Foram os primeiros amiguinhos do Pedro: Nicole, Kiara, Maria, João e mais dois rapazinhos de quem nunca soube os nomes, um porque se foi logo embora, outro porque a mãe não era lá muito comunicativa. Era a única, aliás, porque aqueles três dias na enfermaria 205, primeiro andar da Maternidade Alfredo da Costa, deram para fazer grandes amizades, daquelas que terminam mal temos alta e vimos para casa, mas que enquanto duram nos enchem a alma. Aquilo ali é solidariedade em estado puro, olhamos pelas crias umas das outras quando é preciso, emprestamos fraldas e dodots, trocamos conselhos e dicas sobre banho, cólicas e mais 520 outras coisas que apavoram quem se vê a braços com uma criaturinha tão frágil e tão dependente. Não importa se a mãe da Kiara é cigana e a da Maria é chiquérrima e dona de um caríssimo conjunto de malas Louis Vouitton. É irrelevante que a mãe da Nicole também seja cigana e a do João, com grande desgosto da própria, se chame Cátia Vanessa e implore a toda a gente que se esqueça do Vanessa. Isso são pormenores, porque ali estamos todas no mesmo barco e quando damos por nós já somos grandes amigas, unidas por uma causa comum, que são os nossos rebentos.
Fernanda, Cassandra, Alexandra, Cátia, as mães, é quase certo que nunca mais verei nenhuma delas, mas aprendi qualquer coisa com todas e não trocaria os três dias na MAC por nenhum quarto só para mim, num qualquer hospital privado.
4 comentários:
Que texto lindo!
Um beijo
Graça
linda, tu tens as palavras certas,é mesmo assim.
gosto mto de ti.
Carla
Um texto belíssimo, Filomena...
Que me fez pensar porque é que, há 14 anos, a minha experiência na mesma MAC foi tão diferente.
Não se criaram laços de pertilha e solidariedade entre as 7 ocupantes do meu quarto/enfermaria. A não ser entre mim e a minha companheira do lado, mulher de origem africana que ia no 5º rebento, que se compadeceu da mãe recém-estreada a quem as enfermeiras espicaçavam constantemente por não ter leite suficiente para "calar" a bébé. "Ela tem é fome, vá lá buscar o biberon. Vá lá, não lhes ligue". E eu ia, entrava no gabinete onde elas estavam (e de onde partiam repetidamente para repreender as mães - nunca senti que estivessem lá para nos ajudar) e ia buscar, a medo, o biberon. Ouvia umas "bocas" (por não conseguir amamentar...) e vinha para ao pé da minha companheira dar o biberon à Catarina.
Tenho a sensação que a hostilidade das (à época) enfermeiras da MAC, pela idade claramente da "velha guarda", inibiu o estabelecimento de um ambiente de entre-ajuda, entre aquelas 7 mulheres, tão diferentes. Porque cada uma se defendia, como podia, das frases cortantes, isolando-se com o seu bébé.
Para mim foi uma experiência desconcertante, numa fase em que não podia estar mais feliz,e em que, também por isso, estava aberta a todo o tipo de entre-ajuda e solidariedade.
Mas ainda bem que contigo foi diferente. Estes momentos únicos e inesquecíveis dos 1ºs dias dos nossos bébés deviam ser obrigatoriamente MUITO BONS!
Beijos grandes da cunhada
Boa!!!!
É por isso que à terceira, volto ao público, eheheheheh!!!!!
Rita
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