terça-feira, 20 de março de 2012

Momento literário


Há uns anos o António Henriques ofereceu-me um livro. Foi uma prenda de aniversário inesperada, porque não tínhamos o hábito de oferecer presentes um ao outro, mas ele tinha acabado de ler o livro e estava tão entusiasmado que lhe deve ter apetecido partilhá-lo. Era uma história qualquer passada no antigo Oeste, uma escrita tão densa que não passei das primeiras duas páginas e arrumei o livro na estante.
Há uns dias recuperei-o quando, ao acaso, procurava qualquer coisa de novo para ler, e vou neste momento na página 72. Eu, que normalmente adormeço ao fim de dois parágrafos, estou a conseguir ler várias páginas antes de me render ao cansaço; leio no metro e quase me esqueço de sair na paragem; leio na mesa à hora do almoço e vou lá para fora apanhar sol e ler enquanto os outros vão ao café.
Estou deslumbrada com o livro e com a escrita do livro como há muito não me acontecia. Chama-se Meridiano de Sangue e o autor é Carmac McCarthy, um senhor que já ganhou um Pulitzer e que há quem diga que é o maior escritor americano vivo. Eu, que nem gosto muito de histórias do velho Oeste, muito menos cheias de violência, estou tentada em concordar.



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