sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Conto da Pega

Era uma vez duas comadres que andavam brincando, uma Pega e uma Raposa. Mas a Raposa
rasgou o papo à Pega, esta ficou zangada e disse-lhe: agora tens que me coser o papo.
Responde a Raposa mas como? Se não tenho linha?!
Diz a Pega vai pedir à Égua que te dê uma seda do rabo e assim já tens linha.
A raposa lá foi: pediu à Égua que lhe desse uma seda para coser o papo à comadre Pega, responde a Égua Então dá-me erva, a Raposa Foi pedir ao Vale, Vale dá-me erva para eu dar à Égua. Para a Égua dar uma seda para eu coser o papo à comadre Pega, responde o Vale: então dá-me água: a Raposa foi pedir à Núvem, Núvem dá-me água, para eu dar ao Vale, para o Vale me dar erva para eu dar à Égua, para a Égua me dar uma seda para eu coser o papo à comadre Pega. Responde a Núvem: então dá-me uma borrega. A Raposa foi pedir ao Moiral, Moiral dá-me uma borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar agua, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega. Responde o Moiral: então dá-me um cão, a Raposa foi pedir à Cadela, Cadela dá-me um cão, para eu dar ao Moiral, para o Moiral dar uma Borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar água, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega. Responde a Cadela: então dá-me um pão. Foi pedir à Padeira, Padeira dá-me um pão, para eu dar à Cadela, para a Cadela dar um cão, para eu dar ao Moiral, para o Moiral dar uma borrega, para eu dar à Núvem, para a Núvem dar água, para eu dar ao Vale, para o Vale dar erva, para eu dar à Égua, para a Égua dar uma seda, para eu coser o papo à comadre Pega.
A Padeira foi sua amiga: deu-lhe o pão, doi dá-lo à Cadela, a Cadela deu-lhe o cão, foi dá-lo ao Moiral, o Moiral deu-lhe a borrega, foi dá-la à Nuvem, a Nuvem deu-lhe água foi dá-la ao Vale, o Vale deu-lhe erva, foi dá-la à Égua, a Égua deu-lhe a seda e ela foi coser o papo à comadre Pega.

(Contribuição da avó Fátima, que costumava contar esta história à mamã e agora o rebuscou na memória com a ajuda do avô Manuel. É o conto que a Madalena anda a ouvir nos dias em que acha que ainda é cedo para ir dormir. Fica muito quietinha, ouve a lenga-lenga do princípio ao fim, e depois vai calmamente para a cama, sem qualquer protesto. O mano, na barriga, também já se vai habituando. Espero eu...)

2 comentários:

graça anibal disse...

Pois é, essa deve ser a versão alentejana. A da avó Graça é com uma formiga que ficou com o pé preso na neve. Mas a da avó Fátima é mais curiosa porque tem termos regionais que a Madalena vai orgulhar-se de conhecer porque fazem toda a diferença.
Um beijo

mena disse...

sendo assim, queremos também a colaboração da avó graça. quando puder, mande lá a histíria da formiguinha, está bem? :)
beijinhos