quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Aos papéis

A nossa Inna já está legal. Chegou hoje de manhã, depois de mais uma maratona no SEF, feliz, feliz, cara rosada, olhos a dar para a lágrima, a sorrir porque finalmente poderá ir à Ucrânia visitar a filha que já não vê há mais de um ano.

A autorização de residência, os papéis, como ela diz, custou-lhe 783 euros e muitas maratonas em serviços públicos, da Segurança Social às Finanças, do arquivo de identificação ao SEF das Portas de Benfica, um lugar indizível, frio como tudo e cheio de gente em sofrimento. Vêm de todo o lado, da Europa de Leste, da Índia, do Paquistão, do Brasil, de África e mendigam um documento milagroso num local cheio de funcionários mal encarados e antipáticos, que têm na mão as vidas deles. E suponho que também estão em sofrimento, porque ninguém pode ser feliz a trabalhar num sítio daqueles, que de Inverno é um congelador e de Verão se enche de moscas e cheiro a esgotos.

A Inna pagou, para se legalizar, bastante mais do que ganha num mês. E daqui a um ano terá de repetir a dose. Se passa por tudo isto para ficar por cá, nem imagino como será o seu país. Nós, com os nossos brandos costumes, nunca nos passa pela cabeça o que sofrem para ficar. E não sabemos que há lugares como o SEF das Portas de Benfica.

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