segunda-feira, 30 de maio de 2011

Três anos

Foi uma festa de aniversário a três tempos. Começou com o avô a fazer sardinhas assadas para o almoço no jardim, continuou pela tarde com um lanche para as amigas e prolongou-se até à noite, com um jantar para os amigos do Alentejo.
Dona Mada esteve radiante, no seu vestido "muito branquinho branquinho" criação da mamã e, já me garantiu, teve a melhor festa de anos da sua vida, tal e qual como o Ruca no livro com a história do aniversário. Não ganhou um dinossauro, mas, pasme-se, teve direito à sua primeira Barbie (responsabilidade da Madrinha) e a uma nova amiga, a Rosinha, que já foi hoje com ela para a escola. Também ganhou vestidos giros, giros, um pijama que agora não larga nem por nada, baldes para levar para a praia, um puzzle novo que fez com o papá em poucos minutos, dois serviços de chá musicais e mais roupa, mais brinquedos e mais mimos, muitos, muitos mimos e muita atenção, que, afinal, não é todos os dias que se faz três anos.
Ai que orgulho, que orgulho...

Teimosa, eu?

Dona Princesa tem o hábito delicioso de vir sozinha até à cama dos pais quando acorda de manhã. Peço-lhe sempre que entre e feche a porta, para o Pedro não acordar, mas hoje não lhe apeteceu. Nem foi por nenhuma razão em particular, apenas não lhe apeteceu, nem sequer quando lhe pedi que voltasse atrás para fechar a porta. Ficou ali, de pé, a barafustar, depois a choramingar, depois a chorar baba e ranho, e eu às tantas já cheia de pena dela, mas a tentar não ceder perante tamanha teimosia. Até que, perante a evidência de que o Pedrinho ia mesmo acordar, lhe disse que então íamos as duas fechar a porta. Saí da cama, com toda a paciência, agarrei-lhe na mão, levei-a até à porta, mas nem mesmo assim ela se resolveu a fechá-la.
Se isto é assim agora, que dirá quando tiver 15 anos? Ai valha-me Deus...

domingo, 22 de maio de 2011

Piscina

À falta de praia, que neste fim de semana o papá está de plantão, colocámos a piscina no jardim a substituir o banho do fim do dia. Dona Mada e Senhor Pedro adoraram a coisa, brincaram até mais não poder, ela pôs-lhe champô a ele, ele molhou-a a ela, riram que nem uns perdidos e eu com eles e a Dona Helena a assistir, da varanda do primeiro andar.
Houve choros na hora de sair, mas lá os convenci e quando já estavam os dois sequinhos e vestidos, tive a infeliz ideia de ir também mudar de roupa. Foram dois minutinhos, talvez três, o suficiente para o Pedro conseguir ir novamente para o quintal e eu ir dar com ele, todo satisfeito da vida, de novo enfiado na piscina, desta vez com a farpela completa. A Dona Helena, da sua varanda, apreciava a coisa e aplaudia.

domingo, 15 de maio de 2011

Praia

Foi o primeiro dia de praia do ano (cá em casa estas datas são sempre comemoradas) e o primeiro em que senhor Pedro pôs a pernoca na praia e gatinhou para todo o lado. No fim, em vez de um bebé, trouxemos para o carro um pequeno croquete, que mal se sentou na cadeirinha adormeceu. Enquanto estivemos na praia, nenhum dos progenitores teve licença para se sentar, rebolou várias vezes na areia, gatinhou por todo o lado, inclusive sobre as toalhas dos pobres vizinhos que nos calharam em sorte, e obrigou o pai a ficar tempos e tempos com ele na beira do mar, de pé na água, qual irredutível marinheiro que observa o oceano.
No meio de tudo isto, ainda arranjou tempo para comer qualquer coisita e infernizar a vida a Dona Princesa, que aterrou na toalha, debaixo do chapéu de sol, e se recusou a sair dali, não fosse distrair-se e aproximar-se demasiado do mar.
Quanto a nós, papá e mamã, esquecemo-nos completamente de colocar protector solar (já lá foi o tempo em que havia disponibilidade para esses luxos) e não tivemos grande tempo para comer e menos ainda para pegar nos livros que ingenuamente levámos (na verdade foi só um e quem o levou fui eu, vá-se lá saber porquê).
No final, exaustos e felizes, retirámos grandes ensinamentos destas duas horitas de praia:

