domingo, 2 de novembro de 2008

de faca e garfo



Uma batata, uma cenoura, um quarto de cebola, uma colher de arroz e um fiozinho de azeite. Colocam-se os ingredientes numa panela com água, vão ao lume a cozer em lume brando e depois passam-se muito bem passados com a varinha mágica, até se obter um creme aveludado, um bocadito sem sal, é um facto, mas com excelente aspecto e textura. Dona princesa, vá-se lá saber porquê, detestou. Franziu-se toda, fez várias caretas de protesto e tratou de cuspir tudinho para fora. Tambem não achou grande graça à pera cozida, igualmente aveludada, que lhe démos de sobremesa e acho que ficou ligeiramente ofendida com as nossas gargalhadas, mas a verdade é que estava deliciosa e irresistível. No fim de tão grande provação, depois de vários gritos de aborrecimento, foi premiada com uma maminha e lá acalmou os meus ciumes, eu que me sentia tão feliz e a mesmo tempo tão apreensiva com este passo da minha filha em direcção à independência. E no entanto, sei bem que é um caminho que não tem volta, que quero muito que aconteça e que, ao mesmo tempo, quero retardar o mais possível, tão bom que é te-la assim, coladinha a mim, a tomar as suas refeições de leitinho da mamã.

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