes, porém, lá tem de ser e hoje levou mesmo um piparote na mão porque insistia em mexer na porta do forno, onde eu tinha acabado de enfiar um bolo. Fiquei à espera que desatasse no berreiro do costume, mas não. O rapaz ficou ofendido. E a soluçar baixinho. O queixo a tremer, as lágrimas a escorrerem-lhe à cara abaixo, mas nem um pio, só um olhar zangado e tão infeliz, tão infeliz, que me deu uma dorzinha no peito e tive de o mimar até mais não. Passou-lhe o choro, mas também não voltou a tocar no fogão. E eu lembrei-me das descrições que a avó Gracinha faz do pai dele bebé, que se escondia atrás do sofá para ninguém o ver chorar.

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