sábado, 27 de março de 2010

Ainda a MAC

Foram os primeiros amiguinhos do Pedro: Nicole, Kiara, Maria, João e mais dois rapazinhos de quem nunca soube os nomes, um porque se foi logo embora, outro porque a mãe não era lá muito comunicativa. Era a única, aliás, porque aqueles três dias na enfermaria 205, primeiro andar da Maternidade Alfredo da Costa, deram para fazer grandes amizades, daquelas que terminam mal temos alta e vimos para casa, mas que enquanto duram nos enchem a alma. Aquilo ali é solidariedade em estado puro, olhamos pelas crias umas das outras quando é preciso, emprestamos fraldas e dodots, trocamos conselhos e dicas sobre banho, cólicas e mais 520 outras coisas que apavoram quem se vê a braços com uma criaturinha tão frágil e tão dependente. Não importa se a mãe da Kiara é cigana e a da Maria é chiquérrima e dona de um caríssimo conjunto de malas Louis Vouitton. É irrelevante que a mãe da Nicole também seja cigana e a do João, com grande desgosto da própria, se chame Cátia Vanessa e implore a toda a gente que se esqueça do Vanessa. Isso são pormenores, porque ali estamos todas no mesmo barco e quando damos por nós já somos grandes amigas, unidas por uma causa comum, que são os nossos rebentos.
Fernanda, Cassandra, Alexandra, Cátia, as mães, é quase certo que nunca mais verei nenhuma delas, mas aprendi qualquer coisa com todas e não trocaria os três dias na MAC por nenhum quarto só para mim, num qualquer hospital privado.

4 comentários:

graça anibal disse...

Que texto lindo!

Um beijo
Graça

Unknown disse...

linda, tu tens as palavras certas,é mesmo assim.
gosto mto de ti.
Carla

Alexandra A. disse...

Um texto belíssimo, Filomena...
Que me fez pensar porque é que, há 14 anos, a minha experiência na mesma MAC foi tão diferente.

Não se criaram laços de pertilha e solidariedade entre as 7 ocupantes do meu quarto/enfermaria. A não ser entre mim e a minha companheira do lado, mulher de origem africana que ia no 5º rebento, que se compadeceu da mãe recém-estreada a quem as enfermeiras espicaçavam constantemente por não ter leite suficiente para "calar" a bébé. "Ela tem é fome, vá lá buscar o biberon. Vá lá, não lhes ligue". E eu ia, entrava no gabinete onde elas estavam (e de onde partiam repetidamente para repreender as mães - nunca senti que estivessem lá para nos ajudar) e ia buscar, a medo, o biberon. Ouvia umas "bocas" (por não conseguir amamentar...) e vinha para ao pé da minha companheira dar o biberon à Catarina.

Tenho a sensação que a hostilidade das (à época) enfermeiras da MAC, pela idade claramente da "velha guarda", inibiu o estabelecimento de um ambiente de entre-ajuda, entre aquelas 7 mulheres, tão diferentes. Porque cada uma se defendia, como podia, das frases cortantes, isolando-se com o seu bébé.

Para mim foi uma experiência desconcertante, numa fase em que não podia estar mais feliz,e em que, também por isso, estava aberta a todo o tipo de entre-ajuda e solidariedade.

Mas ainda bem que contigo foi diferente. Estes momentos únicos e inesquecíveis dos 1ºs dias dos nossos bébés deviam ser obrigatoriamente MUITO BONS!

Beijos grandes da cunhada

Unknown disse...

Boa!!!!
É por isso que à terceira, volto ao público, eheheheheh!!!!!
Rita