1. nunca esquecer de encher os miúdos de protector antes de sair de casa. Lá torna-se impossível, sobretudo no caso do Pedrinho;
2. levar dois baldes, um para cada um, para evitar os chamados dramas da coxinha, que tanta lágrima fazem escorrer;
3. deixar em casa livros, jornais e outros que tais, que voltam exactamente como foram.
4. acordar mais vezes às sete e meia da matina e ir para o sol da Caparica, que isto com eles é bom que se farta;
5. não marcar nada para esses dias à tarde, pelar razões óbvias.





quinta-feira, 12 de maio de 2011

Perfeito raciocínio matemático.

- A mamã tem dois tesouros, diz-lhe o papá.
- Eu sou uma tesoura, corrige-o ela.
- E a minha mãe, quantos tesouros tem?
Pensa um bocadinho, pouco, e responde: - três.
- E a avó Fatinha, quantos tem?
- Tem dois.
- O Einstein fazia isto com três anos, fazia? aposto que não, conclui o pai, a escorrer orgulho por todos os lados.

Miminhos

Faz festinhas à mamã, dá beijinhos muito molhados, com a boca toda aberta, encosta a cabeça no meu ombro e de manhã, depois do leite, volta a adormecer agarrado a mim por mais um bocado. Em suma, é só miminhos para a sua mamã, o meu maravilhoso.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Roupas usadas, parte dois

A N. tem 24 anos, duas filhas com um mês que choram muito, veio de Cabo Verde para estudar, mas teve de parar porque engravidou, tem um companheiro desempregado e vive algures ali para os lados de Loures. Tem também um belo sorriso, de rapariga corajosa e, ao mesmo tempo, de miúda, porque é exactamente isso que ela é. Veio a Lisboa num pé e voltou para casa no outro, porque deixou as filhas ao cuidado de uma vizinha. Não tinha ligado antes porque não tinha podido, porque os dias com as gémeas não são fáceis. Não quis lanchar, tinha mesmo de se ir embora, e no fim disse que era muito bom, que pelo menos nos próximos tempos não teria de gastar dinheiro em roupas, e que no Verão havíamos de nos encontrar para ela me trazer umas fotografias da Ângela e da Solângela. Hei-de gostar de as ver com as roupinhas de bebé da Madalena.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Uma pérola por dia # 12

- Mamã, não te vás embora, fica aqui a dormir comigo.
- Tenho de ir dormir para a minha caminha. E tu ficas na tua, está bem?
- Não, mamã. As mães que gostam dos filhos, ficam a dormir com os filhos...

(Não fiquei, mas a vontade que eu tinha era de a abraçar com muita força e conseguir parar o tempo durante um bocadinho. O que significa que a rapariga já domina perfeitamente a arte da manipulação. Estamos bem arranjados, estamos...)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Independência

Aos 14 meses e uns pózinhos, senhor Pedro decidiu que sim, que até lhe apetece comer umas coisas diferentes de sopa, mesmo que isso implique mastigar, mas só o faz pela própria mão. Dêem-lhe uma colher, ponham-lhe um prato à frente, e é um rapaz feliz. Leva que tempos naquilo, muito satisfeito com ele próprio, e recusa terminantemente qualquer ajuda. O que não vai parar à boca ou ao babete vai-se acumulando no chão, à volta da cadeira, o que é muito apreciado pelo Calvin, sobretudo quando é peixe, como hoje.
Já a mana, essa recusa-se é a comer sozinha, coisa que na escola faz na perfeição. E, segundo conta a Susana, até se gaba das mordomias que a mamã lhe permite. Um dia destes ainda se deixou entusiasmar pelo Pedro, que de vez em quando também insiste em beber o biberão sozinho, mas foi mesmo só uma vez. Ajuda, mãe, ajuda mãe, e pronto, não há nada a fazer. É a minha bebé. Eu às vezes quase que me esqueço, mas ela ainda é uma bebé.